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Apesar de muitas contrariedades de produção, bem como outras subsequentes à estreia, David Lynch conseguiu condensar o alegadamente “infilmável” Duna de Frank Herbert num só filme, em 1984. Denis Villeneuve, pelo contrário, sempre quis que a sua versão cinematográfica daquele clássico da literatura de ficção científica fosse dividida em duas fitas, devido à sua complexidade e à abundância em pormenores importantes. Para Villeneuve, uma só não faria, de modo algum, a devida justiça ao livro de Herbert, ao mundo do futuro em que decorre e às suas peculiares características, da estruturação política aos ambientes planetários em que a história se passa.
No entanto, a Warner Bros., distribuidora de Duna, pôs como condição para a produção do segundo filme que o primeiro fizesse uma boa bilheteira, mas também que tivesse bons números quando fosse exibido na HBO Max, em estreia simultânea com os cinemas. Perante os bons resultados quer da exibição cinematográfica, quer daquela plataforma de streaming, a Warner deu autorização para que Duna: Parte Dois entrasse em pré-produção. Denis Villeneuve conseguiu também que, ao contrário do que tinha acontecido com a primeira fita, esta se estreasse primeiro em sala e só algum tempo depois (um mês e meio foi o prazo acordado) começasse a ser rentabilizada noutros meios, nomeadamente em streaming.
A rodagem de Duna: Parte Dois começou em Itália, no Verão de 2022, e terminou nos últimos dias desse ano, em Abu Dhabi. No enredo, Paul Atreides (Timothée Chalamet) está agora aliado aos Fremen e a Chani (Zendaya), para vingar a conspiração que destruiu a sua família, fazer uma revolução em Arrakis e punir os que a levaram a cabo, evitando assim que se concretize o futuro terrível que só ele pode prever. Durante esta jornada, Atreides passará a chamar-se – e a ser chamado pelos Fremen – Muad’Dib (o nome de um rato do deserto nativo de Arrakis), ou Paul Muad’Dib, tornando-se finalmente num poderoso Kwisatz Haderach, dotado de capacidades divinatórias ou ainda de poder fazer a ponte entre o espaço e o tempo.
Denis Villeneuve voltou a escrever o argumento desta continuação, de novo em parceria com Jon Spaihts e Eric Roth. O realizador frisou que depois de um primeiro filme “mais contemplativo”, este segundo seria “um épico de guerra”, com mais acção, isto sem esquecer a história de amor entre Paul e Chani (Zendaya). Ao elenco do primeiro filme juntam-se, em Duna: Parte Dois, nomes como Florence Pugh (no papel da princesa Irulan, filha do imperador), Christopher Walken (fazendo de pai desta, o imperador Shaddam IV), Léa Seydoux (personificando Lady Margot, uma Bene Gesserit muito próxima do imperador), ou ainda Austin Butler (Feyd-Rautha Harkonnen, o cruel sobrinho do barão Harkonnen e seu sucessor). O filme estreia-se em Portugal no próximo dia 29 de Fevereiro.
Uma prequela em série
Depois deste colossal díptico assinado por Denis Villeneuve (que, curiosamente, se estreará 40 anos após a versão de David Lynch), a saga Duna terá continuidade. Não no cinema, mas em streaming, através da série Dune: Prophecy, que tem estreia prevista na HBO Max no final deste ano. A história de Dune: Prophecy decorre 10 mil anos antes dos acontecimentos narrados no livro de Frank Herbert, funciona como prequela dos dois filmes de Villeneuve (que é também um dos produtores executivos da série) e será centrada em grande parte no aparecimento da irmandade das Bene Gesserit e no seu desenvolvimento como força política. Do elenco de Dune: Prophecy, rodada na Hungria e na Jordânia, fazem parte Emily Watson, Mark Strong, Olivia Williams, Jodhi May e Travis Fimmel, entre outros.
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