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Eutanásia, identidade de género e posicionamento político na nova temporada do Trindade

Entre a morte, a vida, a liberdade, o amor e a política, a programação da próxima temporada do Teatro da Trindade traz uma leva de criações que procura fazer-nos reflectir.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Telhados de Vidro
© Pedro Macedo - Framed PhotosTelhados de Vidro
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Textos que convidam à reflexão e ao diálogo, novos espectáculos que espelham as preocupações dos nossos dias e o regresso ao palco dos sonhos de uma noite de Verão. A nova temporada do Teatro Trindade para 2024/2025 apresenta uma leva de peças que abordam desde questões de género à eutanásia, que protagonizam a história de figuras emblemáticas da cultura pop, e que pretendem ainda relembrar os perigos que ameaçam a nossa liberdade e as dificuldades que o país viveu durante a ditadura. 

Em 2023, o Teatro da Trindade recebeu mais de 90.000 espectadores. A caminho do segundo semestre de 2024, a temporada agora revelada pretende manter a “consistência e qualidade da oferta” que tem vindo a fidelizar novos públicos e a servir “tanto o interesse público como o dos artistas”. A vontade é do director artístico, Diogo Infante, que na apresentação da temporada, esta terça-feira, sublinhou a importância de tomar riscos necessários ao delinear a programação. “Há um determinado tipo de espectáculos que é urgente fazer nos tempos que vivemos e, portanto, esta programação tem uma componente um pouco mais social, um pouco mais política. Há várias questões que são aqui abordadas nos vários espectáculos e de perspectivas diferentes que nos lançam desafios rectos, desde a eutanásia, desde a identidade de género, desde o posicionamento político”, disse à Time Out. 

A temporada arranca a 12 de Setembro com uma produção própria. A partir do texto de David Hare, Marco Medeiros encena Telhados de Vidro, que conta com Diogo Infante, Benedita Pereira e Tomás Taborda no elenco. A peça apresenta-se como um drama contemporâneo sobre poder, política e paixão, em que seguimos a história de uma professora e de um empresário que partilham as experiências dos seus passados relacionamentos amorosos. Fica em cena até 17 de Novembro e depois segue em digressão pelo país, passando por Leiria (21 Novembro), Barreiro (23 Novembro), Porto (20-22 Dezembro) e Ponta Delgada (15 Março).  

Um País que é a Noite
© Pedro Macedo - Framed PhotosUm País que é a Noite

Sombras, em cena entre 19 de Setembro e 3 de Novembro, é uma criação de Miguel Falcão, que venceu a 6.ª edição do Prémio Miguel Rovisco – Novos Textos Teatrais. Encenado por Ana Nave e representado por Carla Maciel e Mafalda Marafusta, o espectáculo traz-nos a conclusão de um díptico iniciado com 23 Segundos, apresentado no Teatro da Comuna. Inspirado na ditadura que se viveu em Portugal, reflecte acerca de todos aqueles que surgem das sombras para lutar pela liberdade.

Entre 14 de Novembro e 22 de Dezembro, sobe ao palco Marilyn, por trás do espelho. Premiado com o Prémio Cenym 2022 para Melhor Monólogo e Melhor Texto Original, o espectáculo parte de uma extensa pesquisa de Anna Sant’Ana, que protagoniza o mesmo, sobre a vida de Marilyn Monroe. Nesta encenação de Ana Isabel Augusto, pretende-se retratar um lado mais pessoal da actriz. 

A Médica, encenada por Ricardo Neves-Neves, procura ser uma releitura contemporânea da peça de Robert Icke. Uma médica debate-se com questões éticas e morais, depois de proibir a entrada de um padre na sala de operações onde uma rapariga está a morrer devido a um aborto mal feito. O acontecimento chega à esfera mediática e acaba no que parece ser um julgamento público televisionado, levando ao afastamento profissional da médica. A peça pode ser vista entre 12 de Dezembro e 16 de Fevereiro de 2025.

De 6 de Fevereiro a 16 de Março, Um País que é a Noite é encenada por Martim Pedroso, a partir do texto de Tatiana Salem Levy e Flávia Lins e Silva. Ao situar-se entre o drama histórico e o teatro documental, é ficcionalizada uma conversa entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena no momento em que esta é interrompida por dois agentes da PIDE. A 8 de Maio, estreia o último espectáculo da temporada – Eutanasiador. De um dilema da própria autora, Paula Guimarães, nasce um interrogatório policial que procura induzir ao debate em torno da eutanásia, auto-determinação, do direito à morte e à vida. O espectáculo é encenado por Diogo Infante e pode ser visto até 29 de Junho. 

Sonho de uma Noite de Verão
© Pedro Macedo - Framed PhotosSonho de uma Noite de Verão

Ainda antes, entre 5 de Março e 4 de Maio, o musical Sonho de uma Noite de Verão regressa ao Trindade, com um elenco renovado, que conta agora com Gabriela Barros, Ana Cloe, Jorge Mourato, Raquel Tillo e Tó Melo. A peça parte da obra de William Shakespeare e é encenada por Diogo Infante. 

A nova temporada contempla também mais uma edição do projecto musical Ciclo Mundos, entre Setembro e Novembro de 2024. A primeira data, 24 de Setembro, conta com a dupla do cabo-verdiano Mário Lúcio e do brasileiro Chico César. A 22 de Outubro, é a vez de Luzmila Carpio, artista boliviana que canta na língua indígena quéchua. Finalmente, a 5 de Novembro, sobe ao palco a saxofonista norte-americana Lakecia Benjamin.

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