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Onde até aqui ecoavam apenas orações ouvem-se agora acordes musicais. O 100, um espaço dedicado às artes e à troca de ideias, é o braço cultural de uma instituição há muito presente na cidade, o Luiza Andaluz Centro de Conhecimento, refúgio de décadas da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima. Os primeiros eventos fazem parte de um ciclo de concertos abertos ao público.
"Vivo aqui há trinta e tal anos e lembro-me de ver esta porta aberta duas vezes", começa por dizer Mafalda Leitão, coordenadora do Luiza Andaluz Centro de Conhecimento e membro da congregação que hoje acolhe 15 religiosas no número 100 da Rua da Escola Politécnica. Em Setembro de 2022, começou a receber os primeiros eventos esporádicos. Da vontade de criar uma programação sólida e alinhada com os princípios da casa, nasceu a ideia de fazer um primeiro ciclo de concertos, pela mão da Égide – Associação Portuguesa da Artes.
"A ideia sempre foi ter uma proposta de cultura e de espiritualidade no centro da cidade, então fomos fazendo conferências, encontros, pequenos concertos, algumas exposições. Agora é algo mais consistente", resume. O primeiro concerto aconteceu na capela – "o coração desta casa" –, no dia 1 de Fevereiro. O próximo acontece no dia 15, às 17.00, com A Paz da Europa de João Domingos Bomtempo. A esse seguir-se-ão mais quatro.
"O que fizemos foi tentar encontrar um programa que ajudasse a congregação a estabelecer uma ponte e a comunicar de forma adequada. Desenhámos um primeiro ciclo de seis eventos, em que a ideia é ter sempre música e uma conversa", explica Pedro Vaz Marques, vice-presidente da Égide. "Porque os nossos agendes culturais, os nossos artistas, os músicos também precisam de novos palcos, de sítios onde apresentar o seu trabalho e este tem uma dignidade incrível", conclui.
Estamos num palacete de meados do século XIX, adquirido por Luíza Andaluz, fundadora da congregação, ao conde de Fontalva, em 1934. "Há uma linha narrativa por trás deste ciclo de seis concertos – as origens da fundadora da congregação, que acreditamos ser uma mulher inspiradora e contemporânea e que levou a nossa curadora, Jenny Silvestre, a convidar estes seis grupos de músicos", acrescenta Mafalda.
O período histórico vai do final do século XIX aos meados do século XX. A congregação daria os primeiros passos na clandestinidade, com a abertura de um colégio para raparigas, em Santarém. Em 1923, Luíza Andaluz tornou-se proprietária da União Gráfica, na Rua de Santa Marta, produzindo com a ajuda das religiosas o jornal Novidades. Só em 1939 a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima é oficialmente reconhecida. A fundadora manteve a histórica gráfica lisboeta até 1973, ano em que morre, com 96 anos.
Os concertos estendem-se até 4 de Abril, mas a Égide deixa, desde já, a porta aberta a outras manifestações artísticas. A par com programação conjunta, a casa abre ao público todos os sábados para visitas guiadas, entre as 14.00 e as 18.00.
Rua da Escola Politécnica, 100 (Príncipe Real). Sáb 15 Fev, 1, 15 e 29 Mar, 4 Abr 17.00. Entrada livre
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