[title]
Quem desce as escadas da Estação Ferroviária de Santos, em Lisboa, para chegar ao lado do rio depara-se, à esquerda, com um novo mural de arte urbana. É da autoria de Julien Raffin, 37, artista francês que trabalha habitualmente com colagens de papel. Desde finais de Dezembro que quem por ali passa pode ver o painel de azulejos La Folie des Grandeurs.
A obra faz parte de uma série em que o artista trabalha desde 2017. “Esta série questiona a noção de progresso, em diferentes aspectos”, conta Raffin à Time Out, por telefone. “Representa valores de liberdade e união, e ecoa os desejos de pessoas de mente aberta que acreditam num futuro melhor”, acrescenta. O mural mostra duas mulheres, de cravo vermelho ao peito, a interagir com a ponte 25 de Abril. “Quis pôr mulheres na frente das cidades modernas, como Lisboa”, explica, confessando a intenção de fazer uma obra “relevante para a cidade”.
Habituado a expôr em galerias, o artista, radicado em Paris, tem pela primeira vez uma obra no espaço público. “É a primeira parede que faço, de sempre”, admite. O desafio surgiu no âmbito do programa de arte pública da Galeria Underdogs, em parceria com a Galeria de Arte Urbana, da Câmara Municipal de Lisboa. Raffin ganhou-lhe o gosto e já sonha com a próxima intervenção artística fora de portas.
“Quando colocamos arte no meio da rua, queremos que as pessoas brinquem com ela, que interajam com ela, que se questionem sobre o significado e sobre o que o artista quer exprimir”, explica. “É importante tornar a arte inclusiva e acessível. Gosto desta abordagem da arte enquanto factor de inclusão. Gosto que a arte não seja elitista, que não seja apenas vista e compreendida por alguns. Pode ser essa a abordagem e tenho muito respeito por esse tipo de arte, mas para mim o mais importante é que a arte seja inclusiva e possa ser vista pelo maior número de pessoas possível”.