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Ex-vereadores da Câmara de Lisboa acusam Moedas de “propaganda” que “ofusca a realidade”

Depois de dois artigos sobre Lisboa assinados por Miguel Sousa Tavares e Carlos Moedas, Manuel Salgado e José Sá Fernandes escrevem em conjunto sobre “o que realmente dói no mandato actual”.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Carlos Moedas
Mariana Valle LimaCarlos Moedas
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Passam ao de leve pelo problema da circulação das trotinetes, mencionam "o notório estado deplorável das ruas" e as Jornadas Mundiais da Juventude, e criticam o facto de Carlos Moedas, actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), estar a tentar puxar para si os louros quanto às novas praças de São Sebastião da Pedreira e Sete Rios, ou à Casa Jardim da Estrela, quando foram obras lançadas e adjudicadas pelo executivo de Fernando Medina. Num artigo de opinião publicado no jornal Expressoé longo o rol de críticas dirigidas a Carlos Moedas descrito pelos antigos vereadores da CML Manuel Salgado e José Sá Fernandes, que passaram por diferentes pelouros e contam com mais de dez anos, cada um, na autarquia.

A lista vem na sequência de um outro artigo publicado no mesmo jornal a 13 de Junho, no qual Carlos Moedas responde às críticas do habitual cronista do Expresso Miguel Sousa Tavares, elencadas na semana anterior, 6 de Junho, sob o título Lisboa, cidade perdida (a "expulsão" dos lisboetas da sua própria cidade era um dos temas centrais). E assim, há três semanas, se vai passando a bola sobre o que tem acontecido na cidade, sob perspectivas muito díspares.

No artigo publicado esta sexta-feira, José Sá Fernandes e Manuel Salgado apontam o dedo a questões como o impacto "inócuo" da devolução do IRS para a classe média, os gastos em publicidade para programas como o Plano de Saúde 65+ (de acesso de idosos a cuidados médicos), sugerem que Lisboa não foi considerada Capital Europeia da Inovação exclusivamente por causa da Fábrica de Unicórnios (defendendo que houve um percurso e investimento anterior a Moedas) e criticam o facto de se divulgar que os transportes públicos são hoje "gratuitos para quase 100 mil jovens e idosos graças" ao executivo actual, quando há uma forte mão do Governo central neste plano. "Hoje, o Município não paga o passe aos jovens, pois, graças ao Governo de Costa, é o Estado que assume essa despesa, quanto ao dos idosos, apenas custeia uma parte", escrevem os ex-autarcas. Organizando as acusações numa categoria única, a conclusão é que os antigos vereadores, que conduziram os pelouros do Urbanismo e do Ambiente, consideram que a "propaganda" levada a cabo pelo actual executivo da CML "ofusca a realidade". "Lisboa está parada", resumem.

Parque Tejo: descampado ou parque verde?

Recorde-se que no artigo de opinião de Carlos Moedas, além da inovação ou das chaves entregues no quadro da habitação, um dos destaques incidia sobre as "14.390 árvores" plantadas "só em 2023", comparando-as aos 4442 exemplares plantados em 2019, durante o mandato de Medina. "Criámos 30 hectares de cidade verde", concluiu Moedas. Sobre este tema, Sá Fernandes e Salgado afirmam que "comparar isto com o passado é inimaginável". "É que Lisboa foi Capital Verde Europeia 2020, pela implementação dos corredores verdes sonhados por Ribeiro Telles, pelo melhoramento de todos os parâmetros ambientais e pela qualificação do espaço público, criação de área verde e instalação de quiosques e esplanadas. A plantação de árvores no actual mandato resulta basicamente da execução de um programa internacional a quatro anos iniciado pelo anterior Executivo", o Life Lungs, escrevem.

Parque Tejo
DR/CMLParque Tejo

"Escandalosa é também a referência ao Parque Tejo, um aterro sanitário selado e vedado aquando da Expo. Em 2018 foram encomendados os estudos de adaptação do terreno para acolher a JMJ e depois lançado o concurso para a obra. Seguir-se-ia a elaboração do projecto paisagístico do parque, em articulação com Loures, já integrando a ponte sobre o rio Trancão, cuja obra se iniciou antes de Moedas. O actual executivo limitou-se a adjudicar a empreitada do aterro (...). Quando se passa na Vasco da Gama vêem-se zonas verdes de um lado, concretizadas para a Expo 98, e do outro apenas um descampado (sem uma árvore, um abrigo ou um banco) onde se eleva uma milionária pala que, ao contrário do que foi garantido, nem sequer serve para palco de eventos", lembram os autores do artigo. Carlos Moedas, no entanto, que considera a área um parque verde, refere: "O Parque Tejo (...) estava abandonado quando cheguei." Sobre a questão do altar, já veio a público prometer que terá futuras utilizações e afirmar, também, que ter passado o Rock in Rio para esta zona da cidade foi "um risco político". 

Por último, Sá Fernandes e Salgado escrevem que "o que realmente dói no mandato actual é a falta de continuidade na programação legada para a construção de mais habitações de renda acessível". Das 1800 casas que Moedas diz ter entregado às famílias, os ex-autarcas alegam que 1050 estariam "em obra ou prontas (588 novas, mais 186 em reabilitação e 276 em curso)" à chegada de Carlos Moedas.

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