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Em Janeiro arrancou em soft opening, mas agora já está oficialmente inaugurado. Aproveitámos a ocasião para fazer uma visita guiada pelos achados arqueológicos deste hotel. E fique a saber que já pode fazer o mesmo.
A localização é privilegiada, com o rio mesmo em frente, Alfama a proteger as costas e o centro a menos de um quilómetro de distância. Se tudo isto é bom, a revitalização da frente ribeirinha vai tornar tudo ainda melhor. Depois de concluídas as obras no Campo das Cebolas (o parque de estacionamento fica pronto durante o mês de Março), a Doca da Marinha será a nova coqueluche das obras públicas de Lisboa.
O Eurostars Museum é o terceiro hotel da cadeia Eurostars em Lisboa (há o das Letras e o do Parque) e é especial. É um hotel, mas também é um museu e foram agora inauguradas as visitas guiadas por especialistas arqueólogos aos achados únicos que podem ser apreciados ao longo da unidade hoteleira de cinco estrelas.
Tudo funciona por marcação, os dias designados para as visitas são os domingos, a lotação máxima fixada nas 20 pessoas e a viagem ao passado fica-se pelos 5 euros.
As escavações no antigo Palácio Coculim (também conhecido como "o palácio incendiado" que no século XX passou a ser a casa dos Armazéns Sommer) desenterraram vestígios que datam desde a Idade do Ferro, passando pela ocupação romana, árabe e até ao século XX. As primeiras foram feitas entre 2004 e 2005 e aí já surgiram indícios de ocupação deste local desde os romanos. Dez anos depois os trabalhos foram retomados, já com a construção do hotel aprovada – com a condição da manutenção da fachada. Só que muito mais foi mantido.
A arqueóloga Raquel Policarpo (co-autora do livro Segredos de Lisboa e co-fundadora da Time Travellers, tudo com a arqueóloga Inês Ribeiro) guiou-nos pelos vestígios, cujo ex-libris fica no piso térreo e data da altura em que Lisboa ainda se chamava Olisipo: uma divisão de 39m2 de uma domus, típica zona residencial romana, esta com pavimento em mosaico do século II ou III e a maior in situ alguma vez descoberto em Lisboa. Ao centro do mosaico uma quase intacta Vénus que tenta alcançar a sandália, em representação de um antigo mito romano. Na mesma zona foram postos a nu um lajeado que fazia parte de uma rua romana, um tanque fontanário e um poço que foi usado durante mil anos, do século IV ao XV.
Mas há mais vestígios à vista, que na sua totalidade compreendem um período de 2700 anos. Da Idade do Ferro é representativa uma estela funerária com inscrições em fenício, que conta a história de Wadbar, filho de Lbadar, encontrada num muro de uma casa romana.
Localizada debaixo da domus, fica a vinoteca do hotel, onde curiosamente chegou a funcionar uma taberna do palácio. Aqui pode apreciar vários momentos no tempo: parte da muralha romana, de carácter defensivo, à qual se encosta uma estrutura islâmica. Junto ao restaurante vê-se uma parede com uma torre islâmica construída num cantinho da muralha romana. As placas informativas com reconstituições gráficas ajudam os leigos a perceber tudo melhor.
Chegamos finalmente ao Núcleo Museológico, com bastantes objectos que foram recuperados durante as escavações, desde uma ânfora datada entre os séculos VII e VI a. C. até uma caderneta bancária dos Armazéns Sommer, passando por uma colecção de copos de medida que poderia ter pertencido a uma loja que funcionou no piso térreo do palácio, ali entre os séculos XVII e XVIII. Do mesmo estabelecimento presume-se que também seja um barril carbonizado, cheio de cachimbos, entretanto restaurados, dos quatro cantos do mundo.
Eurostars Museum, Rua Cais de Santarém, 40. 21 116 6100
+ Palacete dos Lusíadas, em Alcântara, une Assembleia Municipal