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Fable, um café-livraria para alimentar o corpo e a mente

Um lugar para cultivar o amor-próprio. É assim que Melyssa Griffin resume o Fable. O café-livraria que abriu no Príncipe Real junta opções saudáveis, livros em inglês, vinhos naturais e café de especialidade.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Fable Lisbon
© Francisco Romão Pereira / Time Out
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Há dez anos, Melyssa Griffin estava a trabalhar como professora de inglês em Tóquio, no Japão, ainda longe de imaginar que à boleia de uma viagem de carro por Portugal se apaixonaria por outro país e mudaria toda a sua vida mais uma vez. Parando para reflectir como veio aqui parar – aqui é o Fable, o café-livraria que abriu recentemente no Príncipe Real –, diria que as grandes motivações foram a vontade de escapar aos horrores do ensino e a descoberta do online. De repente, estaria de volta à Califórnia, de onde é natural, e a iniciar o caminho de desenvolvimento pessoal (o seu e o dos outros) que a levariam a abrir um espaço para cultivar o amor-próprio e o sentido de comunidade. “Só queria um sítio onde as pessoas pudessem nutrir o seu corpo e a sua mente”, diz-nos a empreendedora, que acabou por se mudar para Lisboa no passado mês de Abril.

Fable Lisbon
© Francisco Romão Pereira / Time OutMelyssa Griffin no Fable, o café-livraria que abriu no Príncipe Real

Melyssa não tencionava trocar a Califórnia por Lisboa. Apesar dos seus avós serem ambos madeirenses, a norte-americana nunca tinha estado em Portugal e resolveu apenas, no meio de uma viagem maior, aprender um pouco mais sobre a cultura, a língua e a gastronomia portuguesa. “Não tencionava mudar-me para cá, mas apaixonei-me pela cidade. Curiosamente, a Madeira é dos poucos sítios onde ainda não fui”, confessa, entre risos, revelando que, entretanto, está a aprender português, mas ainda não fala fluentemente nem se sente muito à vontade. “A ideia para abrir um café surgiu durante a minha primeira visita. Acho que me inspirei em muitos dos cafés que fui conhecendo. Lembrei-me do café na Califórnia a que ia todas as manhãs, como me fazia sentir que pertencia, e depois, quando já estava cá a viver, andava à procura de opções mais saudáveis e de certos pratos que comia no meu país e pensei que, se calhar, estava na hora.”

Fable Lisbon
© Francisco Romão Pereira / Time Out

O número 10A na Rua dos Prazeres era um antigo bar com “ar de masmorra”, mas muito potencial para se tornar no que sempre imaginou que seria possível criar. Depois de seis meses de preparação, o Fable abriu portas em Outubro, com dois pisos e um pátio. À entrada, o rés-do-chão destaca-se pelo mural de dançarinas nuas, uma estante onde convive uma selecção de livros – todos em inglês – e outra de vinhos naturais portugueses, e a cozinha onde o menu salta das páginas para as mesas. “Oferecemos sobretudo pratos de origem vegetal, mas também temos peixe e um ou outro produto lácteo, para quem aprecia”, esclarece Melyssa, antes de nos fazer uma visita guiada pelo café-livraria. A segunda parte da equação – a livraria propriamente dita – está escondida no andar de baixo, onde há mais lugares para nos sentarmos e, ao fundo de um discreto corredor, existe ainda “uma espécie de oásis”, um pátio. Ao espreitar, vislumbramos um cão aos pés de uma cliente. “Tentamos tirar uma polaroid de cada animal que nos visita.”

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© Francisco Romão Pereira / Time Out

De volta ao andar de cima, somos convidados a descobrir a ementa criada com a consultoria de Céline Wilding, do projecto Nourished by Céline, e que privilegia ingredientes naturais e maioritariamente orgânicos, razão porque há muitas opções vegan ou vegetarianas, sem glúten, sem açúcares refinados e sem lactose. “Antes de me tornar chef de cozinha, desenvolvia produtos alimentares, pelo que criar receitas é uma segunda natureza para mim”, esclarece a chef. “Quisemos criar uma ementa baseada em plantas, uma vez que tenho formação em comida vegana crua, e isso é algo que se pode ver na minha receita de barras twix. [Diria que] o mais importante nas minhas criações é a cor e os sabores vivos e arrojados que fazem brilhar os olhos, pelo que tentei incorporar técnicas que aprendi nas minhas viagens, inspirando-me em pessoas e lugares e na comida que nos liga a todos.”

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© Francisco Romão Pereira / Time Out

Nas entradas, entre opções como burrata com focaccia (11€) e sopa cremosa de tomate assado com pimento vermelho (4,50€-8€), Melyssa recomenda os sushi rolls azuis super-alimentares (8€), que na verdade não levam peixe, mas sim tofu, beterraba e abacate, com um molho agridoce de soja e xarope de ácer. São óptimos para partilhar como quase tudo na carta, incluindo o wrap de cogumelos desfiados hoisin (12€), com cogumelo-do-cardo desfiado, salada de couve-roxa ripada e molho hoisin, servido em wrap de roti e acompanhado por uma salada asiática ripada. “A comida e o acto de comer são parte integrante da nossa sociedade e quisemos criar pratos de partilha que permitissem às pessoas partilhar esta experiência em conjunto”, assegura Céline.

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© Francisco Romão Pereira / Time Out

Além das entradas (cinco ao todo, com preços a partir dos 8€) e dos wraps (o de cogumelos e outro de salmão grelhado, a 13€), há ainda várias opções de bowls. “A minha preferida é a de couve-flor salteada”, revela Melyssa. Custa 12€ e leva alface com floretes de couve-flor, quinoa estaladiça, molho de amendoim salteado e caju tostado, finalizado com sementes de cominho negro, lascas de pepino e coentros. A proteína é à escolha do freguês: o tofu salgado e o falafel caseiro não aumentam a despesa, mas se preferir, há também salmão grelhado, por mais 4,50€, ou halloumi estaladiço, por mais 3€.

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© Francisco Romão Pereira / Time Out

Para acompanhar os pratos, há desde os clássicos de cafetaria (1,50€-4,20€), como diferentes lattes, que podem ser servidos com bebida vegetal (mais 0,50€) em vez de leite, até smoothies vistosos. O de baunilha azul cremosa (8€) leva flor ervilha-borboleta, com proteína vegetal de baunilha, manteiga e leite de coco, banana, sementes de chia e bagas goji. Entre os extras (0,50€-2€), encontramos pólen de abelha, colagénio, sementes de cânhamo e musgo-irlandês.

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© Francisco Romão Pereira / Time Out

Na hora de matar a sede, também há kombuchas orgânicas (5€), cerveja da A.M.O (5€) e vinhos de baixa intervenção portugueses (desde 6€ a copo) de marcas como Chaminé ou Mainova. “Penso que a selecção que temos agora é muito boa e o serviço nocturno [ao fim-de-semana] permite usufruir do ambiente também de um bar de vinhos”, diz Melyssa, que não hesita em começar a fazer logo recomendações de sobremesas. Além das barras twix cruas (6€), que Céline já tinha mencionado, há bolo de banana e toffee (4,50€), trufas de chocolate juba-de-leão (2,50€) e parfait de chia adaptagénico (7€). Este último já é um bestseller. À base de iogurte vegetal e pudim de chia, leva pó de maca como regulador hormonal, cogumelo chaga em pó para aumento imunitário, compota de frutos-vermelhos, manteiga de amêndoa e granola de cardomomo.

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© Francisco Romão Pereira / Time Out

“[Além da comida e dos livros] também estamos a planear ter programação. O objectivo é vir a realizar eventos com frequência, como workshops relacionados com bem-estar e espiritualidade, bem como lançamentos de livros e clubes do livro. A nossa selecção de títulos, tanto aqui em cima [na estante à entrada] como lá em baixo, vai rodando. Temos ficção, como este Tomorrow and Tomorrow and Tomorrow, da Gabrielle Zevin, mas o foco é sobretudo em não-ficção sobre desenvolvimento pessoal e negócios, o que tem tudo a ver com o conceito. Adoro a ideia de as pessoas virem trabalhar para aqui em algo que lhes é importante ou para o seu primeiro encontro ou para um brunch com os amigos. Há tanta coisa que acontece num café. O nome [Fable] tem a ver com as fábulas que lemos, mas também com as fábulas que vivemos e que acontecem dentro de um espaço por causa das pessoas que se juntam.”

Rua dos Prazeres, 10A. Seg-Sex 09.30-18.00, Sáb-Dom 09.30-20.00

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