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Na montra, a figura esbelta de um flamingo cor-de-rosa mescla-se com um gira-discos clássico. A escultura causa estranheza a quem passa na Rua Presidente Arriaga, nas Janelas Verdes, a dois passos do Museu Nacional de Arte Antiga. Ali dentro a arte é outra.
Luca Colapietro, um italiano a viver em Lisboa, é o rosto atrás da Surrealejos, uma marca que pega na azulejaria portuguesa e lhe dá uma pitada de surrealismo. Troncos humanos unidos a cabeças de raposa ou pandas impecavelmente vestidos de fato e perna cruzada são algumas das imagens decalcadas nos azulejos, oriundos de uma fábrica nas Caldas da Rainha.
Com carreira na área da publicidade enquanto director de arte, Luca, natural de Bari, mudou-se para a capital portuguesa há cerca de sete anos sem planos. “Estava farto de trabalhar para os clientes e mudei-me para Lisboa sem projectos. No início ainda trabalhei numa agência durante alguns meses, mas depois tive esta ideia e deixei o trabalho na agência”, recorda. Deambulando pela cidade encantou-se pelos azulejos tipicamente portugueses. “Em Lisboa encontram-se em todo o lado e ficou na minha cabeça a ideia de fazer uma versão nova, surreal”, conta.
Pôs mãos à obra, criou a marca, o site, e lançou-se com uma loja na Calçada de Santo André. Ao mesmo tempo, aventurou-se em projectos especiais como um painel surrealista para um restaurante ou as paredes de uma casa de banho. Porém, a pandemia obrigou-o a abrandar e ditou mesmo o encerramento do espaço físico no final de 2020. “Estava farto de abrir e fechar, então pensei em ficar só online. Tinha o website, por isso já estava tudo preparado”, explica.
“A ideia não era abrir novamente, mas agora a situação está um pouco melhor e encontrei este espaço aqui. Está dentro do meu budget e a zona é fixe”, diz. “É bom porque é uma montra. Normalmente os turistas compram aqui ou vêm e encomendam online”, acrescenta, reconhecendo que a clientela é sobretudo turística. A nova loja abriu há três semanas num espaço pequeno, tal como a anterior, repleto de azulejos, ora individuais, com gancho, para pendurar na parede (10-20€), ora com cortiça (20€), “para pôr coisas quentes em cima”.
Rua Presidente Arriaga, 100 (Janelas Verdes). Seg-Sáb. 10.30-18.30.
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