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Em oito dias, petição para salvar Academia dos Amadores de Música ultrapassa 6000 assinaturas

Instituição histórica do Chiado está em risco de desaparecer. Câmara de Lisboa conhece situação há muito, mas diz não encontrar solução. Moedas pede ajuda ao Governo.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Academia dos Amadores de Música
Arlei LimaAcademia dos Amadores de Música
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A petição foi criada a 28 de Outubro e é uma espécie de último grito da Academia dos Amadores de Música, instituição fundada em 1884 e intimada a sair do espaço que ocupa há 67 anos, pelo aumento do valor da renda, conforme noticiou a Time Out em Dezembro. "A manutenção desta instituição num regime com nova renda e sem garantias de protecção para lá de 2027 tornou-se inviável", pode ler-se agora na petição.

Para permanecer na Rua Nova da Trindade, a instituição teria de pagar 3728 euros mensais, em vez dos 542 que estavam previamente acordados com o proprietário. Em suma, "se a Academia de Amadores de Música não tiver o problema das instalações rapidamente resolvido, não se antevê como poderá assegurar o ensino da música no ano lectivo de 2025-2026 aos 320 alunos que frequentam actualmente a Academia", refere o documento. O apelo é, assim, para que "haja uma solução de fundo", "que passe pela aquisição do espaço onde actualmente funciona, ou pela cedência em permanência de um espaço adequado à prática da actividade da Academia, incluindo nos seus requisitos de centralidade e acessibilidade".

A centralidade é, aliás, um ponto fulcral para a instituição, que funciona no Chiado e que tem acordos com várias instituições de ensino das proximidades. "Já nos falaram em ir para Marvila ou o Beato, mas seria uma loucura pôr professores e alunos a deslocarem-se até lá com a rede de transportes que temos, num sítio onde não há metro. Não havendo centralidade, sabemos que, a prazo, seria a morte da academia”, frisou à Time Out o presidente da instituição, Pedro Barata.

Reuniões com Governo e autarquia

Contactada há vários meses pela Academia, no sentido de encontrar um espaço alternativo para a sua actividade, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) não apresentou, até ao momento, soluções, alegando não as ter. A 30 de Outubro, aliás, o presidente do executivo, Carlos Moedas, afirmou que “a Câmara tem feito todo o possível" mas deixou "um apelo ao Governo, ao Ministério da Cultura, aos vários ministérios", para que se encontre uma resposta viável para o problema. "Lisboa pode ajudar, mas estamos aqui a falar de algo que é de âmbito nacional e de associações centenárias que merecem este espaço”, declarou o autarca, citado pela agência Lusa.

Na segunda-feira, 4 de Novembro, a Academia expôs a situação numa reunião com o Ministério da Educação e, para o dia seguinte, tinha agendada um encontro com a Câmara de Lisboa. Na óptica de Pedro Barata, "o poder político tem o dever de garantir a continuidade de instituições privadas que desempenharam um papel na luta contra o Estado Novo, salvaguardando a memória de um passado que não está tão distante assim". O passado de "luta contra o regime autoritário que governou Portugal durante quase cinquenta anos" é agora destacado na petição, lembrando o trabalho de "músicos que foram impedidos pelo regime de dar aulas no Conservatório Nacional, tais como Fernando Lopes Graça (seu histórico director), Luís de Freitas Branco, Francine Benoît ou Maria da Graça Amado da Cunha".

Pela Academia passaram, ainda, nomes como Emmanuel Nunes, Bernardo Sassetti, Mário Laginha, Teresa Salgueiro, Gui e Zé Pedro, Pedro Ayres de Magalhães, Carlos Bica, Mário Delgado, entre muitos outros.

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