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Em 2015, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu avançar para a sua reabilitação. Era suposto a obra ter durado um ano, mas na sequência de problemas com o empreiteiro (que levaram à resolução do contrato, em 2019), tudo parou. A obra foi novamente adjudicada em 2020 e, entretanto, foram surgindo novas perspectivas quanto à reabertura da casa da revista portuguesa, por onde passaram Vasco Santana ou Anita Guerreiro: primeiro trimestre de 2023, final de 2023 e meados de 2024. Agora, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) avança uma nova previsão: o último trimestre do ano.
Depois de, a 21 de Março, ter sido aprovada a proposta de transferência de gestão do Teatro Variedades para a EGEAC, na reunião privada do executivo, a Time Out questionou o gabinete da Cultura sobre o futuro do equipamento. Com capacidade para acolher 363 pessoas, a nova sala desenhada pelo arquitecto Aires Mateus será um espaço de “acolhimento de espectáculos profissionais ou promovidos por entidades profissionais do sector cultural”, funcionando como “um catalisador para uma comunidade culturalmente vibrante e inclusiva”, responde a autarquia por e-mail. O imóvel, prossegue, “apresenta as condições adequadas para a EGEAC acomodar a instalação e funcionamento do referido equipamento cultural, o que permitirá a apresentação de uma programação diferenciada, relativamente aos equipamentos congéneres já sob gestão da EGEAC”, como o Capitólio, o São Luiz ou o Teatro do Bairro Alto.
Quanto à relação com o vizinho do Capitólio, “sendo equipamentos distintos mas geridos pela mesma entidade, estão previstas sinergias no que respeita à racionalização de recursos técnicos, entre outros, que poderão permitir a diminuição de custos operacionais”. Mas não existem outras parcerias no horizonte.
“Um espaço sem programação”
Apesar da aprovação em reunião de Câmara, o facto de o Variedades se assumir como um local de acolhimento não foi consensual. O PS, que votou contra, critica a opção por "um espaço sem programação, sem ser entregue a uma companhia e que não tem actividade cultural, teatral ou outra, garantida". Já o Bloco de Esquerda que, ainda assim, votou a favor da decisão, defende que o Variedades não deveria ser “só uma estrutura de acolhimento".
Sobre este aspecto, a autarquia explica à Time Out que o modelo “pretende responder à necessidade crescente de espaços onde os artistas e agentes culturais possam apresentar as suas produções”. A opção “baseia-se nos princípios da diversidade, equidade e igualdade de oportunidades no acesso a este espaço icónico da nossa cidade”, continua.
Ainda sem “proposta de futuro” para o Parque Mayer
A reabilitação do Teatro Variedades integra-se no plano de intervenção no Parque Mayer, para o qual a CML afirma estar “a trabalhar numa proposta de futuro”, com o objectivo de tornar o recinto “num ponto de encontro de cultura, artes e ciência”. Neste contexto, a autarquia admite ser “prioritária a definição concreta de um conceito cultural que paute a reabilitação e revitalização desta zona central da cidade”, numa “interligação estratégica com o prestigiado eixo da Avenida da Liberdade, bem como outras zonas” de Lisboa.
O Variedades funcionará, para já, ao lado do Capitólio e do Teatro Maria Vitória, com a capacidade para acolher 363 pessoas sentadas, na sala e no balcão, uma boca de cena de 8,50 metros por 6 metros e um fosso de orquestra com uma plataforma que possibilita posicioná-la em quatro níveis, “permitindo flexibilidade de utilização na articulação com os espaços do palco e da sala”. O processo de reabilitação entrará em breve na fase final (está a “decorrer a empreitada referente às bancadas e à área cénica”), garantindo-se a manutenção dos principais elementos característicos do edifício dos anos 1920, como o pórtico e o foyer.
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