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É o novo grande documentário sobre a cidade romana de Olisipo, nos moldes a que o projecto Lisboa Romana, da CML, e a Era Arqueologia nos têm vindo a habituar, contando sempre com a realização de Raul Losada e as recriações arqueológicas virtuais de César Figueiredo. Em 55 minutos vamos poder ver imagens de arquivo da RTP, escavações recentes comentadas por arqueólogos, processo de restauro e análise dos achados, a par de uma inédita recriação arqueológica virtual de Olisipo e da sua necrópole e de recriações com figurantes.
“Durante quatro anos acompanhei as várias equipas de arqueólogos que investigam a área da necrópole e foram registados os momentos de restauro de objectos extraordinários”, explica o realizador, Raul Losada. Entre esses objectos, que acompanhavam os mortos, destaca um “um raro compasso de uma mulher que se dedicava à ourivesaria ou o estojo de um médico romano que o acompanhou na última viagem”.
“O documentário aborda mais de um século de descobertas arqueológicas na grande necrópole de Olisipo. Desde o primeiro achado preservado por José Valentim de Freitas em meados de 1850, às descobertas realizadas pelas obras do metro em 1960 ou durante a construção do parque de estacionamento da Praça da Figueira, em 1999. Uma profunda pesquisa permitiu resgatar dos arquivos da RTP imagens inéditas da escavação de 1960 durante a construção do metro do Rossio”, descreve o realizador.
A grande extensão da necrópole de Olisipo tem vindo a ser confirmada por escavações arqueológicas recentes, na Rua das Portas de Santo Antão, Calçada do Lavra e Rua de Santa Marta. Ao contrário dos cemitérios actuais, as necrópoles romanas situavam-se no exterior da cidade, ao longo das vias de entrada/saída da localidade, tendo por isso quilómetros de extensão em que a via era ladeada por monumentos funerários. A entrada na cidade, com esta recepção, seria marcante, como teve oportunidade de nos explicar a arqueóloga Sílvia Casimiro, na mais recente edição da Time Out Lisboa (nas bancas esta semana), num artigo sobre mais uma promissora escavação, que está agora a ter início.
Para nos dar essa impressionante visão da entrada na cidade, “o filme apresenta a inédita recriação arqueológica virtual de Olisipo, sendo a necrópole recriada com base no conhecimento actual dos monumentos encontrados nas escavações arqueológicas e com paralelos com outras cidades romanas”, adianta Raul Losada. “Este trabalho só foi possível concretizar através do projecto Lisboa Romana, do Departamento de Património Cultural de Lisboa, da CML, e com a produção da Era Arqueologia”, acrescenta.
Além do natural interesse da Câmara Municipal de Lisboa, que em 2017 pôs de pé o projecto Lisboa Romana, para estudar e dar a conhecer este importante património da cidade, é de realçar também a participação e atitude da ERA Arqueologia. “Na ERA combatemos esta arqueologia ocultada por tapumes de obras e que fica encerrada em relatórios enviados à tutela do Património”, diz Miguel Lago, administrador-delegado da empresa. “Estamos empenhados em atingir uma ampla difusão do filme através da exibição em canais de televisão e da participação em festivais. Este documentário terá um grande impacto público, em Portugal e no estrangeiro. A arqueologia portuguesa é uma realidade de grande dimensão, quase sempre escondida, desconhecida ou envergonhada. É fundamental activar socialmente o património arqueológico e credibilizar a actividade através da visibilização dos resultados obtidos pelos milhares de escavações que anualmente são realizados em Portugal e de que quase ninguém ouve falar.”
Cinema São Jorge. Qua 21.00. Grátis (levantamento dos bilhetes entre as 13.00 e as 20.00).
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