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Fiasco: as cores e os desenhos da tatuagem contemporânea chegaram à Baixa

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Há uma nova vaga de tatuadores a quebrar convenções. Fomos descobrir o Fiasco, o novo estúdio de tatuagens da cidade.

A história mexe e remexe, o antigo junta-se ao alternativo e por aí fora. É a Franjarte, uma loja que vende franjas, borlas, cordões e puxadores (em bom rigor uma sirgaria/ passamanaria) que dá as boas-vindas a quem passa a porta do número 234 da Rua dos Fanqueiros em direcção a um verdadeiro Fiasco.

Vai-se direitinho ao 2.º piso, mas não pense que vai ao engano – é mesmo assim e Fiasco só de nome, sem presságios desastrosos à vista. Este é o novo estúdio de tatuagens da cidade. Lá dentro, o trabalho divide-se entre quatro tatuadores de uma nova vaga artística, aquilo a que chamam de tatuagem contemporânea, com o mesmo rigor de sempre mas maior liberdade de criação. E não há repetições: cada tatuagem é única.

As tatuagens não são fruto da modernidade, é certo – são coisa para ter mais de dois mil anos. Mas nos últimos tempos tem crescido uma nova comunidade de tatuadores, sangue novo, que se assumem como artistas independentes e que quebram, de certa forma, com as convenções. O Fiasco é um reflexo disso, e o quarteto fantástico que dele faz parte ajuda à festa: Cíntia Coutinho (Espirro), Charleine Boieiro (Françoise Tattoo), Luana Saldanha (Lixo.Eletrónico) e Luís Julião (Tattoos You Will Regret), nomes para procurar no Instagram.

O quarteto que faz o Fiasco acontecer (da esquerda para a direita: Charleine, Cíntia, Luís e Luana)
Fotografia: Manuel Manso

Falamos em tatuagem contemporânea porque é difícil por uma etiqueta dada a vasta variedade de estilos que existem hoje em dia”, conta Charleine. Cíntia apoia com “um bom termo para definir aquilo que estão a fazer”: naïve. Qual é a diferença? A tatuagem contemporânea abarca vários estilos, mas a nova vaga aponta para artistas independentes que trabalham o desenho para depois usarem a pele como suporte dessas criações. 

Ainda que a tatuagem tradicional possa olhar para esta nova arte como “preguiçosa” pelo seu traço libertino, ela é é mais experimental, mas com o mesmo rigor de sempre. 

Tatuagem Espirro

A catapulta do Instagram

Este quarteto não é único. Faz parte da mudança de paradigma e integra uma comunidade que se une no Instagram. “Mais do que qualquer outra plataforma, o Instagram tornou-se na nossa maior ferramenta de trabalho”, afirma Cíntia. “Conseguimos chegar a todo o mundo, somos convidados para ir tatuar lá fora porque a nossa montra é aquela”.

Portanto, usam a rede social para fazer do nicho uma comunidade com mais força – “é uma ferramenta que dá a conhecer a diversidade de estilos de tatuagens e tatuadores.” Esta globalização também faz parte do conceito. Onde se ergue o Fiasco estava uma casa, e os amigos mantiveram um quarto para poderem receber tatuadores internacionais, numa espécie de residência (a próxima é nos dias 14 e 15 de Dezembro com um artista de Berlim). O Índice Airbnb Cidades Criativas fez uma análise a 100 cidades europeias e Lisboa surge como a 4.ª melhor cidade para os criativos viverem e trabalharem, e os estúdios de tatuagens são um dos pesos da balança. Por aqui, o conceito será também abrir o espaço a eventos culturais no futuro. 

Há quatro estúdios independentes dentro do Fiasco
Fotografia: Inês Félix

Na hora de escolher uma tatuagem, são muitas as opções. No Fiasco, além da sala comum, há quatro estúdios, cada um de seu tatuador, que funcionam de forma independente. As marcações também elas são feitas directamente com os artistas via email ou mensagem de Instagram – depois disso é trocar ideias, fazer um pedido personalizado ou escolher a tatuagem de catálogo que não voltarão a ser tatuadas (no caso de Charleine, a tatuadora tem também desenhos de outros artistas e faz de intérprete com uma agulha).

Estamos numa época em que não é essencial haver um significado por trás. As pessoas podem fazer tatuagens pela estética. As coisas – as ideias, as visões  estão a mudar aos poucos.”, conclui Cíntia.

Rua dos Fanqueiros, 234 - 2.º andar. O estúdio funciona por marcação.

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