Notícias

Em São Pedro de Alcântara, abriu um hotel virado para a cidade (e para o vinho)

O Palácio Ludovice Wine Experience Hotel tem cinco estrelas e 61 quartos, todos diferentes. Mas nem só de turistas quer viver este hotel: tem o Solar do Vinho do Porto, o primeiro day spa da Caudalie em Lisboa, um restaurante e um bar abertos a todos.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Ludovice
DR
Publicidade

Já teve várias vidas, mas nunca como hotel de cinco estrelas. Em quase três séculos, começou por ser casa do arquitecto que lhe dá nome, João Frederico Ludovice (1673-1752), resistiu ao terramoto de 1755 e tornou-se modelo para o Marquês de Pombal. Também foi quartel-general da polícia e mais recentemente tornou-se no pouso do Solar do Vinho do Porto. Este era, aliás, um dos segredos mal guardados da cidade: umas portas que pareciam não convidar muito a entrar e que acolhiam uma verdadeira embaixada do vinho do Porto em Lisboa. Agora, e depois de um investimento milionário – 26 milhões de euros com a compra do edifício –, abre portas no Miradouro de São Pedro de Alcântara o Palácio Ludovice Wine Experience Hotel

O edifício, classificado como Imóvel de Interesse Público, está mais luminoso. O entra e sai pela porta principal denunciam a nova vida. Quase sem se anunciar, as reservas foram chegando. Lisboa retoma o seu lugar na preferência dos turistas, mas nem só para hóspedes vive o Ludovice. Pelo contrário, o hotel quer ser ponto de encontro também para quem vive na cidade. Seja pelo loja e day spa da Caudalie, seja pelo Solar do Vinho do Porto que continuará de portas abertas e a promover provas de vinhos, seja ainda pelo bar e restaurante, Federico. 

Ludovice
DR

O restaurante, que tem porta directa pelas traseiras do hotel, em pleno Bairro Alto, tem uma pinta cosmopolita. Destaca-se o grande balcão vermelho, mas é no pátio interior, onde ficam as mesas, que se está melhor. É bonito e luminoso, graças à claraboia cuidadosamente escolhida para ali. Na cozinha, está o chef Ricardo Simões, com experiência em hotéis como o Pestana Palace, o Sheraton ou o Verride Palácio de Santa Catarina. A proposta aqui centra-se na cozinha tradicional portuguesa com pratos como a chanfana de cabra velha, puré de batata e grelos (25€) ou o arroz de tamboril e camarão (28€). 

Sendo o vinho um dos focos do hotel, no Federico há mais de 300 referências portuguesas. Quando abrir a loja do Solar do Vinho do Porto – o que deverá acontecer nos próximos dias –, a experiência completa-se com provas e outras iniciativas. Não é por acaso que o hotel leva no nome “Wine Experience”. 

Jacques Chahine e Miguel Câncio Martins são os nomes por detrás desta transformação. Foram eles que compraram o edifício e tiveram a ideia de o tornar numa unidade hoteleira. Miguel Câncio Martins não é novo nisto. É dele também a Quinta da Comporta.  

Ludovice
DRPalacio Ludovice Lisboa

Eu queria ter um hotel em Lisboa, não estava com muita pressa, mas depois quando vi esta oportunidade…”, começa por contar o arquitecto que assina também o projecto de reabilitação. “Não há melhor sítio do que este em Lisboa, com estas vistas desafogadas”, continua, explicando que foi feito um esforço para manter tudo o que fosse possível manter. Para isso, mergulharam na história e nos arquivos. O que nos últimos anos estava fechado foi aberto, as paredes foram restauradas. “Tudo o que conseguimos conservar, conservámos”, diz. “A DGPC [Direcção-Geral do Património Cultural] gostou muito, diz que foi uma das melhores renovações que viram.” 

Palácio Ludovice
DR

Precisamente por ser um edifício classificado, há regras a seguir. O resultado são 61 quartos, todos eles diferentes entre si. Criaram-se novas tipologias, com preços a começar nos 220€. Há um quarto que nos tempos de João Frederico Ludovice era uma cozinha comunitária, outro que pelo tamanho e pela impossibilidade de se dividir é maior que todos os outros – a solução aqui foi fazer a casa de banho dentro de uma box a meio do quarto. Há andares com o pé direito mais alto que outros, paredes de azulejos azuis e brancos de diferentes períodos, uma capela com símbolos maçónicos e inscrições hebraicas que é hoje sítio de passagem para o quartos, várias zonas de descanso longe dos olhares e uma escadaria majestosa.  

Ludovice
DRA capela

Com o tempo, é provável que o Ludovice se torne numa paragem frequente na cidade. Há muitas salas vazias que podem receber uma agenda, de pop-ups a iniciativas culturais – quase sempre regadas a vinho. 

+ Sala de Corte é a única steakhouse portuguesa entre as melhores do mundo

+ La Malquerida, uma taqueria em Lisboa com essência de roulotte mexicana

Últimas notícias

    Publicidade