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O GPS marca a chegada ao destino, numa estrada pouco movimentada, em Rio de Mouro. De um lado, umas vivendas, do outro um muro alto e uma entrada feita à medida de carruagens, tal é a antiguidade. É preciso seguir mais uns metros e virar à direita num caminho estreito para se entrar na Quinta da Fonte Nova (ou Palácio Fonte Nova), hoje um bonito espaço de eventos e casa do 1743, um restaurante italiano de fine dining que quer valer por si, com consultadoria de Joachim Koerper, chef com uma estrela Michelin, e da mulher Cintia Koerper, chef pasteleira.
“Estamos muito felizes por estar aqui e poder mostrar um pouquinho aos portugueses que também sabemos fazer cozinha italiana”, começa por dizer o chef alemão, que chegou a Lisboa há 20 anos para abrir o Eleven. “Nós já trabalhámos em Itália. Vamos muito a Itália de férias, amamos Itália e a cozinha italiana”, acrescenta, visivelmente entusiasmado com o desafio. “Foi amor à primeira vista, pelo espaço e pelas pessoas.”
Koerper refere-se aos argentinos Franco Bordoni e Nicolás Lehmann. É deles a quinta, comprada durante a pandemia, quando ainda não viviam em Portugal. “Quando procurávamos na internet, vimos esta propriedade e a nossa filha disse que era a casa dos sonhos”, recorda Franco. Entre um momento e o outro, passaram-se cerca de três anos. A visão que projectaram ainda não está finalizada, quem sabe não venham até a criar um pequeno alojamento, mas se há coisa que o argentino ambiciona é que o 1743 se torne num destino. Na verdade, revela, já tem acontecido. “No princípio, pensávamos que a localização poderia ser um desafio, mas desde o dia em que abrimos que nos surpreendemos e vemos que não. Isto está perto de tudo, é um ponto médio de muitos lugares. De Lisboa são 25 minutos, de Cascais ou Sintra também não é nada”, defende. “E depois a grande virtude é que temos parque de estacionamento e isso faz com que o acesso seja muito fácil.”
Numa quinta com três séculos, o estacionamento é quase um detalhe. Não faltam espaços e recantos, ora um chafariz, ora uma estufa – tudo encantadoramente bonito. Também por isso, a aposta do casal nos eventos. Têm sido muitos os casamentos, mas também encontros de empresas e outros que tais. “Nós queremos que todos os que vêm encontrem algo que os faça sentir-se confortáveis e que se surpreendam”, aponta Franco, para quem esta quinta é “um espaço muito lindo, agradável, confortável. “Tem muita história, às vezes mistura-se bastante. Olhando para o palácio, dependendo da perspectiva, dá para imaginar que poderíamos estar em Itália, mas depois há os azulejos antigos, típicos portugueses, a capela”, enumera, com o desejo de que não se olhe para o 1743 apenas como um lugar bonito. “Não venham apenas por isso, queremos mesmo que a cozinha seja a protagonista. Às vezes, há sítios que são super agradáveis, lindos, e a cozinha não acompanha. Aqui, nós queremos o oposto, ou seja, que a cozinha seja a protagonista, e que o espaço acompanhe.”
Na sala ou na esplanada, o ambiente é acolhedor. Clássico, sem ser pesado. Romântico, sem ser piroso. Na cozinha, o exercício não é diferente. “Estamos a conseguir ter um restaurante de fine dining de primeiro nível que poderia estar em Itália. Esse é o conceito. É puramente italiano, mas não se resume à cozinha clássica. Há uma cozinha italiana mais sofisticada, mais trabalhada, com ingredientes de primeiro nível”, resume Franco.
Joachim Koerper dá o exemplo do bucatini cacio e pepe “dalla brace” com queijo parmiggiano de 36 meses e pecorino romano (22€): “Cacio e pepe há em muitos lugares, mas o nosso passa primeiro pela grelha, pelo carvão, então tem esse outro gosto que não se encontro noutro lugar”. Já o prato de bacalhau, ao qual o chef deu o nome de “Bacalá, bacalá, bacalá” (33€), é um encontro entre Portugal e Itália. “É uma posta de bacalhau gratinado com um molho de alho e uma carbonara à Brás.”
Mas recuemos aos antipasti, onde há por exemplo um atum tonato (23€), feito com atum dos Açores, anchova, alcaparras, cebola roxa e tomate, ou uma salada caprese (20€), “com cinco variedades de tomates biológicos, manjericão, mozzarella e burratta”. Nos “primi piatti”, além do já mencionado bucatini cacio e pepe, destaca-se também um risotto a milanesa gratinado e folha de ouro (30€) e um talharinni com alho, peperoncino e camarão da costa (28€). Nos secondi, a barriga de leitão com parmigiano, nozes, sálvia, funghi porcini e polenta cremosa (30€) tem tido muita saída.
Nas sobremesas, da responsabilidade de Cíntia Koerper, tanto há uma panna cotta de buganvília com texturas de framboesas (15€), inspirada pela paisagem, como um elegante e fresco limoncelo (16€). “Também fiz o tiramisù [16€], que é muito tradicional, de uma maneira mais lúdica, mais contemporânea”, conta a chef pasteleira.
“É um menu um pouco diferente, um pouco mais elaborado, um pouco mais trabalhado. Com um gosto, um sabor muito especial e muito intenso”, resume Joachim Koerper, garantindo que esta consultadoria passa por também ter o casal ali presente “pelo menos uma semana por mês”. Até porque há também dois menus de degustação: um com sete momentos (125€) e o outro com oito (175€), mas já com trufa preta, caviar e pratos como leitão.
Quando conheceu Joachim e Cíntia Koerper, Franco percebeu o potencial da parceria, só não esperava que a resposta dos clientes fosse tão imediata. “Os clientes estão felizes. Não só felizes, mas surpreendidos”, exclama, contando ter já alguns regulares. “E há muitos portugueses”, orgulha-se.
Rua Álvaro Augusto Rodrigues Vilela, 137 Palácio Fonte Nova (Rio de Mouro). 927 932 859. Ter-Qua 12.30-14.30, Qui-Sáb
12.30-14.30/ 19.00-22.30. Dom 12.30-14.30
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