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Chamam-se Raba Power, começaram em Lisboa e o objectivo é desenvolver os movimentos da zona pélvica e libertar o corpo. Populares na comunidade queer, as aulas são agora dadas online no Zoom duas vezes por semana. Falámos com uma das professoras.
Raba Power. O nome é sugestivo e vem mesmo do “feminino de rabo”, explica Luiza Cascon, uma das mentoras do projecto Raba Power, ao lado da também brasileira Flora Mariah. As duas bailarinas do Rio de Janeiro reencontraram-se em Lisboa e, em 2018, Flora, outrora ligada a um projecto funk com crianças numa favela, começava as aulas de Raba Power.
Apesar de se inspirar no funk, o objectivo da modalidade “não é aprender coreografias”, sublinha Luiza. A dança ajuda ao “autoconhecimento, à saúde e à sexualidade”, continua. “À maneira como nos relacionamos com o nosso próprio corpo e como nos movemos. A dança pode ajudar a libertar isso.”
As aulas, focadas em movimentos das ancas e da zona pélvica, aconteciam duas vezes por semana em Lisboa no BUS – Paragem Cultural e agora são dadas online na plataforma Zoom. “As pessoas estão aderindo, algumas já faziam aula com a gente, outras são novas e nem moram aqui em Portugal, mas estão aproveitando a oportunidade.”
Não é preciso nenhuma preparação especial, basta arranjar “um espaço em casa”, se houver um tapete de yoga melhor, e “roupas confortáveis, mais soltinhas”. “Toda a proposta da aula é encontrar um movimento através desse soltar, de conseguir relaxar e aí liberar mais o movimento, o músculo.”
As aulas são maioritariamente frequentadas por mulheres e também por homens, “geralmente gays, mas não só”, diz Luiza. No fim, costuma haver um momento de partilha, onde se debatem vários temas, muitos deles ligados à sexualidade e a tabus. “Algumas pessoas dizem que não estão acostumadas a fazer este tipo de movimentos, que não se permitem movimentar desta forma, excepto quando se estão relacionando sexualmente”, afirma a professora.
A Raba Power fez parte, no ano passado, da programação do Festival Feminista de Lisboa, onde a promessa era a de “embarcar num processo de descobertas sobre si e de resgate no prazer com o próprio corpo”, lia-se na programação. “Numa sociedade onde a sexualidade da mulher ainda é vigiada pelo patriarcado, rebolar a Raba torna-se também um acto de resistência política.”
Luiza acrescenta: “É um benefício físico, mas também emocional, de desbloqueio, para ajudar a fazer fluir outras questões da vida da pessoa.”
As aulas duram uma hora e acontecem às terças e quintas-feiras às 18.00 no Zoom. O custo é de 6€/aula, 20€/mês uma vez por semana, 40€/mês duas vezes por semana. + info em raba.workshop@ gmail.com.