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O ano é o de 2012, Rui Sequeira tem 20 anos e é um dos participantes no concurso televisivo Top Chef. O seu sonho, dizia, então, era vir a ter um restaurante pequeno onde as pessoas fossem apenas pela cozinha. Doze anos depois, o chef não tem um, mas três restaurantes – todos em Faro, de onde é natural, sendo o Karpa o mais recente.
Tudo começou com o Alameda, restaurante de fine dining, onde Rui Sequeira aposta num menu de degustação assente nos sabores do Algarve, e sem que tivesse previsto (ou sonhado) evoluiu para outros conceitos. “Com a pandemia, pusemos uma dark kitchen dentro do Alameda e a ideia foi muito simples: permitir às pessoas que gostam de comida asiática poderem viajar, mas pelos sabores. Isso foi o Monky e foi um sucesso”, conta o chef, vindo do universo da alta cozinha, os últimos anos dos quais passados no Ocean de Hans Neuner. “Depois da pandemia, tive duas hipóteses: ou matava a marca, ou tentava fazer alguma coisa, procurando um espaço.” O que acabou eventualmente por acontecer em 2021.
“Num dia bom, no Monky damos mais de 100 jantares”, revela por contraposição ao Alameda, onde a experiência é mais íntima. “Depois, no ano passado, acabámos por fazer também um teste com sushi dentro do Monky, um pop-up nos três meses de Verão, e correu super bem. Entretanto, este espaço do lado ficou vazio e a senhora disse que a única vontade que tinha era que fosse eu ficar com ele. Eu disse que não durante muito tempo, mas ela nas minhas costas conseguiu convencer a minha mulher”, recorda Rui, com alguma graça, contando que o espaço ainda esteve fechado meio ano até ficar decidido o caminho a seguir. “Precisávamos perceber como é que nos íamos diferenciar”, contextualiza.
Pegando na matéria-prima local, que Rui Sequeira tão bem conhece, e o teste já feito no Monky, nasceu o Karpa, em Agosto de 2022, um restaurante japonês de alma bem portuguesa. “A ideia foi termos um conceito que cruza a técnica clássica japonesa, mas que houvesse um diferencial e diferencial é que só usamos peixes adquiridos em leilão na lota. Eu tenho licença de lota e todas as semanas adquiro os peixes que vamos usar”, diz o chef.
Apesar de existirem umas mesas, é no balcão que se consegue acompanhar a mestria de quem nos serve, num misto de izakaya com omakase. O próprio menu é fruto desse encontro: à carta as escolhas são múltiplas, na dúvida a entrega ao chef é a resposta (65€/12 momentos). “Tentamos usar muitos sabores portugueses, temos muitos pratos experimentais, quase tudo para comer à mão. É despretensioso.”
Rua Moto Clube de Faro 5 R/C (Faro). 929 373 135. Qui-Seg 19.00-00.00