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É preciso enfrentar a multidão de pessoas, turistas e locais, que passeiam no Largo de Camões para chegar ao Le Consulat — o hotel aberto em 2017 na antiga embaixada do Brasil, e que até há pouco tempo tinha uma Taberna Fina, cortesia dos chefs André Magalhães e Guilherme Spalk. Agora quem lá está é o Rove, uma espécie de multiusos para “surfistas urbanos”, que não precisam efectivamente de surfar. “É sobre surfar de uma maneira diferente. É como um clube de surf urbano. É mais uma coisa de lifestyle, sobre liberdade, ser capaz de explorar, experienciar coisas novas”, explica o chef Shay Ola, também do Static e do Queimado, um dos responsáveis pelo espaço, a par de Antoine Blot, gerente do hotel, Hannah Reusser, responsável de operações, e de Guilherme Amaral, que além de ter uma escola de surf, é designer, arquitecto e também membro do colectivo Who The Fuck is Henry, tal como Shay.
Embora esteja diferente, o Le Consulat já era hotel, bar, restaurante e galeria no mesmo espaço, mas agora é também uma loja de surf. “Queremos fazer disto um espaço para a cultura, um espaço para partilhar. E também um sítio que, se gostar de surfar, pode vir reparar ou passar cera na prancha, ou simplesmente conviver com outros surfistas. É um sítio para as pessoas se conhecerem, para conviverem”, explica o chef britânico. O convívio acontece no amplo salão, com janelões que emolduram o Chiado. Nesta sala, há um balcão avantajado para bebidas, várias mesas para sentar, uma prancha na parede e ainda uma mesa de mistura, já que às quintas, sextas e sábados passam por lá DJ’s. “Não é bem uma festa, é mais uma vibe lounge”, explica o responsável.
É do bar que saem cocktails de autor, preparados por Fábio Costa. “Aqui o foco está mais nas bebidas”, afirma Shay Ola. “Queremos que as bebidas sejam uma experiência, para que as pessoas aproveitem o espaço e se divirtam. São todos cocktails de assinatura, mas se o cliente vier e quiser uma coisa que não está no menu, também o fazemos, embora tentemos sempre aconselhar uma das nossas criações”, acrescenta. Criações essas “focadas na sustentabilidade, com quase zero desperdício”, informa. Na carta vai encontrar oito cocktails diferentes, entre os quais o Ola (11€), preparado com campari, tequila, gin e vermute; o exótico La Coubre (10€), com rum, licor de laranja, ananás e amendoim; o refrescante Opium (11€), com vodka, infusão de chá branco e especiarias; ou Hablemos (12€), com tequila, mezcal, licor de laranja e chá verde com baunilha.
Já na cozinha, o foco é nos pratos para partilhar. “O menu é desenhado para partilhar, utilizando ingredientes locais, da época. Muda muito regularmente e é mais como finger food”, esclarece Shay. Assim, além das tábuas de queijo (12€) e charcutaria (12€), vai encontrar petiscos como tostinhas de cavala e lardo (7€), almôndegas de lula e porco com pickle de gengibre (12€), beterraba carbonizada com requeijão (8€) ou cherovia frita (8€).
Entre pratos, aproveite para visitar a galeria, que fica numa das salas ligadas ao restaurante. “De momento temos uma exibição de três fotógrafos, mas vamos começar, a partir do próximo mês, com um novo programa cultural, em que vamos convidar vários artistas para residência. Algumas vão acontecer mensalmente, outras a cada três meses”, explica o responsável. A loja de surf, porém, ainda não está em funcionamento, mas deverá abrir portas na próxima semana.
Seria de esperar, por causa da localização, que a clientela do Rove — nome que significa deambular sem destino e que remete à ideia do surf — fossem maioritariamente turistas, mas esse não parece ser o caso. “Na verdade, a maioria dos nossos clientes têm sido portugueses, o que tem sido muito bom”, conta Shay Ola.
Este é mais um projecto do chef britânico, que em tudo o que toca quer ter “boa comida, boa música, boas bebidas, boa atmosfera, e fazer isso sempre, nunca falha”, remata.
Praça Luís de Camões 22 (Chiado). Ter-Sáb 18.00-01.00
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