[title]
Nós os lisboetas somos muito particulares na hora de ingerir a nossa dose diária de cafeína. Gostamos de explicar aos nossos amigos estrangeiros que se diz “bica”; defendemos esta bonita palavra de quatro letras, mas poucas vezes a usamos.
A obsessão pelo café é tanta que a picuinhice impera junto de alguns consumidores. Ele pode ser curto, ou quase cheio (há ainda quem peça “meio cheio”), ele é pingado, escorrido ou normal. Ah! a palavra “normal”. Quando vamos sozinhos nunca pedimos um café normal – esse nome só surge quando estamos rodeados de pessoas que pedem, cada uma, um café à sua maneira.
Mas qual é a forma mais complexa de pedir uma bica? Examinámos todas as variáveis (quantidade, chávena, complementos e uma última categoria chamada “idiossincrasias várias”) e chegámos a uma conclusão. Aqui está, senhoras e senhoras, o White Album dos pedidos de café, o Mosteiro dos Jerónimos da implicância, a renda de bilros da peculiaridade: “Olhe, faz favor, é um café duplo em chávena simples não aquecida, sem princípio, pingado, mas com um pingo de leite quente, e adoçante em vez de açúcar. Vou querer factura com NIF”.