[title]
A abertura de uma nova loja, a primeira com porta e montra para a rua, foi aquilo a que João Morais Leitão chama de "golpe de sorte". Depois de correr toda a rua de São Paulo em busca de espaços vagos (e de boas oportunidades de arrendamento) chegou aqui, juntamente com o amigo e sócio João Berberan. De um antigo armazém de uma loja de decoração fizeram uma tela branca e industrial, capaz de fazer sobressair o minimalismo funcional da Fairly Normal.
"Precisávamos de um espaço que personificasse a marca", esclarece o primeiro. Dito e feito. O projecto de Miguel Ortigão e Mariana Peralta, do Studio Alba, revelou ser o pano perfeito. O espaço, emoldurado por estruturas de madeira e metal, podia ser uma galeria de arte contemporânea. Em vez disso, as peças de vestuário masculino alinham-se no expositor colocado à esquerda. As malhas de Inverno estão do outro lado, dobradas.
Mas nem só de roupa vive a nova casa da Fairly Normal – há livros, óculos de sol, velas perfumadas e pranchas de surf, uma colaboração com a Nothing Surfcrafts, que segue o mesmo design depurado aplicado à moda. Tudo isto devidamente harmonizado com uma pintura de Filipe Real Marinheiro e cerâmicas de Joana Passos, sinal de que a dupla quer também dar espaço a diferentes criadores.
Dúvidas houvesse, o surf está na génese desta marca lisboeta. "A ideia foi sempre tentar trazer um lado mais refinado à cultura do surf. Há muito aquele estilo dos beach boys, do surf australiano, mas que acaba por não representar quem vive numa cidade como Lisboa", começa por explicar João Morais Leitão. "Pegámos em peças clássicas e tornámos os cortes e os tecidos mais confortáveis e descontraídos. Nós próprios fazemos surf e queremos poder ir surfar de manhã e poder seguir directos para uma reunião", completa João Berberan.
Além do conforto, a sustentabilidade também entra na equação. A escolher um selo, os dois sócios preferem classificar a marca como "responsável", resultado da utilização de fibras orgânicas ou recicladas e do reaproveitamento de dead stocks. A primeira colecção foi lançada em Janeiro de 2021 – as bases de um guarda-roupa prático e à prova de praia e cidade, posteriormente complementado com pequenos lançamentos. Clássicos como as malhas de Inverno têm lugar cativo, mas vêem a paleta renovada, estação após estação.
No Verão do ano passado, abriu a primeira loja, no Príncipe Real (que continua aberta). "Tivemos uma óptima experiência na Embaixada. Aumentámos as vendas brutalmente", resume João Berberan que, tal como o sócio, vem da área da gestão e do marketing. Ter uma loja física esteve sempre nos planos da Fairly Normal, mas o sucesso superou as expectativas.
Agora, no Cais do Sodré, a dupla espera alcançar um público mais jovem, mesmo que os estrangeiros continuem a dominar a carteira de clientes. Os portugueses, contudo, estão a descobrir a marca. A nova loja quer acelerar o processo, através de uma programação que poderá incluir pequenas exposições, concertos e visionamentos de filmes. Tudo pela vontade de ir além da roupa.
Rua de São Paulo, 102 (Cais do Sodré). 91 666 0841. Seg-Dom 12.00-20.00
+ Sete anos depois de deixar o Bairro Alto, Fátima Lopes chegou à Avenida
+ Há um novo oásis de beleza na Avenida. Já abriu a Maison Sisley