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Em Portugal, 70 restaurantes vão receber as distinções máximas do maior guia espanhol

Ao contrário do que é habitual, no Guia Repsol os premiados são anunciados antes da gala. Em Portugal, já se sabe quantos restaurantes vão receber os sóis (e nem os três sóis vão ficar por entregar).

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Guia Repsol
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Ao contrário do que costuma acontecer com grande parte das cerimónias de entrega dos prémios, quando a 7 de Abril acontecer a primeira gala do Guia Repsol Portugal, em Santarém, os chefs e os restaurantes distinguidos saberão exactamente o que vão receber. Por agora, já se sabe que serão 70 os restaurantes premiados com um, dois e três sóis (as distinções máximas). Haverá ainda quatro restaurantes a receber o sol sustentável, pelo seu compromisso com a sustentabilidade. Os números foram avançados oficialmente nesta quinta-feira e já tinham sido partilhados por alto com alguns chefs portugueses que participaram na gala espanhola, que aconteceu segunda-feira em Tenerife.

“O facto de as pessoas saberem antes se vão ou não receber alguma coisa torna o ambiente mais leve. Eu achei a gala de Espanha muito divertida, adorei”, reage à Time Out Marlene Vieira, ressalvando, de forma descontraída, que em Portugal “não nos podemos contentar com pouco”. Carlos Teixeira, chef da Herdade do Esporão, restaurante com uma estrela Michelin e uma estrela verde, considera já positivo que nesta primeira cerimónia de entrega dos sóis não fiquem por dar os três sóis. “Acho que isso é bastante interessante”, aponta. 

Repsol
JUAN CARLOS TOROEmanuel Campos, da Câmara Municipal de Santarém; Chef Carlos Teixeira, Herdade do Esporão; João Leite, Presidente da Câmara Municipal de Santarém; Chef Marlene Vieira, Marlene; Chef Henrique Sá Pessoa, Alma; Pedro Beato, vice-presidente Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo; Chef João Oliveira, Vista.

Sendo o Guia Repsol um dos grandes concorrentes do Guia Michelin, a comparação torna-se por vezes inevitável, até porque ambos, seguindo os seus próprios critérios, distinguem a excelência na restauração. Foi em 2023 que a Michelin anunciou a decisão de separar Espanha e Portugal, passando a criar um guia e uma gala dedicados a Portugal – com a terceira estrela ainda por entregar por cá. Um ano depois, foi a Repsol que anunciou a aposta em Portugal.

“Vai ser bom haver outro guia que não a Michelin. Não deixa de ser um guia internacional e para os chefs e para todos os que trabalham na restauração é mais um momento para podermos estar todos juntos”, acredita Henrique Sá Pessoa. 

Em Tenerife, coube a Sá Pessoa e a Marlene Vieria oficializarem em palco a vinda do guia espanhol para Portugal, perante uma plateia de chefs espanhóis que aplaudiu e festejou a novidade. Os dois, com Carlos Teixeira e João Oliveira, do Vista, em Portimão, puderam perceber o que os espera em Abril.

Uma gala "super dinâmica"

Ainda não se sabe quem apresentará a gala, marcada para o Convento de São Francisco, em Santarém, mas acontecendo à imagem da espanhola, que teve a dupla de apresentadoras Lorena Castell e Toni Acosta, terá de ter uma boa dose de humor. Até porque grande parte da cerimónia resume-se à entrega dos sóis de forma corrida. Ou seja, por cada chef chamado ao palco – e em Espanha foram 90 (dois três sóis, 17 dois sóis e 71 com um sol) –, é tirada uma fotografia com o troféu que tem a forma de uma bola em cerâmica.

Para João Oliveira, a ida a Tenerife serviu mesmo para perceber que a “gala [do Guia Repsol] é super dinâmica, com diferentes fases”. “Tem uma fase mais engraçada, outra mais formal com os discursos, mas não foi uma gala cansativa. Depois de irmos a Espanha, elevaram bastante o nível”, afirma, ao passo que Marlene não se coíbe de sugerir nomes para a apresentação. “Eu gostava muito que fosse a Joana Marques”, ri-se a chef. “Ou o Ricardo Araújo Pereira”, responde Carlos Teixeira. Sá Pessoa sugere César Mourão, que já antes apresentou os TheFork Awards. “Ou as Três da Manhã”, acrescenta, em referência a Joana Marques, Inês Lopes Gonçalves e Ana Galvão. “É preciso alegrar. As galas às vezes podem ser entediantes e a de Espanha não foi nada assim”, diz Marlene, que recebeu há pouco tempo a estrela Michelin para o seu Marlene, e para quem esta viagem foi também esclarecedora sobre as distinções. “Eu associava três sóis a três estrelas e já percebi que não é necessariamente assim.”

Em Espanha, Pedro Sánchez, do Bagá, em Jaén, e Susi Díaz, do La Finca, em Alacant, foram os premiados com três sóis, fazendo agora parte de um leque de apenas 44 restaurantes. De referir que esta distinção só é entregue àqueles restaurantes que, de acordo com os inspectores, entregam “uma experiência gastronómica excepcional, onde cada detalhe é cuidadosamente trabalhado, desde a escolha dos ingredientes até à execução dos pratos, serviço de excelência e uma carta de vinhos irrepreensível”. 

Dois sóis reconhecem “restaurantes que demonstram maturidade e um conceito sólido, onde a técnica culinária, a qualidade dos ingredientes e a harmonia do serviço resultam numa experiência de alto nível”, e um sol “destina-se a espaços gastronómicos que se destacam pela autenticidade, pelo respeito pelo produto e pela capacidade de proporcionar uma experiência memorável, sendo locais que vale a pena descobrir”. O guia português, que será apenas digital, contará ainda com 180 restaurantes recomendados.

“O facto de os chefs saberem antes o que vão ganhar alivia muito a pressão. É um formato bastante diferente daquilo a que estamos habituados”, acrescenta João Oliveira, gerindo, ainda assim, as expectativas. “Eu gostava de ter dois sóis. Se calhar, estou a ser ambiciosa, mas gostava. Mas se eu tivesse um, já ficava feliz”, garante por seu lado Marlene. Para Carlos Teixeira, o objectivo é o sol sustentável e Henrique Sá Pessoa espera “dois no mínimo”. “Eu recebi dois no Alma há 15 anos”, recorda, convicto de que o seu restaurante no Chiado é melhor hoje do que era na altura quando a Repsol chegou a estar em Portugal, mas sem nunca ter conseguido grande destaque. O objectivo agora é fazer tudo tal como acontece em Espanha, onde o guia tem uma grande projecção, com inspectores recrutados por cá – cerca de duas dezenas – e uma gala para celebrar o meio.

Antes do grande evento, e para reforçar a união na comunidade, a marca organiza ainda um cocktail e uma festa de boas-vindas para todos. Não será diferente em Santarém, que contará com Rodrigo Castelo, chef do estrelado Ó Balcão, a comandar as hostes na cozinha.

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