[title]
Em tempos, esta foi a casa do Governador da Torre de Belém, mas há dez anos, transformou-se num hotel de cinco estrelas – o Palácio do Governador. No ano passado, o hotel foi renovado e o restaurante também foi alvo de remodelações. E não foi apenas o espaço e a decoração que mudaram, tudo o resto também ganhou uma nova identidade. Chama-se agora Po Tat, numa alusão às inspirações asiáticas que se fundem aqui com os produtos e sabores portugueses. Não vai encontrar noodles nem sushi, mas sim pratos que procuram ser o ponto de encontro entre este e o outro lado do mundo.
“Estamos em Belém”, é a primeira coisa que refere o chef André Santos quando nos dá conta da inspiração para criar a carta do Po Tat. De facto, a localização transporta-nos rapidamente para o imaginário que percorre a época da expansão marítima portuguesa, cujas influências ainda hoje se sentem, tanto na gastronomia portuguesa como na asiática. Aqui, o chef, que não é estranho a este tipo de cozinha, quis trabalhar essas mesmas influências. “Não foi a primeira vez que trabalhei neste registo, com produtos asiáticos. Já fui à Tailândia, estive lá 20 dias. E também trabalhei noutros restaurantes que já tinham algumas influências, desde equipamentos a especiarias”, conta André Santos que, antes de chegar ao hotel de cinco estrelas, passou pela Taberna 1300 e pelo restaurante do Bairro Alto Hotel.

O espaço, decorado por Nini Andrade Silva em tons de azul escuro e amarelo e com os tectos de pedra à vista, é composto por duas salas e dá acesso ao terraço, com a zona da esplanada e da piscina. No que toca à carta, o chef destaca como foi importante ir aos sítios onde se vendem produtos asiáticos, no Martim Moniz e no Prior Velho, por exemplo, e aprender mais sobre os mesmos para criar os pratos. Aliás, foi numa dessas idas com o sous chef Manuel Maria, conta, que ficou a conhecer a celtuce, um tipo de alface que nunca tinha ouvido falar. “Fomos ao Martim Moniz comprar determinadas coisas, deparámo-nos com uma alface e olhámos um para o outro e perguntámo-nos ‘o que é que é isto?’. Perguntámos à senhora, ela explicou-nos o que era, fomos ao Google e fomos experimentar.”

Na cozinha, tal como aconteceu com outros ingredientes, foram experimentando várias formas de a confeccionar. “E se fizermos as tiras com descascador e temperarmos? E se pusermos o amendoim? É muito à base de tentativa e erro. Fazemos muita coisa e também provamos e dizemos ‘isto é horrível, não tem equilíbrio, não tem nexo’”, continua. Neste processo, vão entrando os produtos portugueses, como a gamba do Algarve ou a presa de porco alentejano. Ao juntar os dois mundos, André tenta, acima de tudo, atingir o equilíbrio e novos sabores.
À mesa, chegam-nos alguns pratos que fazem parte da carta de Outono/Inverno que, daqui a alguns meses, passará à de Primavera/Verão, tendo sempre por base ingredientes sazonais. Para começar, temos o pão de cereais, da padaria Massa Mãe, com manteiga açoriana de mel e togarashi, uma mistura de sete especiarias (5€). Os snacks incluem gamba da costa, ou do Algarve, com straciatella e pasta de harissa (7€), tiradito de barriga de atum, toranja e óleo de pimento (8€), ou croquetes de arroz e maionese de alho fermentado (5€).

Nas entradas, destacam-se os cogumelos ostra grelhados com molho de inhame e amendoim (16€) e as pataniscas de camarão e algas com molho de caril frio (14€). No que toca aos pratos principais, uma das propostas mais vendidas é o robalo curado com sal e açúcar e finalizado no grelhador japonês yakitori, com girassol batateiro e dashi beurre blanc de algas (32€). Também há feijoada de carabineiro (32€), presa de porco alentejano grelhada, acompanhada de puré de marmelos com shio koji, ou arroz fermentado, e alface espargo (29€), e bolonhesa de novilho coreana com massa de trigo sarraceno (24€).

No fim da carta, não encontramos po tat, apelidada em cantonês como tarte de ovos portuguesa e que dá nome ao restaurante, mas encontramos outras quatro sobremesas: gelado de arroz negro, manga e curcuma, e merengue de yuzu (9€); mousse de trigo sarraceno e amaranto, feita com crumble de croissant, iogurte e caramelo de café (9€); bolo, gelado de maçã assada e chips de sésamo tostado (8€); e namelaka de chocolate negro, creme de coco e lima kaffir e crumble de azeite (8€).
Palácio do Governador, Rua Bartolomeu Dias 117 (Belém). 96 363 7239. Seg-Dom 19.30-22.30
🏖️ Já comprou a Time Out Lisboa, com 20 viagens para fazer em 2025?
🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, Instagram e Whatsapp