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Este projecto quer proteger as águias-de-Bonelli da Grande Lisboa

A mais pequena e discreta das grandes águias a viver em Portugal está “em perigo de extinção”. Agora, há um projecto para proteger a espécie na Grande Lisboa.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Águia-de-bonelli
Fotografia: T. R. Shankar Raman/Wiki CommonsÁguia-de-bonelli (Aquila fasciata)
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A águia-perdigueira (Aquila fasciata), também conhecida por águia-de-Bonelli, é a mais pequena e discreta das três grandes águias que vivem em Portugal. Mas, apesar de esquiva, encontra-se “extraordinariamente perto das pessoas” na Grande Lisboa. Agora, há um projecto para proteger a espécie na região. Chama-se LIFE LxAquila e está a ser promovido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Apresentada publicamente na terça-feira, 22 de de Junho, esta “rede de custódia pela conservação das águias-de-bonelli peri-urbanas” pretende incentivar as comunidades, as autoridades locais, os municípios e as empresas privadas a assumirem-se guardiões destas aves de rapina. Em Portugal, a espécie tem vindo a perder população nas últimas décadas, estando classificada como espécie “em perigo de extinção” no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Actualmente, há cerca de 150 casais em todo o país, dos quais entre 12 a 14 (cerca de 10%) se encontram em zonas urbanas da Grande Lisboa.

“Estas águias vivem extraordinariamente perto das pessoas, o que é muito raro. Por um lado, temos a oportunidade de ver e conviver com esta ave incrível, mas por outro significa que as águias estão no limite da sua tolerância: qualquer perturbação extra pode levá-las a abandonar o território”, frisou Joaquim Teodósio, coordenador do Departamento de Conservação Terrestre da SPEA e do LIFE LxAquila, que conta com um orçamento de quase dois milhões de euros, co-financiado em 75% pelo programa Life da União Europeia.

Com corpo claro, asas escuras e uma singular mancha branca no dorso, as águias-de-Bonelli adultas podem viver até aos 25 anos. As crias têm uma plumagem em tons ruivos e as fémeas são geralmente maiores do que os machos. Quanto ao nome de perdigueira, deve-se ao facto de caçar outras aves em pleno voo, incluindo pombos, que são uma das ameaças à conservação da espécie – os pombos domésticos transmitem-lhes tricomoníase, uma doença mortal. Mas há mais perigos à sua sobrevivência. Na Área Metropolitana de Lisboa, destacam-se as linhas eléctricas, a perda de locais de nidificação e alimentação e perturbações causadas por humanos, inclusive com ruído de motores e até tentativa de envenenamento.

Com a colaboração de 13 parceiros, incluindo seis câmaras municipais da região (Alenquer, Loures, Mafra, Sintra, Torres Vedras, Vila Franca de Xira), um dos objectivos principais do projecto passa por promover o aumento do número de casais, dos actuais 12 a 14 para 18, até Setembro de 2025. Para cumprir a ambição, a SPEA delineou um plano de acções, que incluem monitorizar 29 ninhos actuais e históricos, marcar e rastrear pelo menos sete espécimes juvenis, negociar acordos a longo-prazo com proprietários de terrenos em 26 áreas de reprodução, vigiar continuamente potenciais ameaças e promover também actividades e workshops de divulgação e educação ambiental. 

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