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Não é um tema novo e enquadra-se numa área que até tem revelado melhorias, mas continua-se "sem tomar em consideração as questões sistémicas" da acessibilidade nos diferentes transportes públicos a funcionar em Lisboa. O resumo é da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa (CUTL) que, em conjunto com a Associação Portuguesa de Deficientes, organiza nesta tarde de sexta-feira, 15 de Novembro, uma tribuna pública para expor e dar visibilidade aos "graves problemas na acessibilidade aos transportes públicos de Lisboa". O encontro está marcado para as 17.30, na estação intermodal do Cais do Sodré, local escolhido para que se possam testemunhar e discutir falhas no sistema que envolve tanto comboios como autocarros, eléctricos e metropolitano.
"Embora exista legislação referente à acessibilidade, e normas técnicas para se construir e desenhar para todos, certo é que ainda existe muito por cumprir no que diz respeito à acessibilidade nos transportes públicos", lê-se na convocatória da tribuna pública. "Fruto de opções políticas, não faltam infra-estruturas sem condições de acessibilidades."
"A falta de elevadores no metro e a sua avaria constante, as frequentes falhas nas escadas rolantes e a falta de embarque nivelado em todos os modos de transporte" são três dos problemas em destaque. "Há elevadores avariados há tanto tempo que é como se não existissem", ilustra à Time Out, por telefone, Miguel Laurito, da CUTL. Mas há outras situações que se podem juntar à lista. A distância inadequada entre as plataformas e os veículos de transporte como as carruagens de metro, eléctricos e comboios são outra das fortes razões que levaram este grupo de cidadãos a mobilizar-se. "No caso dos comboios, a Linha de Cascais está muito atrasada. Mas também é algo que acontece nos eléctricos, por exemplo, sobretudo no 15E, na zona de Belém", acrescenta o membro da CUTL.
Por outro lado, "a entrada para os autocarros muitas vezes não é fácil e também não se pensa em quão eficientes são as paragens e as suas localizações para quem tem limitações de mobilidade ou outras", acrescenta. Há, ainda, pormenores como alguns autocarros terem uma barra junto à porta, que se torna, em alguns casos, uma barreira à passagem, ou ainda a falta de informação disponibilizada em diferentes formatos (para pessoas cegas, por exemplo). "Por vezes são pequenas coisas, mas todas elas, combinadas, dificultam muito a mobilidade de quem tem algum tipo de deficiência", de quem transporta um carrinho de bebé ou de pessoas idosas. "Quando uma pessoa sai de casa, tem de apostar se vai conseguir chegar à plataforma ou não", aponta Miguel Laurito, já que a probabilidade de encontrar elevadores ou escadas avariadas pelo caminho, por exemplo, é elevada. "Há locais praticamente inacessíveis sem a ajuda de alguém."
O responsável não deixa, no entanto, de salientar que o tema tem ganhado protagonismo nos últimos anos, muito pela "melhoria de atitude da parte de muitas entidades" ligadas à área da mobilidade. No caso do metro, o investimento dos últimos seis anos em acessibilidades atingiu o valor global de 22,5 milhões de euros, segundo comunicou a Metropolitano de Lisboa este Verão, e as novas carruagens visam diferentes aspectos de acessibilidade. Também a Carris tem renovado a frota, trazendo à circulação modelos que garantem com maior eficiência o direito à mobilidade. A empresa garante, aliás, que "mais de metade da frota da Carris, 76%, está equipada com condições de acessibilidade total para passageiros com necessidades de mobilidade especiais, dispondo de espaço para cadeira de rodas, espaldares e rampas de acesso especiais". No orçamento da Câmara Municipal de Lisboa para 2025, proposto esta semana, estão previstos 311 milhões de euros para a área da mobilidade (mais 8% do que este ano), 188 milhões dos quais directamente para a Carris.
Já na CP, existe a seguinte política de assistência: "Os clientes com necessidades especiais têm ao seu dispor o Serviço de Mobilidade Integrada para os ajudar na viagem", refere a empresa, que, em Janeiro, passou a ter um Conselheiro para o Cliente com Necessidades Especiais, Diogo Martins. A mudança tem o intuito de "promover melhorias" na "acessibilidade e conforto para todos".
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