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São mais de 40 concertos em palcos como uma piscina de água quente, um hangar de aviões ou uma loja de camisas. O Tremor vai abalar os Açores entre 20 e 24 de Março.
Em 2016, a Time Out Londres descobria o epicentro dos Açores com um artigo sobre o Tremor em que apontava 10 razões para ir ao festival. Além das baleias e de uma mina de ouro de paisagens para os londrinos partilharem no Instagram, estava o “hip-hop açoriano”, representado ali por Fred Cabral, natural de São Miguel.
Dois anos depois, e com o festival a caminho da sua quinta edição (regressa a São Miguel entre 20 e 24 de Março), novas razões surgem para comprar um voo e assistir ao festival que promete dar nas vistas dentro e fora do país.
A começar pelo nome, mesmo a calhar em tempos de crise sísmica: Tremor. É verdade que o festival surgiu em 2014 para agitar as placas tectónicas culturais da ilha (primeiro como “um festival de 24 horas de música portuguesa no centro de Ponta Delgada”, recorda António Pedro Lopes, da organização, agora como um “festival internacional de música independente”). Mas não foi esse abalo na ilha que determinou o nome.
(A primeira edição do Tremor, em 2014)
“Não é para assustar ninguém, mas tremores de terra existem sempre. No primeiro ano, na véspera [do festival], houve um de escala 5”, recorda António, que criou o Tremor ao lado de Luís Banrezes, da agenda cultural Yuzin, e da editora e promotora Lovers & Lollipops, que também organiza o Milhões de Festa, em Barcelos.
Os festivaleiros do Tremor variam entre “putos de 16 anos” e locais com oitentas e muitos. “É uma mistura de pessoas que vem de todo o lado, de Lisboa, do Porto, franceses, alemães, suecos, australianos”, enumera António que às vezes se pergunta: “De onde é que vieram estas pessoas? Como é que elas descobriram isto?”
Em quatro anos, o Tremor já ganhou um público fiel que se repete todos os anos, outros que descobrem o festival pela primeira vez e, em média, são 1500 pessoas por dia – chegam a 2000 no último dia, sábado, onde se continua a apostar em 24 horas de música no centro de Ponta Delgada, com concertos em sítios tão inesperados como uma estação de correios ou uma camisaria.
Nos outros dias, e com palcos espalhados pelos vários conselhos da ilha, o cenário vai sempre mudando, mas a dimensão familiar continua. Já houve concertos num “hangar de aviões em Ponta Delgada”, numa piscina de água quente (não se esqueça do fato de banho) ou no meio da natureza, depois de caminhadas de quase uma hora, como aconteceu o ano passado, com o trilho da Janela do Inferno, acompanhado por uma banda sonora criada pelo holandês Jacco Gardner.
“Começas a estar com pessoas em situações inesperadas”, continua António, que é natural de São Miguel. “Há essa dimensão de surpresa e as pessoas entram num jogo de diálogo e de entreajuda, arranjam boleia umas com as outras... Isso acaba por dar uma dimensão humana e não massificada ao festival.”
(A edição de 2017)
A surpresa continua a ser um dos grandes trunfos do festival e que por aquelas bandas parece ser inesgotável. “São Miguel é um laboratório com muita potencialidade, natural e humana”, resume António.
Enquanto ainda não sabemos os palcos, o cartaz completo foi divulgado com um mês de antecedência, sempre guiado por um “princípio de ecletismo e diferenciação”.
São mais de 40 concertos, dez residências artísticas, um ciclo de conversas e várias actividades paralelas. Entre as confirmações mais recentes estão os Sheer Mag, 10000 Russos, Gonçalo, O Gringo Sou EU (que vai desenvolver um espectáculo com a Escola de Música de Rabo de Peixe) e Lava Jazz Quinteto.
Já anunciados estavam também nomes como Dead Combo (prestes a lançar um novo álbum), Mykki Blanco, Liima, The Parkinsons, BLEID, Mdou Moctar, Boogarins, Aïsha Devi, Ermo, The Mauskovic Dance Band, Zulu Zulu, Três Tristes Tigres ou o rapper da ilha Terceira Fugitivo.
(Alguns nomes da edição de 2018)
“Não há só lagoas e bifes incríveis de vacas felizes”, diz António. “[São Miguel] não é só um mega parque de atracções natural. Também começa a haver propostas culturais que de alguma maneira marcam o território ao longo do ano.”
O Tremor, fora da época alta do turismo, é a prova disso.
Veja a programação completa do festival em www.tremor-pdl.com
Entre 20 e 24 de Março, em São Miguel. 35€, bilhetes aqui.
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