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Feitas as contas, Priscila passou quatro anos no Príncipe Real – primeiro na Embaixada, edifício que acabou por ditar o nome do próprio negócio, e mais tarde numa das mais cobiçadas e charmosas moradas lisboetas, a esquina arredondada (e com vista para o miradouro) da Rua Dom Pedro V com a Rua Luísa Todi. Mas o espaço era demasiado pequeno, o bairro demasiado turístico e a maternidade fez as suas exigências. A Embaixada das Flores fechou portas no Verão e reabriu agora, no coração da Madragoa.
"A loja era muito pequena e o Príncipe Real também se tornou muito turístico e o turista chegava, tirava foto na fachada e ia embora. Aqui, não. Aqui é bairro", começa por explicar Priscila Alves Ribeiro, que recebeu a Time Out no novo espaço. E o que é de uma florista sem um bairro? Por aqui passam clientes portugueses, franceses, americanos, brasileiros e angolanos – em suma, vizinhos que se cruzam num dos bairros mais internacionais da Lisboa de hoje.
"Quero que entrem e fiquem, não têm de comprar nada", exclama a proprietária. Para isso, fez questão de criar uma loja com todos os confortos. Dois sofás, forrados com um padrão floral exuberante, convidam a sentar. Há livros e revistas à disposição, música ambiente, plantas de interior e uma atmosfera suficientemente acolhedora para nos demorarmos no interior. De um antigo restaurante, decadente e maltratado, fez um recanto cor-de-rosa, onde praticamente tudo tem uma história.
"Para cada coisa que olhar aqui dentro vou contar uma história. Vamos ficar aqui horas", avisa. A relação de Priscila com velharias e antiguidades é longa e na nova Embaixada das Flores há, finalmente, espaço para exibí-la em todo o seu esplendor, dos pequenos quadros comprados a um coleccionador da Provença à cadeira dos anos 40 que arranjou para a primeira loja. A lista continua – o velho baú que usava aos pés da cama, ainda no quarto de solteira, as malhas de viagem cor de laranja que teima em não vender e o próprio balcão, uma relíquia dos anos 50, com tampo de mármore e praticamente intacto.
Os objectos ajudam a criar ambiente. Tudo o resto está à venda e resulta de uma curadoria que mistura autores nacionais e achados de outras paragens, com destaque para a cerâmica e olaria. Há peças feitas por alguns vizinhos estrangeiros, mas também vasos vindos directamente do Redondo. À entrada, os potenciais centros de mesa são na verdade cerâmica italiana, enquanto as peças em bronze foram compradas em Marrocos. Através das viagens, Priscila coleccionou objectos e construiu um estilo. Um estilo que não é minimalista nem campestre, mas que persegue a riqueza dos arranjos provençais, com flores frescas e vasos e jarras imponentes.
E depois, claro, há as flores, com destaque para os ranúnculos e para as hortênsias, as espécies favoritas da anfitriã. Os primeiros cumprem a nobre missão de colorir o espaço, as segundas por enquanto estão ausentes e aguçam ainda mais o desejo de dar as boas-vindas à Primavera. Os ramos podem ser comprados na loja ou encomendados para entrega ao domicílio – os preços começam nos 20€ e podem chegar aos 190€.
Mas os bouquets não são os mais procurados na Embaixada das Flores. As caixas que juntam flores e macarons são a verdadeira especialidade da casa. Disponíveis em dois tamanhos, custam 46€ e 62€, e também já têm uma versão com brigadeiros, igualmente doce.
Com uma loja maior, Priscila já planeia o regresso dos workshops. O primeiro chega em Março e será dedicado a velas caseiras, como as que são produzidas aqui na loja, dentro de chávenas de chá antigas. Uma agenda que se quer preenchida, com sessões dedicadas a ramos e arranjos decorativos.
O flower bar é outro dos serviços que cabem na nova morada – uma selecção limitada de flores a partir da qual os clientes podem compor o seu próprio bouquet, a um preço inferior. No final do dia, fica sempre um vaso do lado de fora da porta – algumas das flores que sobram são deixadas à mercê dos vizinhos que as quiserem levar para casa.
Rua da Esperança, 136 (Madragoa). 91 192 7418. Seg-Sex 12.00-19.00, Sáb 12.00-15.00
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