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Depois do Mezze, a associação Pão a Pão tem um novo projecto, desta vez no Museu Arpad Szenes Vieira da Silva. Falamos-lhe de um futuro cheio de experiência.
A PÃO A PÃO – Associação para a Integração de Refugiados do Médio Oriente abriu o Mezze, no Mercado de Arroios, em Setembro de 2017. Um restaurante (e um caso de sucesso) onde a cozinha está entregue a talentosos refugiados sírios, que ali encontraram uma segunda oportunidade. A vontade de continuar a integrar pessoas desta forma é tão forte que está quase a nascer o novo grande projecto da Pão a Pão, que também promete dar que falar: o restaurante Mão Cheia, para pessoas acima dos 65 anos, portugueses ou imigrantes. Se tudo correr bem abre no final de Fevereiro no Museu Arpad Szenes Vieira da Silva.
“A ideia é tirar as pessoas mais velhas da invisibilidade e da solidão”, explica Francisca Gorjão Henriques, uma das fundadoras da associação, enquanto nos diz que Lisboa é a cidade mais envelhecida do país. “Muitas pessoas, quando se reformam, não estão preparadas para deixar a vida social activa e sentem que não contribuem para a sociedade. E uma das virtudes do projecto é tentar recuperar receitas antigas que se poderiam perder.” O futuro restaurante terá como objectivo dar uma resposta a esta franja da sociedade através da comida, o ponto de partida da Pão a Pão nesta sua missão.
A ideia andava a ser apurada quando, um belo dia, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva contactou a associação com o desafio de ali instalarem o Mezze, uma vez que a cafetaria do museu, o Vieira Café, iria ficar disponível. Mas assim que entraram no espaço perceberam que encaixava que nem uma luva no novo projecto. “É uma zona característica da cidade que ainda não está descaracterizada pelo turismo. E tornou-se irresistível, porque era um bocado chave na mão. O risco não é tão grande e fez sentido para o museu, que fortalece o seu papel na comunidade”, explica Francisca, sublinhando que na zona, junto ao Jardim das Amoreiras, ainda circulam moradores mais anciãos. É nesta morada que em pouco mais de um mês começarão a ser servidos pequenos-almoços, almoços e lanches, dentro do horário de funcionamento do museu (Ter-Dom 10.00-18.00). Mesmo sendo uma boa ideia, o Mezze só poderia ter sucesso “se a comida fosse muito boa”, e o Mão Cheia vai fazer esse caminho. Até porque, segundo Francisca, só assim será possível dignificar e valorizar as pessoas.
Para já estão a contactar associações e a procurar possíveis interessados, e já há uma morada no Facebook (MaoCheiaRestaurante) com instruções de candidatura. Pelo meio, vão afinando os pormenores de funcionamento: no início de cada mês é feito um plano de refeições e a cada semana vão divulgando os menus. Um esquema flexível e variado com receitas que tanto podem vir da Ásia como da América do Sul e Portugal. “Receitas apuradas e com tradição”, defende a co-fundadora da Pão a Pão, que espera por experientes talentos na área da gastronomia. Além da idade, o critério de selecção é cozinharem muito bem pelo menos um prato, que seja “o resultado de uma vida”. O trabalho será remunerado, apesar de o foco ser o combate ao isolamento e ao “calçar das pantufas”. A longo prazo, tal como no Mezze, chegarão os workshops e haverá ainda uma modalidade de take-away, o Take Away Pirex.
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