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Festival de Almada: de Monica Bellucci ao colonialismo

O 38º. Festival de Almada, a decorrer entre 2 e 25 de Julho, volta a apostar em força na programação internacional.

Escrito por
Mariana Duarte
Palco, Teatro, Monica Bellucci
©Tom VolfMonica Bellucci
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A 38ª edição do Festival de Almada acontece num contexto especial. Além de a Companhia de Teatro de Almada (CTA) comemorar 50 anos de vida, o festival retoma a programação internacional, com a apresentação de nomes de relevo das artes performativas. Criadores e intérpretes como Ivo van Hove, Josef Nadj, Monica Bellucci, Chico Diaz, Ivica Buljan ou Viviane De Muynck vão estar presentes em Almada e Lisboa, entre os dias 2 e 25 de Julho. Cruzando peças da dramaturgia clássica e contemporânea, e com seis textos de autores portugueses e quatro estreias, esta edição dá particular atenção às problemáticas do colonialismo.

O arranque faz-se com uma das duas estreias da CTA, no Teatro Municipal Joaquim Benite (nome do fundador da companhia, falecido em 2012). Hipólito, de Eurípedes, vai à cena pela mão de Rogério de Carvalho, encenador historicamente ligado à CTA. É também ele que faz as honras de encerramento do festival, com a direcção do espectáculo Lorenzaccio, de Alfred de Musset, pelo Teatro do Bolhão (23 a 25 no Teatro Municipal Joaquim Benite), um texto que nunca foi representado em Portugal. A outra estreia que assinala o cinquentenário da CTA é Um Gajo Nunca Mais É a Mesma Coisa (14 a 25 de Julho, Teatro Municipal Joaquim Benite), uma peça original de Rodrigo Francisco, director da companhia e do festival, que parte de uma pesquisa sobre a Guerra Colonial Portuguesa, mais concretamente de testemunhos de ex-combatentes.

O colonialismo volta a estar no centro do palco com Aurora Negra (dias 2 e 5 na Academia Almadense), criação de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema em que se celebra a negritude e se denuncia a invisibilidade de criadores negros nas artes performativas portuguesas. E em Tierras del Sud (8 a 11, Fórum Romeu Correia), peça franco-chilena em que Laida Azkona Goñi e Txalo Toloza-Fernández se debruçam sobre novas intervenções do colonialismo financeiro, com foco na Patagónia e na comunidade indígena mapuche.

Palco, Teatro, Hipólito, Eurípedes, Rogério de Carvalho
©Rui Mateus. Hipólito, de Eurípedes

No departamento da programação internacional, vão estar presentes nomes de peso do teatro europeu. Entre eles, a actriz italiana Monica Bellucci, que será Maria Callas em Maria Callas – Lettres et Mémoires, peça de Tom Wolf apresentada no Centro Cultural de Belém a 10 e 11; o coreógrafo Josef Nadj com Omma (Teatro Joaquim Benite, 9 a 11), peça para oito bailarinos africanos; Ivo van Hove, que leva a palco dois textos do jovem escritor francês Édouard Louis, o novo menino-prodígio da dramaturgia europeia (editado em Portugal) que vai directo à jugular das desigualdades promovidas pela elite política francesa, denunciando também o racismo, a homofobia e o classismo; ou a também francesa Irène Bonnaud, que em Amitié encena um texto de Eduardo de Filippo e Pier Paolo Pasolini. De resto, entre a comitiva nacional encontram-se criadores como Joana Craveiro/ Teatro do Vestido, Clara Andermatt, Sónia Baptista e a dupla Miguel Fragata e Inês Barahona.

Festival de Almada. Várias salas de Almada e Lisboa. 2 a 25 de Julho.

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