[title]
O Crime do Padre Amaro versa sobre a paixão proibida entre um jovem padre chamado Amaro e Amélia, “a rapariga mais bonita da cidade”, assim descrita por Eça de Queiroz no livro publicado em 1875, que abalou as instituições católicas do país. A cidade era Leiria, que agora é o grande cenário da nova aposta da RTP no campeonato da ficção. Com seis episódios, a série realizada por Leonel Vieira – que também assume a co-autoria do guião – estreia-se pelas 22.30 da próxima segunda-feira, 16 de Janeiro, na RTP1 e RTP Play.
Os protagonistas desta nova adaptação são Bárbara Branco (Bem Bom, A Rainha e a Bastarda) e José Condessa (O Som Que Desce da Terra, Salgueiro Maia – O Implicado), dois jovens actores que lideram um elenco recheado a veteranos da ficção nacional, assim com outros jovens grandes talentos, dos papéis principais aos secundários, passando por participações especiais.
Além de Bárbara Branco e José Condessa, destacam-se José Raposo como o Cónego Dias; Filomena Gonçalves como São Joaneira, mãe de Amélia; ou Miguel Raposo na pele de João Eduardo, noivo de Amélia. Mas na ficha técnica encontram-se ainda nomes como Diogo Martins, André Gago, Emília Silvestre, Joaquim Nicolau, Almeno Gonçalves, Carla Vasconcelos, Elmano Sancho, Marina Albuquerque, Soraia Tavares, Sara Norte ou Natália Luiza.
O elenco é, de resto, uma das grandes apostas desta adaptação, como sublinhou o próprio Leonel Vieira, durante a apresentação no Teatro Nacional de São Carlos, onde foi exibido o primeiro episódio, no passado dia 5 de Janeiro. “Quanto mais anos passam e mais coisas destas faço, mais tenho uma certeza: o mais importante é o elenco. Acho que ao longo da minha trajectória nunca consegui reunir tanto talento no mesmo espaço. E isso é 90% da qualidade deste projecto”, assumiu. Também José Condessa sublinhou a importância de ter um elenco tão robusto: “[Os episódios] são fiéis o mais possível ao original. Acho que é uma mais valia para todos os que vão ver, não há uma personagem cortada. Todas as personagens, até as mais pequenas, são muito importantes para o Eça para contar esta história e por isso é que são feitas por grandes actores e actrizes.”
Leonel Vieira destacou ainda a qualidade técnica desta produção, em particular do estúdio brasileiro Visom Digital, que desenvolveu um “complexo e longo” trabalho de pós-produção digital: “[A série] tem quase 500 planos trabalhados em 3D, o que faz com que tenha esse acabamento bonito que espero que todos reconheçam.” Filmada na cidade de Leiria, onde decorreu a acção da obra original e onde, por exemplo, foram despejadas toneladas de terra para recriar o espaço público do século XIX, a produção, segundo Leonel Vieira, colocou “a fasquia bastante alta” ao reproduzir o espírito da época. “Fomos muito longe, fomos muito exigentes e tentámos fazer uma coisa bonita. E acho que conseguimos. Não temos os orçamentos de Inglaterra, nem de Espanha, nem de França e não é disso que se trata. Com os meios que temos fazemos isto muito bem.”
Esta é a primeira vez que O Crime do Padre Amaro é adaptado para a televisão, mas não é a sua primeira adaptação. Essa foi realizada a uns bons quilómetros de distância. Mais concretamente no México, numa produção assinada por Carlos Carrera em 2002, com Gael García Bernal e Ana Claudia Talancón nos principais papéis, e indicada para um Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Sem nomeações deste gabarito, mas mais conhecida do público português, é a adaptação para longa-metragem de O Crime do Padre Amaro que chegou às salas de cinema em 2005, pela lente do realizador Carlos Coelho da Silva e com os actores Jorge Corrula e Soraia Chaves como protagonistas. Segundo o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), foi o segundo filme português mais visto nas salas nacionais, entre 2004 e 2019, apenas superado por O Pátio das Antigas, o de 2015, curiosamente realizado por Leonel Vieira, o grande mentor da série que se avizinha.
RTP1 e RTP Play. Estreia a 16 de Janeiro às 22.30
+ Série documental sobre guarda-redes Quintana chega ao streaming