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É um percurso que paira na lembrança dos lisboetas, sobre o qual já houve diferentes planos e intenções. Numa das tentativas mais recentes de o lançar, em 2019, o anterior presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Fernando Medina, falava de um eléctrico rápido que ligaria Lisboa a Oeiras e a Sacavém. Não aconteceu. Esta terça-feira, 1 de Abril, ficou prometido pelos líderes das autarquias de Loures e de Lisboa, bem como pela ministra do Ambiente e Energia, que se avançaria com uma conexão de 12 quilómetros, do Terreiro do Paço ao Parque Tejo. A duração total da viagem será de 35 minutos.
"Havia a ideia de levar o eléctrico até Santa Apolónia, mas nestes últimos dois anos percebemos, com as obras dos túneis de drenagem, que isso não seria fácil no calendário que tínhamos pensado, para 2026. Então decidimos começar a trabalhar para alargar o projecto até ao Parque Tejo", explicou Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da CML com o pelouro da Mobilidade, na apresentação do novo 16E. "Há 67 anos que não havia uma expansão da linha de eléctrico digna desse nome", regozijou-se o autarca, sobre o projecto que deverá assegurar a continuidade entre Oeiras e Loures, nas ligações ao eléctrico 15 (Algés) e ao novo BRT que terminará na Bobadela.
A obra deverá começar em 2027 (sob um investimento inicial de 160 milhões de euros), para que no ano seguinte o eléctrico esteja pronto a andar em faixa exclusiva, evitando-se conflitos com outros veículos e atrasos, como acontece nas restantes linhas de eléctrico de Lisboa. O modelo permitirá, assim, ligar a Praça do Comércio ao Parque das Nações em 22 minutos (15 para a zona sul da freguesia), prevendo-se 18 paragens: nas freguesias de Marvila, Beato, Penha de França, São Vicente e Santa Maria Maior, zonas para a qual a autarquia prevê um crescimento significativo da população (veja-se o projecto do Vale de Santo António, por exemplo). "Temos urgência em mudar a cidade", afirmou o responsável.

No site da Carris, este vídeo mostra o percurso do 16E e, de acordo com a empresa, as estações planeadas para a nova linha serão as seguintes: Terreiro do Paço; Terminal de Cruzeiros; Santa Apolónia; Mouzinho de Albuquerque; Xabregas; Fábrica de Unicórnios; Marvila; Poço do Bispo; Braço de Prata; Matinha; Parque das Nações Sul; Oceanário; Estação Oriente; Torre Vasco Gama; Alameda Oceanos Norte; Rotunda da Colômbia; Parque Tejo; Parque das Nações Norte.
Também a frequência do 16E será "grande", prometeu Anacoreta Correia, concretizando um tempo máximo de dez minutos de espera entre veículos. Tornando-se o novo transporte um meio preferencial, "menos autocarros terão de ir ao centro da cidade", prevê o vereador.
BRT para Loures
Já no concelho de Loures, planeia-se que a ligação continue com recurso a BRT – Bus Rapid Transit, autocarros rápidos que circulam em faixas exclusivas. O plano é traçar a linha até à Bobadela, num total de 18 quilómetros. "O LIOS era um projecto já de há muitos anos e estou em crer que agora este é para avançar", declarou Ricardo Leão, presidente da Câmara de Loures. Inicialmente pensado como metro de superfície, a opção recai agora sobre o BRT, com a preocupação de estabelecer ligações intermodais em pontos como Sacavém (linha ferroviária), Moscavide (metro), Portela ou a Quinta dos Remédios, na Bobadela. "São 17 paragens, considerando-se as áreas mais densamente povoadas, mas também os grandes pólos de emprego", detalhou o autarca.
Também se fez um estudo para que o percurso seguisse até Santa Iria da Azóia, mas as "dificuldades" encontradas colocaram um travão à ideia. Para suprir as necessidades de mobilidade na zona, estão a ser estudadas novas carreiras com a Carris Metropolitana.
No mesmo concelho, renasce também a esperança de aceder à rede de metropolitano, na sequência do reforço de financiamento para a construção da Linha Violeta. "A 15 de Abril será lançado o novo concurso público para a Linha Violeta", lembrou o autarca, frisando que o serviço de transporte é "uma luta, uma reivindicação da população".
Para Carlos Moedas, presidente da CML, que muito elogiou a relação com o colega do município vizinho, o projecto de colaboração apresentado esta terça-feira é um sinal de "como a política deveria ser e nem sempre é", "para as pessoas" e "acima dos partidos". Mexendo no tempo, "o nosso bem mais raro", a nova linha tem assim a "capacidade mudar a vida das pessoas", considera o autarca. Para a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, este é também "o honrar de uma dívida para com muitas pessoas, que têm poucas alternativas ao transporte individual".
A ministra avançou, ainda, que Lisboa vai receber 141 novos autocarros eléctricos, no âmbito das aquisições do Governo, com vista à descarbonização.
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