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Em 2025, a programação do Teatro Nacional D. Maria II regressa a Lisboa. O edifício do Rossio, que estava previsto reabrir no próximo ano, permanece encerrado para obras de requalificação e, por isso, a sua reabertura está apontada para o final do primeiro trimestre de 2026. Assim, os espectáculos são apresentados em dois outros espaços da cidade: a Sala Estúdio Valentim de Barros, nos Jardins do Bombarda, e o Teatro Variedades, recentemente inaugurado no Parque Mayer. O teatro dá ainda continuidade às iniciativas que têm promovido o alargamento da oferta teatral no resto do país.
“É uma programação que é obviamente muito atenta e muito reactiva à nossa contemporaneidade e à nossa história, ao momento que estamos a viver, não só no nosso país, mas internacionalmente também. E são também propostas de artistas muito diversos. Muitas mulheres fazem parte desta programação. Há a preocupação de garantir que essa distribuição seja mais justa, porque acho que isso também é a minha obrigação”, começa por descrever Pedro Penim, director artístico do D. Maria II, à Time Out.
Além disso, é uma nova temporada que assenta em dois pilares. Por um lado, a vontade e necessidade de voltar a Lisboa. “Começámos com o ciclo Abril Abriu este ano e, em 2025, vamos fixar-nos. O Abril Abriu decorria em vários espaços não convencionais, teatros parceiros, e achámos por bem fazer uma outra proposta. Este caminho até à reabertura do teatro é também uma experimentação constante de vários modelos, que depois nos darão alguns ensinamentos sobre como programar quando o teatro reabrir em 2026”, explica.
O primeiro espaço onde o D. Maria II se apresenta é o Teatro Variedades, no Parque Mayer, que reabriu em Outubro, após ter estado fechado durante 30 anos. “Apesar de o teatro fazer 100 anos em 2026, esteve muito tempo fechado, portanto houve alguma quebra na relação dos lisboetas com este teatro. E os cinco projectos do D. Maria II poderão recolocar este teatro no mapa”, realça. É lá então que a programação arranca, a 12 de Fevereiro, com A Farsa de Inês Pereira, que conta com texto e encenação de Pedro Penim, a partir de Gil Vicente. Entre 2 e 4 de Maio, Patrícia Portela traz a Lisboa Homens Hediondos, a partir de David Foster Wallace. No final desse mês, o Variedades acolhe um espectáculo do FIMFA Lx25 – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas.
Destaca-se também a nova criação de Marco Mendonça, Reparations Baby!, que se centra nas reparações. “É um tema que está na ordem do dia e é, de facto, importante que reflictamos sobre esse assunto. O Marco é o criador ideal para tomar nas suas mãos este assunto e transformá-lo em objecto artístico”. Estreia, em Lisboa, a 9 de Julho. Em As mulheres que celebram as Tesmofórias, para ver entre 11 e 15 de Junho, Odete revisita um dos textos menos conhecidos de Aristófanes, que nos fala sobre um festival criado por mulheres em que era proibida a entrada de homens. A partir de 13 de Setembro, o palco é de Cristina Carvalhal, que apresenta O Nariz de Cleópatra, pois claro!, a partir do texto de Augusto Abelaira. Segundo Penim, “tem uma dimensão interessante, já que não só junta a dramaturgia portuguesa, porque isso também é a nossa obrigação e missão, mas também a contextualiza nos tempos que estamos a viver.”
Nos Jardins do Bombarda, mais especificamente na Sala Estúdio Valentim de Barros, decorrerão “as produções mais experimentais”, no caso mais de dez espectáculos. Entre eles, Auto das Anfitriãs, de Inês Vaz e Pedro Batista, a partir de Luís de Camões, entre 27 de Março e 13 de Abril; As Castro, assinado por Raquel Castro, a ser apresentado entre 8 e 18 de Maio; e King Size, de Sónia Baptista, que parte da teoria da performatividade de género de Judith Butler e pode ser visto a partir de 6 de Junho. Ary Zara e Gaya de Medeiros, que venceram a sétima edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, apresentam Corre, bebé!, espectáculo que explora os conflictos da parentalidade trans. Sobe ao palco de 20 a 29 de Junho. A 11 de Julho, o Teatro Praga estreia Audição, no âmbito das comemorações dos 30 anos da companhia, e propõe-se a reocupar o espaço do qual foi obrigado a abandonar, há 20 anos. Entre 26 de Setembro e 12 de Outubro, é a vez de Hotel Europa apresentar Luta Armada. Em Novembro, dois espectáculos do festival Alkantara também podem ser vistos nos Jardins do Bombarda.
Quis Saber Quem Sou, peça-concerto assinada por Pedro Penim, apresenta-se, entre 24 e 26 de Abril, no Coliseu dos Recreios, onde termina a sua digressão nacional. E no Mosteiro dos Jerónimos, a propósito dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, António Fonseca dá a conhecer Os Lusíadas como nunca os ouviu, dia 3 de Maio.
Um teatro que se quer verdadeiramente nacional
A nova temporada não deixa de reforçar a permanente vontade de programar para lá do eixo Lisboa-Porto, missão que começou, em 2023, com a Odisseia Nacional. “Em 2025, assume-se como uma parte integrante da programação, já sem o carácter de excepcionalidade, mas com uma preocupação permanente desta direcção artística de começar imediatamente a criar e a programar não só para Lisboa. A presença em todas as regiões do país acontece para fazer cumprir aquilo que é a missão de um teatro verdadeiramente nacional e como ensinamento da viagem que andámos a fazer e a que chamámos Odisseia Nacional”, explica o director artístico.
Com a Rede Eunice Ageas, a Próxima Cena, o PANOS – palcos novos palavras novas, e a Boca Aberta, o D. Maria II leva um pouco por todo o país espectáculos, projectos que procuram promover o acesso à cultura e o desenvolvimento da valorização do público, e ainda iniciativas viradas para a comunidade infantil e juvenil.
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