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Este novo café da Bica é uma cápsula da Escandinávia (e São Petersburgo)

As tostas abertas que fazem tradição no Norte da Europa comem-se agora neste pequeno espaço de Varvara Kroz.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Flat Café
Mariana Valle LimaA tosta com gravlax e queijo creme e a de rosbife e dijon
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Não fosse a esplanada à porta e o Flat Café, na Travessa do Cabral, passaria provavelmente despercebido. O espaço é pequeno, mas grande o suficiente para Varvara Kroz materializar o desejo antigo de abrir um café com as tostas que descobriu há cinco anos numa viagem à Escandinávia. 

À primeira apresentação pode parecer estranha a combinação: Varvara é russa, de São Petersburgo, onde foi jornalista e depois assessora na área da gastronomia, e abriu em Lisboa o Flat Café, depois de se ter mudado para cá há menos de um ano. A pandemia pode explicar alguma coisa, tal como o desejo de não estar parada. Foi depois de um curso online sobre restauração que deu por si à procura de um espaço. “Não era o que estava planeado, mas acabou por acontecer”, diz-nos Varvara, contando que tinha encontrado inicialmente um outro lugar, bem maior, mas o risco era alto devido ao investimento inicial.

Flat Café
Mariana Valle Lima

“Em Julho encontrei este espaço. Estava inicialmente para trespasse, mas o proprietário propôs alugar e eu achei que era a minha oportunidade, porque o investimento não era tão alto e parte do equipamento até já cá estava”, explica a responsável, revelando que antes do Flat Café existiu aqui um café com brunch que não conseguiu vingar. “Só tive de fazer umas pequenas alterações, pintar as paredes e fazer o menu.”

Ser mais um café de brunch nunca foi o caminho que quis seguir, até porque há muito tempo que Varvara sabia que queria fazer as tostas escandinavas, também conhecidas como smørrebrød, e que de forma simples se podem descrever como umas tostas abertas cobertas de ingredientes frescos. 

Flat café
Mariana Valle LimaVarvara Kroz

“Eu sou de São Petersburgo, mas a Escandinávia fica pertinho. Ia duas a quatro vezes por ano com o meu namorado, de carro. A Finlândia fica a cinco, seis horas de carro, é uma viagem fácil de se fazer”, conta, lembrando que foi precisamente numa destas viagens, em que passou pela Noruega e pela Suécia, além da Finlândia, que se deixou conquistar. “Apaixonei-me por esta imagem de comida simples, mas ao mesmo tempo muito saborosa e bonita. Há um lado estético forte nestes pratos. Depois disso, sonhei em abrir um café, queria abrir em São Petersburgo, mas este ano mudámo-nos para Portugal.”

Varvara não é cozinheira, Juntou-se a Roman Karimov, chef no Bowls&Bar, para desenvolver a carta, que sofrerá alterações conforme a estação. Mais perto do tradicional, há três, diz a proprietária: a tosta com gravlax e queijo creme (6€), a de camarão e maionese caseira (4,80€), e a de rosbife e dijon (4,60€). Depois há adaptações a Portugal. “A filosofia da cozinha nórdica passa por usar produtos frescos e locais. Não fazemos as tostas mesmo originais porque há ingredientes que não temos cá e por isso usamos o que temos.” O pão, como não podia deixar de ser, vem do também escandinavo Copenhagen Coffee Lab.

Flat Café
Mariana Valle LimaA tosta de tártaro de atum e puré de abacate e de camarão e mayo caseira

Exemplo disso é a tosta com bacalhau ao vapor e creme de batata (4,30€) ou de polvo com tomilho e batata doce (4,90€). A ideia é que se escolha sempre duas opções, que acompanham com salada. Mas, caso queira, há acompanhamentos extra como umas batatas que Varvara garante cheirarem a paraíso (ou a casa, para si), feitas com natas e endro (3,2€). 

Flat Café
Mariana Valle LimaBatatas com natas e endro

Para acompanhar, a aposta vai para o café de especialidade, os vinhos naturais e a cerveja artesanal. “É o que se encaixa nesta filosofia”, explica, acrescentando que o objectivo é que as marcas apresentadas possam rodar. Este mês há um café (V60/3,50€, bact brew/3€), para o próximo pode haver outro. E o mesmo acontece com os vinhos naturais (3,80€-4€/copo ou 16€/19€/garrafa), fornecidos pelos Goliardos, a loja de Campo Ourique. Já de casa, Varvara trouxe a receita de glögi (3,5€), o vinho quente que se bebe habitualmente na Escandinávia no Natal. 

Travessa do Cabral, 36 (Bica). Qua-Seg 10.00-19.00

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