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Numa rua meio escondida na Bica, o Água Pela Barba tornou-se local de romaria desde o início, revelando-se pequeno para a procura, especialmente para aqueles que habitualmente deixam as reservas para o próprio dia. Cansado de dar negas, João Alves fez crescer o restaurante com uma nova casa, num novo bairro. O Água Pela Barba abriu em Campo de Ourique sem grandes invenções: a carta é praticamente a mesma e o espaço mantém o ar rústico, embora mais sofisticado, e as referências à pesca e aos pescadores.
“Eu já tinha andado há alguns anos à procura de um espaço aqui em Campo de Ourique, só que não surgia. Ou a loja não se adaptava àquilo que queríamos ou os valores estavam completamente extrapolados. E, do nada, no ano passado, através de uma pessoa amiga, apareceu este sítio. Vim cá e adorei”, começa por contar João Alves.
O restaurante, aberto há um mês, nasceu no lugar do antigo LouQura e manteve grande parte da funcionalidade do espaço, apesar de lhe ter dado uma renovação, assinada pela arquitecta Inês Moura, responsável por projectos como o Provincia, nas Avenidas Novas, ou o Teimar, não muito longe deste Água pela Barba. “Mudámos a decoração toda, mudámos as cores. Não partimos paredes, não dava para mudar muito, mas está diferente. Quem conheceu o LouQura notará que está bastante diferente e nota-se que a nossa marca também está aqui um bocadinho estampada”, explica o empresário, que chegou ainda a abrir o Season, onde hoje fica o Bar Alimentar do chef João Magalhães Correia. “É por ter passado o Season que existe este restaurante”, revela. “Estava com muita coisa nos meus ombros e o Season tinha sido o maior desafio profissional. Foi quase aquelas resoluções de final do ano em que decidi que para ter este espaço em Campo de Ourique, tinha que me libertar de alguma coisa.”
O Season passou assim para as mãos de João Magalhães Correia, que abriu em Abril o Bar Alimentar, e João Alves apostou no Água Pela Barba. “As coisas acontecem-nos muitas vezes, não quando queremos, mas quando tem que ser, no tempo certo. Acho que aqui foi um bocadinho isso. Eu quis, fui atrás, não consegui e depois no tempo certo apareceu”, continua. “E o João [chef] continua connosco, está no projecto do Água Pela Barba desde que comecei e neste momento veio para cá e esteve cá connosco também a formar a equipa, a preparar as coisas como elas devem ser feitas logo desde o início para que a equipa fique completamente alinhada.”
A carta é exactamente a mesma na Bica e em Campo de Ourique, com excepção para os rissóis de peixe (4,50€/unidade) e o risotto de lingueirão (23€), disponíveis apenas na casa nova. “E na Bica temos o hot dog de camarão e o arroz de berbigão. Não quisemos neste início arriscar muito porque a equipa é nova. Quisemos dar aquilo que as pessoas procuram, os pratos mais icónicos”, justifica João Alves, dando como exemplo o ceviche de pampo e salmão (12,50€), os tacos de peixe cru e de peixe frito (12€), o bao de sapateira (14€) ou a burrata com camarão (15€). Nos pratos maiores, que podem ainda assim ser partilhados, a quinoa malandrinha de tomate com filetes de peixe branco (17€) e o risotto de açafrão com camarão (22€) continuam a destacar-se.
“Estamos a ter uma recepção muito boa, está a ser muito bom”, constata João Alves, à medida que uma ou outra pessoa entra no restaurante timidamente para espreitar a novidade do bairro e deixa uma mesa reservada para depois. “É muito engraçado, aqui em Campo de Ourique as pessoas vivem muito o bairro. Estamos a sentir que as pessoas estão muito curiosas”, continua com a alegria de ter multiplicado os lugares, reduzindo assim a possibilidade de negar mesas. “Como o espaço na Bica é tão pequeno, acabamos por não conseguir receber as pessoas que no dia ligam a reservar uma mesa e existia sempre essa questão, mas é tão pequenino o restaurante que é normal que isso aconteça”, diz, recordando que houvesse quem acabasse por ficar melindrado. “Esta nova morada permite-nos também dar essa possibilidade. Agora, há duas opções. Se na Bica não há lugares, temos em Campo de Ourique, caso Campo de Ourique não tenha espaço, conseguimos alocar para a Bica.”
Por agora, não há mais restaurantes na manga, garante o empresário, sem negar a vontade, ainda assim, de fazer crescer a marca. “Temos ideias de criar a nossa marca de roupa porque temos muitas pessoas interessadas, por exemplo, nas fardas que o staff usa. Vamos alavancar muito essa parte do merchandising e, se calhar, até ao final do ano fazemos um vinho da nossa marca. Acho que dentro do projecto Água pela Barba temos muito para crescer.”
Rua Coelho da Rocha 110 A B (Campo de Ourique). 935 244 842. Seg-Sáb 12.30-15.00/19.00-01.30, Dom 12.30-16.00