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Da programação fazem parte linhas tão distantes quanto as do rapper Valete e as do escritor Gonçalo M. Tavares, tal como um espectáculo numa escola pública, caminhadas ao nascer e ao pôr-do-sol ou uma silent disco na sede do Clube Oriental de Lisboa. Sem fronteiras? Vejamos: The European Pavilion, o nome deste festival que acontece de 7 a 9 de Novembro, "coloca a questão da Europa e do seu futuro em destaque através de projectos e comissões artísticas", partindo da "convicção de que precisamos de mais espaços culturais que transcendam fronteiras nacionais".
Para provar a tese, o evento parte de um conjunto de viagens de barco por quatro rios europeus, um deles o Tejo, que fez desaguar o festival em Lisboa. Sob o tema Liquid Becomings, a ideia central foi esta: cada embarcação contou com "uma tripulação de cerca de cinco artistas, dois curadores e um capitão", funcionando como espaço para explorar "novas formas de convivência e futuros especulativos". Das residências artísticas nos rios Danúbio, Vístula, Reno e Tejo vão resultar conversas, mas também uma exposição na Quinta Alegre, em Santa Clara, um dos locais por onde passa o festival.
O público monta um barco, Tita Maravilha lê Gonçalo M. Tavares
No dia de abertura, 7 de Novembro, às 14.00, o público pode assistir e participar na montagem de um barco, na Doca do Poço do Bispo. Às 18.00, o festival chega às instalações do Clube Oriental de Lisboa (COL), em Marvila, com um concerto das Batucadeiras das Olaias, continuando até à uma da manhã, com um jantar comunitário servido por membros de diferentes comunidades estrangeiras a viver em Lisboa e os sets de Lil Bukkake (da pop à cumbia) e Didi (da kizomba ao afrobeat).
Já no segundo dia, às 16.30, o rapper Valete e os alunos do 9.º B da Escola EB 2 e 3 Pintor Almada Negreiros, em Santa Clara e num território comum a comunidades imigrantes e ciganas, apresentam os resultados de uma oficina centrada na música e na noção de Europa. Às 17.45 (e também no dia seguinte, às 07.45, ao nascer do sol), é a vez de Paula Diogo apresentar Terra Nullius, uma audio-caminhada (o local de partida é informado aos participantes mediante inscrição) que parte do "termo criado pela lei internacional para definir territórios que não pertenciam a ninguém e por isso podiam ser ocupados", mas que também remete para "uma espécie de oásis de liberdade". Às 22.00, o COL recebe um concerto da compositora e intérprete sérvia Marija Balubdžić, para a seguir tornar-se o palco de uma roda de samba.
Já no sábado, às 14.30, o programa conta com um dos seus momentos mais altos, na Biblioteca de Marvila. A performer Tita Maravilha lê o texto de Gonçalo M. Tavares Fábulas da Maldade para uma Europa Líquida, inédito e propositadamente escrito para o festival, acompanhada da performance de Adriana Proganó. Seguir-se-ão conversas e outros momentos de convívio, como uma silent disco no COL, às 22.00, sob a direcção artística de Alfredo Martins, co-fundador da associação teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser. O espectáculo, refere a organização do festival, "procura especular sobre a natureza do ‘clubbing’ como um acto de resistência". A festa prolonga-se até às três da manhã, levando o clubbing à prática, primeiro sob a inspiração do tecno de Detroit dos Ekco Deck e Putos Secos e, depois, com o electro-indie (e não só) da DJ Nicolle Velcro.
A âncora do festival será a Doca do Poço do Bispo, onde haverá informação detalhada sobre cada um dos eventos e participantes.
Vários locais. 7-9 Nov (Qui-Sáb) Vários horários. Entrada livre
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