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Este movimento quer proibir voos nocturnos a 13 de Setembro

Mais de 120 organizações de todo o mundo, incluindo Portugal, querem declarar o Dia Internacional pela Proibição dos Voos Nocturnos nos Aeroportos. O movimento critica o sector da aviação por colocar os “lucros à frente da saúde das pessoas”.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Airplane
Photograph: Shutterstock/OlegRi
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E se o dia 13 de Setembro fosse declarado o Dia Internacional pela Proibição dos Voos Nocturnos nos Aeroportos? É esta a vontade de mais de 120 organizações de todo o mundo, de Lisboa a Melbourne, de Amesterdão à Cidade do México. “As descolagens e aterragens durante a noite constituem um incómodo irrazoável com consequências particularmente nefastas para a saúde de todas as pessoas que vivem nas imediações dos aeroportos. São desnecessárias e evitáveis”, lê-se no manifesto do movimento Stay Grounded, que também conta com o apoio de colectivos portugueses como o ATERRA, o Climáximo e Morar em Lisboa.

“A operação actual do Aeroporto Humberto Delgado viola as Orientações em Matéria de Ruído Ambiental da OMS e a própria legislação portuguesa, expondo mais de 100 mil pessoas a níveis de ruído acima do limite legal. Isto não prejudica apenas a qualidade do sono, como aumenta significativamente o risco de morbilidade e mortalidade de origem cardiovascular, e afecta as capacidades cognitivas e de aprendizagem em crianças e jovens”, alerta Hans Eickhoff, médico, investigador e activista do ATERRA, citado em comunicado.

Não é só Lisboa a testemunhar um aumento do tráfego aéreo e uma degradação da saúde e da qualidade de vida. Organizações de Frankfurt, Bruxelas, Luxemburgo, Barcelona, Marselha e Londres também subscrevem a preocupação e convidam os cidadãos a dizer “basta à impunidade com que o sector da aviação continua a aumentar os voos e a procurar lucros à custa da saúde das pessoas e do planeta”. “Consideramos que o Dia Internacional para a Proibição dos Voos Nocturnos nos Aeroportos é um sinal claro e duradouro contra a violação despropositada dos direitos das pessoas nos aeroportos e nas suas imediações”, esclarece-se na Declaração do dia 13 de Setembro como o Dia Internacional pela Proibição dos Voos Nocturnos nos Aeroportos.

“A literatura científica é inequívoca em relação aos perigos do ruído e da queima de combustível dos aviões na saúde das populações, que incluem degradação da qualidade do sono, lesões vasculares, doenças cardíacas, hipertensão arterial, patologia cardiovascular e acidente vascular cerebral”, reforça Hans Eickhoff, que também é membro da Rede Para o Decrescimento, que defende que “qualquer novo projecto aeroportuário [seja pela expansão do aeroporto actual ou pela construção de um novo aeroporto] é incompatível com a imprescindível redução da emissão de gases com efeito de estufa”.

Defendendo a interdição de voos no aeroporto Humberto Delgado entre as 23.00 e as 07.00, salvo eventuais atrasos e aterragens de emergência, o movimento recordou que, só durante as últimas semanas de Agosto, a associação Zero contabilizou mais de mil voos nesse horário, “sem contar com voos de carga, charters ou jactos privados”, quando por lei são permitidos apenas 91 movimentos aéreos semanais e 26 diários.

Em Portugal, o ATERRA propõe ainda “uma redução dos voos permitidos em Lisboa e o estabelecimento de limites ao tráfego aéreo em todos os aeroportos nacionais, de forma a respeitar o bem estar e a vida das populações, actuais e futuras”.

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