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Ao contrário do que costuma acontecer com grande parte das cerimónias de entrega dos prémios, quando a 7 de Abril acontecer a primeira gala do Guia Repsol Portugal, em Santarém, os chefs e os restaurantes distinguidos saberão exactamente o que vão receber. Por agora, já se sabe que serão 70 os restaurantes premiados com um, dois e três sóis (as distinções máximas). Haverá ainda quatro restaurantes a receber o sol sustentável, pelo seu compromisso com a sustentabilidade. Os números foram avançados oficialmente nesta quinta-feira e já tinham sido partilhados por alto com alguns chefs portugueses que participaram na gala espanhola, que aconteceu segunda-feira em Tenerife.
“O facto de as pessoas saberem antes se vão ou não receber alguma coisa torna o ambiente mais leve. Eu achei a gala de Espanha muito divertida, adorei”, reage à Time Out Marlene Vieira, ressalvando, de forma descontraída, que em Portugal “não nos podemos contentar com pouco”. Carlos Teixeira, chef da Herdade do Esporão, restaurante com uma estrela Michelin e uma estrela verde, considera já positivo que nesta primeira cerimónia de entrega dos sóis não fiquem por dar os três sóis. “Acho que isso é bastante interessante”, aponta.

Sendo o Guia Repsol um dos grandes concorrentes do Guia Michelin, a comparação torna-se por vezes inevitável, até porque ambos, seguindo os seus próprios critérios, distinguem a excelência na restauração. Foi em 2023 que a Michelin anunciou a decisão de separar Espanha e Portugal, passando a criar um guia e uma gala dedicados a Portugal – com a terceira estrela ainda por entregar por cá. Um ano depois, foi a Repsol que anunciou a aposta em Portugal.
“Vai ser bom haver outro guia que não a Michelin. Não deixa de ser um guia internacional e para os chefs e para todos os que trabalham na restauração é mais um momento para podermos estar todos juntos”, acredita Henrique Sá Pessoa.
Em Tenerife, coube a Sá Pessoa e a Marlene Vieria oficializarem em palco a vinda do guia espanhol para Portugal, perante uma plateia de chefs espanhóis que aplaudiu e festejou a novidade. Os dois, com Carlos Teixeira e João Oliveira, do Vista, em Portimão, puderam perceber o que os espera em Abril.
Uma gala "super dinâmica"
Ainda não se sabe quem apresentará a gala, marcada para o Convento de São Francisco, em Santarém, mas acontecendo à imagem da espanhola, que teve a dupla de apresentadoras Lorena Castell e Toni Acosta, terá de ter uma boa dose de humor. Até porque grande parte da cerimónia resume-se à entrega dos sóis de forma corrida. Ou seja, por cada chef chamado ao palco – e em Espanha foram 90 (dois três sóis, 17 dois sóis e 71 com um sol) –, é tirada uma fotografia com o troféu que tem a forma de uma bola em cerâmica.
Para João Oliveira, a ida a Tenerife serviu mesmo para perceber que a “gala [do Guia Repsol] é super dinâmica, com diferentes fases”. “Tem uma fase mais engraçada, outra mais formal com os discursos, mas não foi uma gala cansativa. Depois de irmos a Espanha, elevaram bastante o nível”, afirma, ao passo que Marlene não se coíbe de sugerir nomes para a apresentação. “Eu gostava muito que fosse a Joana Marques”, ri-se a chef. “Ou o Ricardo Araújo Pereira”, responde Carlos Teixeira. Sá Pessoa sugere César Mourão, que já antes apresentou os TheFork Awards. “Ou as Três da Manhã”, acrescenta, em referência a Joana Marques, Inês Lopes Gonçalves e Ana Galvão. “É preciso alegrar. As galas às vezes podem ser entediantes e a de Espanha não foi nada assim”, diz Marlene, que recebeu há pouco tempo a estrela Michelin para o seu Marlene, e para quem esta viagem foi também esclarecedora sobre as distinções. “Eu associava três sóis a três estrelas e já percebi que não é necessariamente assim.”
Em Espanha, Pedro Sánchez, do Bagá, em Jaén, e Susi Díaz, do La Finca, em Alacant, foram os premiados com três sóis, fazendo agora parte de um leque de apenas 44 restaurantes. De referir que esta distinção só é entregue àqueles restaurantes que, de acordo com os inspectores, entregam “uma experiência gastronómica excepcional, onde cada detalhe é cuidadosamente trabalhado, desde a escolha dos ingredientes até à execução dos pratos, serviço de excelência e uma carta de vinhos irrepreensível”.
Dois sóis reconhecem “restaurantes que demonstram maturidade e um conceito sólido, onde a técnica culinária, a qualidade dos ingredientes e a harmonia do serviço resultam numa experiência de alto nível”, e um sol “destina-se a espaços gastronómicos que se destacam pela autenticidade, pelo respeito pelo produto e pela capacidade de proporcionar uma experiência memorável, sendo locais que vale a pena descobrir”. O guia português, que será apenas digital, contará ainda com 180 restaurantes recomendados.
“O facto de os chefs saberem antes o que vão ganhar alivia muito a pressão. É um formato bastante diferente daquilo a que estamos habituados”, acrescenta João Oliveira, gerindo, ainda assim, as expectativas. “Eu gostava de ter dois sóis. Se calhar, estou a ser ambiciosa, mas gostava. Mas se eu tivesse um, já ficava feliz”, garante por seu lado Marlene. Para Carlos Teixeira, o objectivo é o sol sustentável e Henrique Sá Pessoa espera “dois no mínimo”. “Eu recebi dois no Alma há 15 anos”, recorda, convicto de que o seu restaurante no Chiado é melhor hoje do que era na altura quando a Repsol chegou a estar em Portugal, mas sem nunca ter conseguido grande destaque. O objectivo agora é fazer tudo tal como acontece em Espanha, onde o guia tem uma grande projecção, com inspectores recrutados por cá – cerca de duas dezenas – e uma gala para celebrar o meio.
Antes do grande evento, e para reforçar a união na comunidade, a marca organiza ainda um cocktail e uma festa de boas-vindas para todos. Não será diferente em Santarém, que contará com Rodrigo Castelo, chef do estrelado Ó Balcão, a comandar as hostes na cozinha.
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