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Depois de Annette Bening mergulhar na história de Diana Nyad, no filme biográfico Nyad (Netflix) que acompanha a jornada que aos 64 anos a levou a vencer, a nado e sem jaula, a distância marítima de 177 quilómetros entre Cuba e a Flórida, também a actriz Daisy Riley (a Rey dos Episódios XII, XVIII e IX de Star Wars) encarna uma outra nadadora que ficou para a história. Mas em vez de recuar pouco mais de uma década, A Jovem e o Mar é uma história que tem o seu ponto alto em 1926. Nesse ano, Gertrude "Trudy" Ederle tornou-se a primeira mulher a atravessar o Canal da Mancha a nado, percorrendo 26 quilómetros entre França e Inglaterra, com apenas 20 anos de idade. A Jovem e o Mar conta o que a levou até aí e estreia a 19 de Julho, no Disney+.
A Jovem e o Mar é uma adaptação do livro Young Woman and the Sea: How Trudy Ederle Conquered the English Channel and Inspired the World, de Glenn Stout, e uma produção de Jerry Bruckheimer, um dos grandes produtores de Hollywood. Há quem lhe chame o “Sr. Blockbuster”, muito por culpa de ter tido nas suas mãos a produção de franquias como O Caça Polícias, Piratas das Caraíbas, Top Gun, Bad Boys ou as séries CSI: Crime Sob Investigação. Neste novo filme, que conta com o selo Walt Disney, a realização está a cargo de Joachim Rønning, cujo Kon Tiki – A Viagem Impossível (2012) esteve nomeado aos Óscares na categoria de Melhor Filme Internacional; o norueguês têm ainda no portfólio títulos como Malévola (2019) ou Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias (2017).
Numa conferência de imprensa virtual em que a Time Out esteve presente, Jerry Bruckheimer recordou a génese deste filme: “O argumentista Jeff Nathanson [...] estava à procura de algo para as suas filhas lerem, e não conseguia encontrar nada. Então foi a uma livraria e encontrou um livro chamado Young Woman and the Sea, achou que era uma óptima história inspiradora, trouxe-o para nós e adorámos”. Desde então, passaram nove anos entre a escrita do guião e a negociação entre “vários estúdios” até chegarem a um orçamento final. “Mas foi uma longa viagem, como a maioria delas são. Isto não é invulgar”, explica o produtor.
“Não havia nenhum fato de mergulho”
A rodagem teve lugar na Bulgária entre Abril e Junho de 2022, entre os estúdios Nu Boyana, em Sófia, e a praia Pasha Dere, em Varna, para as cenas exteriores e marítimas. E foi mesmo em águas abertas que Daisy Riley fez as cenas da grande travessia. Para se preparar, contou com a ajuda da medalhista olímpica Siobhan-Marie O'Connor. À Time Out, a actriz revela os meandros desse treino diário que a ocupou por uns bons meses. E em que forma se encontrava antes de começar a treinar.
“Antes da minha primeira aula de natação com a Siobhan, tentei nadar uma distância de 20 metros e levantei-me e pensei – desculpem-me a expressão – ‘que se foda’. Eu tinha avisado a equipa. Bem, mais ou menos, menti um pouco no meu CV no início. Disse: sou óptima a nadar”, confessa. Inicialmente, “parecia mesmo impossível”, até porque um dos objectivos não era apenas nadar como uma profissional, mas também “tentar igualar o crawl da Trudy, que é um crawl de braços dobrados”. O treino prolongou-se durante três meses até à rodagem e continuou enquanto estavam a filmar, por passarem da piscina para o mar aberto. “Não sabia o que esperar. E, como estava um frio fora de época na Bulgária, não nos foi permitido entrar em águas abertas até ser mesmo preciso, porque a temperatura estava demasiado baixa”, recorda. Isto tudo num biquíni da época, já que há 100 anos “não havia nenhum fato de mergulho”.
Enquanto esteve na água, Daisy Riley sentiu o quão “difícil” e “solitária” deve ter sido a travessia para Trudy. E não foi pêra doce, porque a actriz acabou por ficar dentro de água mesmo em planos mais gerais. O realizador explica porquê: “Obviamente que temos duplos de natação e utilizei-os o mais que pude para alinhar a câmara. Não tive de pôr a Daisy lá até ao último momento, mas apercebi-me de que, da forma como a Daisy nadava, mais ninguém conseguia nadar assim, havia uma força muito grande nas braçadas dela”.
A acção de A Jovem e o Mar começa numa Nova Iorque de 1914, onde conhecemos a família Ederle e uma frágil Trudy com apenas 11 anos a lutar contra o sarampo. Filha de imigrantes holandeses, contou com o apoio da sua irmã mais velha, Margaret, com quem começa a dar as primeiras braçadas, numa altura em que o desporto feminino tinha de enfrentar uma realidade bastante conservadora sobre o papel da mulher na sociedade. O elenco conta ainda com Tilda Cobham-Hervey (As Flores Perdidas de Alice Hart), Kim Bodnia (Killing Eve), Jeanette Hain (Davos 1917), Christopher Eccleston (The Leftovers), Stephen Graham (Bodies) e Sian Clifford (Fleebag).
Disney+. Estreia a 19 de Julho (Sex)
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