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Este livro convida os mais novos a trocar a desconfiança pela curiosidade

A nova obra de Margarida Fonseca Santos está cheia de mistérios, armadilhas e maravilhas contagiantes.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Um Problema Explosivo
© Hélder Teixeira PelejaUm Problema Explosivo, de Margarida Fonseca Santos e Hélder Teixeira Peleja
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Era uma vez… Não, esperem, nem sequer sabemos qual o espaço-tempo desta história. O que interessa é que há uma turma desconfiada de livros e uma professora de Matemática prestes a resolver esse problema que é não saber o quão mágico pode ser enfiar o nariz numa nova aventura. Com ilustrações de Hélder Teixeira Peleja e texto original de Margarida Fonseca Santos, Um Problema Explosivo convida os mais novos a trocar a desconfiança pela curiosidade, e a descobrir, por um lado, os benefícios e, por outro, os prazeres da leitura.

A ideia para este novo livro surgiu graças a uma “recordação recorrente”, conta-nos Margarida. Um dos seus filhos parou de ler quando se viu obrigado a resumir o que lia. Para reverter a situação, a autora decidiu “armadilhar a casa” com livros abertos, sempre virados para baixo. “Lia-os e sorria, deixava-os no sítio”, diz-nos por e-mail, e imaginamo-la a sorrir, traquina. É que o embuste teve frutos. O miúdo começou a pegar num, depois noutro, e entretanto nunca mais foi capaz de resistir ao mistério.

“Um dia, numa primeira aula de escrita, numa turma dificílima, apresentei-me e disse-lhes que ia contar uma história. Refilaram, disseram que não eram crianças. Mas pedi que me dessem uma oportunidade, e contei”, recorda Margarida, cheia de exemplos de como os livros são ferramentas de mudança. “Para ler, para querer ler, a curiosidade tem de ser estimulada, e nada melhor que o mistério, que a maravilha do ouvir, do contar, mesmo com hortaliças à mistura, como neste caso.” (As hortaliças fazem parte do problema de Matemática das primeiras páginas.)

Ler estimula a criatividade, trabalha a imaginação, exercita a memória, melhora o vocabulário – e não tem de ser chato. Em Um Problema Explosivo, o narrador não se limita a guiar-nos, também conversa connosco, espicaça-nos com interrupções. “Adoro que o narrador se desculpe, ou interceda a favor ou contra uma das personagens, que se assuste com algumas decisões, que provoque o leitor. Os miúdos ficam sempre expectantes, às vezes desconfiados, mas muito motivados para ir mais longe. Chegam a comentar ‘Oh, não!’, quando o narrador diz disparates ou faz perguntas desnecessárias.”

À medida que a narrativa avança, os miúdos – os de papel e os de carne e osso – vão ficando cada vez mais interessados no que escondem as páginas do livro da professora. As hortaliças e os problemas de Matemática ficam temporariamente para trás, mas a vontade de sair da sala de aula e ir para casa brincar também. De repente, sentem-se todos transportados para um outro espaço-tempo. “Acredito profundamente que os livros nos transportam para um outro tempo, que não se rege por campainhas e horários”, remata. “Os livros não precisam ensinar nada, nem devem ser moralistas. Devem, isso sim, estimular o leitor a chegar às suas próprias conclusões, a guardar as memórias e emoções que surgiram. Não há dois leitores que pensem e sintam o mesmo de um livro, e é nessa variedade que vive a interpretação individual das histórias. A leitura é fascinante exactamente por permitir que cada um leve dentro de si a história que, naquele instante, ouviu e sentiu.”

Com lançamento marcado para esta quinta-feira, 26 de Janeiro, Um Problema Explosivo será apresentado por Isabel Peixeiro no mesmo dia, às 18.30, na Fnac do Centro Comercial Colombo. A entrada é livre e a autora também estará presente para conversar com os leitores.

De Margarida Fonseca Santos (texto) e Hélder Teixeira Peleja (ilustração). Porto Editora. 32 pp. 10,90€

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