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Em “Rare Earth”, Tony Cragg apresenta esculturas de todos os tamanhos e feitios

No Museu do Chiado, as obras do escultor inglês põem em retrospectiva a sua carreira. Há esculturas e desenhos para ver até 25 de Fevereiro.

Beatriz Magalhães
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Beatriz Magalhães
Jornalista
Rare Earth
Francisco Romão PereiraRare Earth
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Peças pequenas, grandes e ainda maiores, altas, volumosas e de formas angulares, de bronze, madeira, plástico e vidro, é o que pode encontrar em “Rare Earth”. A exposição no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado mostra o trabalho do inglês Tony Cragg, até 25 de Fevereiro do próximo ano.

Cragg tabalhava num laboratório e, todos os dias, desenhava. Apercebeu-se que o desenho lhe dava uma liberdade de pensamento e expressão que faltava ao trabalho laboratorial. Apostou então numa formação artística, e estudou em três escolas de arte. Hoje, com quase cinco décadas de carreira, o escultor inglês é um dos “mais relevantes artistas contemporâneos internacionais”, realça a directora do museu e curadora da exposição, Emília Ferreira, numa visita guiada antes da inauguração, a 26 de Outubro. “Ter a oportunidade de o trazer é extraordinário.”

Incluindo também desenhos, a mostra de 50 peças ocupa três pisos, numa disposição que foi pensada em diálogo com o artista. “[O processo de escolha das peças] tem a ver com as características do espaço e com a nossa vontade de fazer uma exposição com um carácter retrospectivo e abrangente”, explica a curadora. Apesar de não estarem expostas por ordem cronológica, a exposição aborda várias épocas da carreira do escultor, entre 1979 e 2023.

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Francisco Romão Pereira

Esta é a primeira grande exposição de Cragg em Lisboa, da qual serviu de antecâmara as quatro esculturas presentes no espaço público da cidade. Estas tornaram-se uma forma de “levar o museu para fora, para a rua”, e convidar o público a entrar no museu do Chiado. Ao subir as escadas para o segundo piso, Eroded Landscape, a única peça em vidro, pode ser vista de cima. À entrada da sala, Spectrum é composta por fragmentos plásticos coloridos que o artista recolheu nas margens do Reno, nos anos 70. Esta relaciona-se directamente com New Figuration que, a partir dos objectos de plástico, recria uma forma nova colorida.

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Francisco Romão Pereira

Forminifera é uma das maiores obras da mostra, feita em plástico e aço, que contrasta com In Relation. Esta é de gesso, “tem uma base estável e evolui de uma forma orgânica. Vai crescendo num sentido ascendente e cria movimentos laterais”, continua a curadora. Uma espécie de mandíbula gigante, de gesso, madeira e aço, Complete Omnivore mostra o lado arqueológico presente no trabalho de Tony Cragg.

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Francisco Romão Pereira

O escultor, que se define como “materialista radical”, escolhe trabalhar com muitos materiais diferentes devido às suas capacidades plásticas. Interessa-lhe “mostrar as superfícies e tensões internas da matéria”, representando formas novas, inspiradas em formas existentes, e que podem até lembrar objectos do quotidiano numa escala diferente. 

No terceiro piso, Masks, em pedra verde, introduz a leva seguinte de peças. Coloridas e de grande escala, estas passam por diferentes épocas da carreira de Cragg. Ao contrário de outros tipos de escultura, aqui o público é convidado a circular à volta das obras, de forma a apreender cada ângulo das mesmas. Nos desenhos, expostos nas paredes da sala, é possível ver “uma continuidade na investigação [do artista] que tem a ver com as formas geométricas que ele vai estudando no desenho e depois vai experimentando na volumetria da escultura.”

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Além de Senders, Upright, Red Figure, entre outras, destaca-se Sinbad, obra em bronze vermelho. Para produzir este tipo de peças, Tony Cragg recolhe objectos em plástico, misturando-os e transformando-os, o que leva a que o resultado alcançado não se assemelhe ao objecto inicial, nem pelo tamanho nem pela estrutura. Numa sala adjacente à sala principal, em que é projectado o filme de Chris Felver sobre Tony Cragg, há ainda duas peças em aço inoxidável, Hollow Columns e Elliptical Column.

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Francisco Romão Pereira

Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado. 26 Out-25 Fev. Ter-Dom 10.00-18.00. 0€-8€ 

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