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Depois de vários atrasos, as portas do Tokyo e do Jamaica, discotecas históricas da noite lisboeta, vão reabrir. O regresso está marcado para 30 de Setembro, sexta-feira, na Rua da Cintura do Porto, num espaço criado de raiz mesmo junto ao rio Tejo, e com mudanças que vão dos copos reutilizáveis a uma aplicação para a compra de entradas.
Fernando Pereira, sócio da estrutura dona do Tokyo e do Jamaica, adianta que as condições das discotecas melhoraram, do som à área disponível. No Jamaica, esperam-se “os clássicos de sempre da pop, do rock e do reggae”, com Bruno Dias na cabine e uma novidade: uma “pista de dança de geometria variável”. Já o Tokyo conta com “um novo palco, maior, pouco mais alto, mas mantendo a proximidade com o público”. A programação deste último vai estar a cargo de Fred Martinho (HMB) e Rui Pedro Pity (The Black Mamba). O objectivo é dar “continuidade à aposta em novos projectos e na diversidade de géneros musicais”.
A reconstrução dos espaços permitiu também adoptar procedimentos com a sustentabilidade em mente. “O AVAC foi projectado para renovar 100% do ar interior aproveitando o ar mais fresco da noite, evitando assim que os compressores entrem em funcionamento e garantindo poupanças significativas no consumo energético”, garantem em comunicado. “Nas instalações sanitárias, os secadores de mão evitam papel, as torneiras eletrónicas reduzem o consumo de água e os urinóis simplesmente não gastam água. Tendo em conta os 300 m2 de área da cobertura aproveitável, os painéis solares e as baterias (em processo de aquisição) vão reduzir significativamente o consumo de energia”, adiantam. Tal como tem acontecido nos festivais dos últimos anos, o consumo de bebidas passará a ser feito em copos reutilizáveis, mas com um detalhe: estes “não podem sair do espaço”. Os estabelecimentos passarão também a utilizar palhinhas “em canudo de junco”.
Para a abertura está previsto também o lançamento de uma aplicação para “facilitar a navegação nocturna pela programação do Tokyo, comprar bilhetes e garantir uma entrada sem demoras nos dois espaços ou, mais importante, assegurar um ecossistema sem pagamentos em dinheiro vivo”. Chama-se Tokyo and Jamaica e já está disponível na App Store e na Play Store. Com o registo na aplicação será possível “gerir as suas noites a partir do telemóvel”.
As duas discotecas, fechadas desde Março de 2020 devido à pandemia de covid-19, receberam uma ordem de despejo da rua Nova do Carvalho (vulgarmente conhecida como “rua cor-de-rosa”) em 2016. Dois anos depois, soube-se que o futuro dos clubes noturnos passaria pelo quarteirão atrás da estação de comboios do Cais do Sodré, perto do B.Leza e do Titanic Sur Mer, em espaços da Câmara Municipal de Lisboa. A abertura, que chegou a estar prevista para 2021 e depois para Junho deste ano, foi adiada sucessivamente por atrasos nas obras de reabilitação dos armazéns onde ficarão instaladas as discotecas.
Sobre o Europa, espaço que encerrou nos mesmos moldes e que transitará também para o Cais do Gás, ainda não há previsão de data de reabertura. As obras, adianta Fernando Pereira à Time Out, ainda não começaram.