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Entre Almodóvar e Zemeckis, o LEFFEST encontrou mais espaço e coloca alguns focos na guerra

Entre 8 e 17 de Novembro, o festival volta a Lisboa, ocupando este ano ainda mais dois espaços. Além do cinema, também há concertos, exposições e literatura.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Pedro Almodóvar
©DR'The Room Next Door,' de Pedro Almodóvar
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Desde o ano passado que o LEFFEST passou a ser um festival de cinema exclusivamente lisboeta. Com Sintra e Estoril no passado, a próxima edição acontece entre os dias 8 e 17 de Novembro entre o Teatro Tivoli, o Cinema São Jorge e o Cinema Nimas, aos quais se juntam dois novos espaços: o MUDE – Museu do Design de Lisboa e o Liceu Camões.

Todos os anos, o LEFFEST tenta desenhar um programa que traga uma selecção dos melhores filmes lançados no último ano, muitos deles já distinguidos em alguns dos melhores festivais do mundo. Bons exemplos disso são os dois filmes que inauguram esta edição e que integram a Selecção Oficial não competitiva. São eles The Room Next Door, a primeira longa-metragem de Pedro Almodóvar falada em inglês, vencedora do Leão de Ouro no último Festival de Veneza; e The Brutalist, drama histórico de Brady Corbet, obra que recebeu o Leão de Prata no mesmo festival. Nesta secção do LEFFEST, destaca-se também a estreia mundial do filme português Longe da Estrada, de Hugo Vieira da Silva e Paulo Mil Homens, sobre a viagem ao Taiti do médico e poeta francês Victor Segalen, com a missão de conhecer Gauguin.

O filme de encerramento é realizado por um monstro de Hollywood, de seu nome Robert Zemeckis. Here conta a história de um lugar e os seus habitantes ao longo de várias gerações, numa produção que é ao mesmo tempo um reencontro de nomes ligados a Forrest Gump, também realizado por Zemeckis, escrito por Eric Roth e protagonizado por Tom Hanks e Robin Wright.

Robert Zemeckis
©DR'Here', de Robert Zemeckis

Na Selecção Oficial – Em Competição, encontramos mais uma longa-metragem distinguida em Cannes, com o Prémio Especial do Júri: The Seed of the Sacred Fig, do iraniano Mohammad Rasoulof, que acompanha um oficial de justiça promovido para o Tribunal Revolucionário de Teerão, onde lhe é atribuída uma arma para levar a cabo sentenças de morte sem julgamento. Até que a arma desaparece de sua casa, levando-o a suspeitar da própria família. Em competição também está o filme português On Falling, de Laura Carreira, que chega ao LEFFEST com a Concha de Prata para Melhor Realização, do Festival de San Sebastián. Há ainda direito à ficção científica de David Cronenberg, com o seu último filme The Shrouds.

O festival dedica dois ciclos temáticos aos conflitos que têm tomado conta do planeta. Um é inteiramente dedicado à questão da Palestina, num exercício de memória e reflexão através da sétima arte e não só. O ciclo é composto por cinco obras que ajudam a recordar a história da Palestina, em sessões seguidas de conversas com alguns realizadores, e está ligado a algumas actividades paralelas ao programa. É o caso de uma leitura de poemas da antologia Se eu tiver de morrer – Poesia de Resistência Palestiniana – séc. XXI; e do concerto Make Freedom Ring, projecto que integra músicos de todo o mundo (António Victorino de Ameida incluído) e envolve uma angariação de fundos para os Médicos Sem Fronteiras a operar na Palestina e territórios vizinhos.

Leitão de Barros
©DR'Camões' (1946), de Leitão de Barros

Por falar em poesia, no Liceu Camões serão assinalados os 500 anos do nascimento de Luis de Camões, com leituras declamadas pelos próprios alunos e por actores e também musicadas por JP Simões ou Carlos Maria Trindade. No auditório da escola será ainda estreada a cópia digitalizada e restaurada pela Cinemateca do filme Camões (1946), de Leitão de Barros, uma sessão seguida de debate sobre o que era o cinema durante o Estado Novo. E o ginásio da escola acolhe a exposição “Guerra e Paz”, com fotografias de Marie-Laurie de Decker e Noel Quidu, que nos transporta para vários cenários de guerra das últimas décadas. Já no MUDE será inaugurada uma exposição de pintura do artista plástico português Carlos Cobra. Nascido em 1940 em Alcácer do Sal e actualmente a residir em Paris, tem uma obra ainda desconhecida pelo grande público português e que aqui será divulgada, numa amostra do seu trabalho nos últimos anos.

A programação do LEFFEST, que foi apresentada esta quinta-feira na Câmara de Lisboa, pelo presidente Carlos Moedas e pelo produtor e programador Paulo Branco, está disponível na íntegra no site do festival.

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