[title]
A aposta e o foco do Boubou’s continua a estar na alta cozinha, mas às quartas-feiras, dia em que o restaurante estaria fechado, trocam-se as voltas, relaxa-se e aposta-se sobre vinho. Tem sido assim desde Dezembro e, a avaliar pela adesão, assim vai continuar. O Wine Casino, ideia da sommelier Anastasiia Kornilova, é um jogo, mas é também uma prova cega de vinhos – e é a confirmação de que, por maior que seja a ambição, um restaurante pode ter várias vidas sem nunca perder a identidade.
A ideia de fazer nascer uma sala de jogo num restaurante de fine dining só poderia acontecer numa casa à imagem de Louise Bourrat, também ela uma chef irreverente e livre. Nas noites de Wine Casino, porém, não é a chef luso-francesa que por lá anda, até porque não é o menu de degustação (95€-125€) que é servido, mas sim uma carta de petiscos descomplicada.
“No início, o Boubou's era um restaurante muito mais casual e havia sempre muita gente do bairro e amigos que se cruzavam aqui. Era uma coisa muito simpática e, às vezes, temos saudades”, começa por contar à Time Out, via telefone, Alexis Bourrat, irmão de Louise e proprietário do Boubou’s, a par da sua mulher Agnes. “O Boubou's agora é um restaurante gastronómico, é uma experiência totalmente diferente”, completa, lembrando o “ambiente mais leve e descontraído” dos tempos iniciais. “Quando decidimos passar de sete dias [abertos] para cinco, a equipa disse que havia dois dias da semana em que se podia organizar uma coisa fixe e a Anastasiia deu esta ideia do Wine Casino.”
E o que é o wine casino? “Uma oportunidade de descobrir e aprender sobre vinhos de uma forma muito mais lúdica, mais fixe”, resume Alexis. Umas cortinas fechadas, escondem o ambiente intimista da sala, depois da cozinha, dando a ideia de estarmos a entrar numa espécie de clube privado. O jogo acontece em duas mesas em pequenos grupos de seis a oito pessoas. Cada jogador recebe um conjunto de fichas e, a partir daí, é preciso pôr os sentidos a funcionar. A cada vinho – são cinco rondas por noite –, é preciso apostar no país de origem, na casta, no ano, no teor alcoólico, se passou por barrica ou não e, num nível mais à frente, até no preço.
Tudo isto, sempre sem saber ao que vem, ou o que chega à mesa. A garrafa é revelada só no fim de cada ronda. Se no Boubou’s, a acompanhar o menu de Louise Bourrat, a harmonização vai por caminhos nem sempre óbvios, o mesmo acontece nestas noites de Wine Casino. Conte com vinhos de diferentes países, alguns bem fora da caixa, o que dificulta tanto a competição como a anima. A equipa que comanda o jogo vai dando umas dicas e há uma cábula essencial que o ajudará a identificar o aroma e o sabor de cada casta. O difícil, na verdade, pode ser não se deixar influenciar pelos restantes parceiros de apostas, até porque alguns terão imensas certezas (o que não significa necessariamente que estejam certos).
“Quando ouvi a ideia da Anastasiia, achei que era incrível e que encaixava perfeitamente. Além dos cinco dias gastronómicos, temos um dia em que podemos fazer coisas mais leves e mais interessantes”, diz Alexis, explicando como as provas e os jantares vínicos são com frequência apontados a um nicho. “Às vezes, o vinho fica um pouco fora do alcance. Esta é uma experiência inclusiva, pode-se entrar mesmo sem se perceber de vinhos. É muito interessante até para conhecer pessoas e sair com novos contactos”, acrescenta, sugerindo o Wine Casino como um bom team building para empresas.
O preço para participar no jogo é de 50€ e inclui uma flute de champanhe à chegada, além da prova dos cinco vinhos. Os vencedores de cada mesa recebem o valor da sua inscrição, que podem ser gastos nessa mesma noite no restaurante ou podem ser guardados para um regresso.
“Esta é uma oportunidade para dar a conhecer o Boubou's de uma maneira mais casual. É uma porta aberta que quebra um pouco a percepção de que o Boubou's é um restaurante caro, é uma coisa mais formal. O amor pela gastronomia, o gosto por passar um bom tempo à mesa com pessoas não tem nível de entrada”, remata.
E por é por isso também que nestes dias de Wine Casino é possível visitar o restaurante mesmo que não seja para jogar. A carta é curta e é assinada por Matheus Martins, o chef ao leme do Boubou's Sandwich Club, com o apoio de Louise. “O Matheus veio do Salta há dois anos e estava sempre a pedir [uma oportunidade]. É um bom chef. Estamos a abrir-lhe a porta do Boubou's. Tem uma noite para expressar a sua criatividade.”
Para começar, há, por exemplo, uma ostra do Sado com yuzu kosho (3€), uma tostada de peixe-espada (3,50€), ou um tártaro de novilho servido num brioche grelhado (7€). O ceviche de batata-doce (12€), um prato de assinatura do Boubou’s, também faz parte da carta, assim como a língua de boi cozinhada lentamente e servida com ravigote de folhas capuchinhas e enguia fumada (15€). Nos principais, dois pratos: barriga de porco fumada (21€) e couve lombarda grelhada (18€). E como com o vinho o queijo nunca falha, há uma tábua de queijos franceses (12€), servidos com geleia de beterraba.
Os próximos serões já têm data marcada: 19 de Fevereiro, 5 e 19 de Março. “A ideia é claramente continuar durante o ano porque o Boubou's vai ficar aberto cinco dias por semana. Vamos colocar dois dias por mês. Se tivermos uma procura maior, porque não abrir mais? Depende do sucesso”, conclui Alexis, frisando que o Boubou’s continua a ser a “operação número um”.
Rua Monte Olivete 32A (Príncipe Real). 21 347 0804
💕 Dia dos Namorados: lá vamos nós outra vez – leia grátis a nova edição da Time Out Portugal
🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, Instagram e Whatsapp