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Ewan McGregor tenta sobreviver ao confinamento na Rússia comunista

Na Rússia pós-Revolução de Outubro, um aristocrata é condenado a viver para sempre num hotel de luxo. A minissérie ‘Um Gentleman em Moscovo’ chega a 18 de Abril à SkyShowtime.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
A Gentleman in Moscow
©Ben Blackall/Paramount+ with SHOWTIME Ewan McGregor, em Um Gentleman em Moscovo
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Ewan McGregor corre sérios riscos. Mas, ao contrário da sua personagem, um aristocrata que tenta sobreviver a um confinamento durante a Rússia comunista, arrisca-se a estar em destaque na próxima temporada de prémios da televisão. O actor britânico é o protagonista da minissérie Um Gentleman em Moscovo, adaptação do romance do escritor norte-americano Amor Towles que chega ao catálogo da SkyShowtime a 18 de Abril.

Em 1917, ainda se avistava o fumo da I Guerra Mundial, a Rússia dos czares chegou ao fim. Em Outubro desse ano, o regime russo passou para as mãos dos bolcheviques, numa revolução onde as forças populares lideradas por Lenine forçaram a abdicação do czar Nicolau II, tomando o poder. É neste contexto que arranca a acção de Um Gentleman em Moscovo, uma ficção histórica centrada no conde Alexander Rostov (também fictício) que, por motivos familiares, arrisca voltar à capital russa neste pós-revolução, depois de um ano de refúgio em Paris. Mas por esta altura já não havia espaço para o privilégio hereditário e a aristocracia czarista tinha sido erradicada: os que resistiram foram mortos e outros tiveram de se adaptar a uma vida mais humilde.

Ewan McGregor,
©Ben Blackall/Paramount+ with SHOWTIMEEwan McGregor, em Um Gentleman em Moscovo

No caso de Rostov, o conde foi levado a tribunal, arriscando a própria morte, mas um poema que teria escrito uns anos antes, chamado “Onde está o nosso propósito agora?”, foi considerado uma chamada à revolução pelo regime, que resolveu poupá-lo ao descanso eterno. Foi, assim, condenado à prisão perpétua na sua última morada: o Hotel Metropol, em Moscovo, onde estaria a residir pela impossibilidade de regressar a casa, uma mansão que foi incendiada durante a revolução. No entanto, se puser um pé fora desta luxuosa prisão, tomada pelo poder, é morto.

Em Um Gentleman em Moscovo, Ewan McGregor assume o papel do conde, um homem bom, embora tenha crescido numa redoma que o poupou à dura realidade da vida dos menos privilegiados de então. No Metropol, que na vida real foi também nacionalizado em 1918, é obrigado a mudar-se para uns aposentos mais humildes, antigos quartos dos criados dos hóspedes, mas há coisas que se recusa a deixar para trás (além de um impecável bigode): o cavalheirismo e a boa disposição. “Podem tirar-te tudo, mas não podem tirar quem tu és”, diz a certa altura o personagem. A McGregor juntam-se outros actores no elenco, como a sua mulher na vida real, Mary Elizabeth Winstead (Scott Pilgrim), no papel de Anna Urbanova, uma actriz que costuma hospedar-se no hotel e com quem se envolve romanticamente. Destaque também para o actor (e activista climático) Fehinti Balogun (Can I Live?), que interpreta Mishka, o melhor amigo do Conde Rostov desde os tempos da faculdade, um homem negro que se junta ao movimento revolucionário. Há, aliás, vários actores negros nesta produção (Leah Harvey, Jason Forbes e uma série de figurantes), num espelho da sociedade russa de então. Ainda no tempo dos czares, muitos afro-americanos emigraram para a Rússia, onde lhes eram dadas mais oportunidades e onde o racismo não tinha tanta expressão como nos EUA.

E depois temos a narradora desta história: uma voz feminina adiciona uma nova perspectiva ao enredo que se prolonga por vários anos, polvilhado também a silenciosos flashbacks, sempre filmados a partir do ponto de vista de Rostov. A voz da narração é provavelmente de Nina (Alexa Goodall), uma das hóspedes habituais do hotel, que aos nove anos de idade trava uma inusitada amizade com o conde e é detentora de uma preciosa chave-mestra. Por falar em hotel, o design de produção é assinado por Victor Molero (Now & Then), que misturou espaços reais e cenários criados de raiz que dificilmente se distinguem uns dos outros, também com a ajuda da dupla de realizadores Sam Miller (I May Destroy You, Luther), que realiza a maioria dos episódios, e Sarah O’Gorman (The Witcher).

O criador desta adaptação do livro é Ben Vanstone (The Last Kingdom) que à Vanity Fair explicou que “esta não é uma série de época”. “Para nós, é mais mágico do que isso”, defendeu, uma vez que a produção tanto vai “a lugares muito sérios, como acontece no romance”, como permite “desfrutar da leveza e da alegria da vida”. Ao mesmo tempo, diz Vanstone, Um Gentleman em Moscovo tenta “captar toda a amplitude da existência humana”, num território limitado. Embora estejamos perante um hotel cheio de cantos e recantos, por vezes labiríntico, é daqui que o espectador também vai acompanhando as tumultuosas décadas seguintes da história da Rússia, ao mesmo tempo que o personagem principal se vai confrontando com as suas emoções.

SkyShowtime. Estreia a 18 de Abril

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