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‘Fleishman em Apuros’, ou Claire Danes e Jesse Eisenberg na loucura dos 40

Chega a Portugal com meses de atraso, mas mais vale tarde… Esta intensa minissérie sobre as ansiedades dos tempos modernos tem argumento adaptado pela própria autora do livro homónimo, Taffy Brodesser-Akner. Estreia a 22 de Fevereiro no Disney+.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Fleishman is in Trouble
©Linda Kallerus/FXClaire Danes (Rachel Fleishman) e Jesse Eisenberg (Toby Fleishman)
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Toby Fleishman divorciou-se. E, um dia, a ex-mulher Rachel desapareceu, deixando-o a tomar conta, sozinho, dos dois filhos menores. Parece daqueles dramalhões a puxar à lágrima e a fazer-nos sentir pena do homem, um generoso médico injustiçado pelo amor. Não é. Onde anda a sua ex-cara metade? Ninguém sabe. E ninguém parece querer saber. Há lágrimas sim, mas também de tanto rir e, acima de tudo, um enredo surpreendente (qual dos Fleishman é que estará mesmo em apuros?), onde somos confrontados com a passagem do tempo, as obrigações tipicamente associadas a cada género, a luta de classes, a depressão pós-parto, a amizade e, ok, também o amor. Perfeita para quem já passou a barreira dos 40 anos, Fleishman em Apuros conta com a quarentona Taffy Brodesser-Akner, autora do livro com o mesmo nome, que assina o argumento da série.

Vamos ao elenco. Jesse Eisenberg é Toby, e Claire Danes é Rachel, bem-sucedida agente de novos talentos. Conheceram-se na faculdade e chegados aos 40 depararam-se com a realidade do divórcio. Altura em que Toby mergulha, pela primeira vez, no admirável mundo novo do namoro (ou melhor, do sexo) com a ajuda de apps que nunca tinha usado na vida. É nesse primeiro Verão de liberdade sexual que Rachel desaparece, deixando a cargo do ex-marido os filhos Hannah (Meara Mahoney Gross), com onze anos, e Solly (Maxim Swinton), com nove. Enquanto tenta lidar com a paternidade a solo, reencontra os velhos amigos da faculdade Seth (Adam Brody), um bon-vivant, e Libby (Lizzy Caplan), que sonha ser uma escritora de sucesso e que acumula funções como narradora desta história.

Estreada a 17 de Novembro no serviço norte-americano Hulu, da The Walt Disney Corporation, Fleishman em Apuros chega à Disney+ em Portugal cerca de três meses depois, já os discípulos do Tio Sam viram os oito episódios da minissérie. Pelo caminho, Claire Danes foi nomeada na categoria de Melhor Actriz Secundária, numa minissérie nos Globos de Ouro e também nos Critics Choice Awards. Não ganhou, mas a produção já é vencedora, tendo conquistado o coração da crítica, assim como tinha acontecido com o livro que Taffy lançou em 2019. Antes de se estrear num romance, Taffy dedicava-se a escrever perfis para a The New York Times Magazine, sobre estrelas como Gwyneth Paltrow ou Bradley Cooper. A ideia para o livro nasceu precisamente na redacção, quando, em 2016, o seu editor não viu com bons olhos a sugestão da autora de fazer um artigo sobre o tema do divórcio.

Fleishman is in Trouble
©Linda Kallerus/FXAdam Brody (Seth), Lizzy Caplan (Libby) e Jesse Eisenberg (Toby)

A Time Out esteve numa mesa redonda virtual com o elenco e equipa de Fleishman em Apuros. Perguntámos a Taffy qual foi o principal desafio de ser ela própria a adaptar o livro neste que é o primeiro argumento para televisão da sua carreira. “Eu adoro escrever parágrafos e no guião há apenas pessoas a falar umas com as outras ou, às vezes, apenas a fazer coisas. E preocupo-me que o meu ponto de vista possa não ser expresso de forma tão válida como quando falo directamente para os leitores. Felizmente tivemos uma narração e a Lizzy fez um óptimo trabalho, a primeira vez que a ouvimos narrar, comecei a chorar.”

Taffy considera-se uma sortuda por a sua história ter despertado tanto interesse e foram as outras duas produtoras executivas da série, Sarah Timberman e Susannah Grant, que lhe disseram que seria a única pessoa que poderia escrever o argumento. “Foi assim que consegui fazer isto, com duas pessoas que acreditaram e me mostraram como podia mudar apenas algumas palavras e alterar a natureza de uma cena inteira. Estou maravilhada com tudo o que aprendi”. E se Taffy era a única que teria mão no argumento, o elenco principal também foi a sua primeira escolha. “São as únicas pessoas que imaginei para os papéis, que são muito específicos. Não consigo entender por que foram as únicas pessoas que me ocorreram. Pode ter sido teimosia ou falta de imaginação, mas depois de ver os episódios acho que foi muito inteligente. Se calhar devia apostar na área do casting!”

Não é fácil falar sobre as personagens sem estragar algumas surpresas, mas podemos garantir que só vendo tudo até ao último minuto é que se consegue perceber a abordagem da autora às ansiedades do nosso tempo, numa história onde não há heróis nem vilões. Há, sim, vários pontos de vista sobre o que vai acontecendo. Claire Danes dá o seu: “O que é particularmente fascinante e incomum na história é como somos forçados a confrontar a forma como imediatamente simpatizamos com um personagem masculino, especialmente quando ele está sob um tipo específico de coação”, diz a actriz. E descreve que só mais para a frente na série “é que percebemos o quão distorcida é nossa compreensão da história, porque ouvimos apenas um lado particular da Rachel, um lado ao qual estamos mais abertos em geral. Achei isso muito subversivo. E muito desafiante”.

Disney+. Estreia a 22 de Fevereiro

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