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Chegou com estrondo ao serviço de streaming Hulu no início de Fevereiro. Tanto que, poucos dias após a estreia de Framing Britney Spears, documentário sobre a batalha legal da cantora contra a tutela que o pai, Jamie Spears, exerceu durante mais de uma década sobre os seus bens e vida pessoal, o Canal Odisseia anunciou a estreia em Portugal da investigação produzida pelo jornal The New York Times, na próxima segunda-feira, às 22.00.
O documentário que tem agitado as redes sociais propõe-se a investigar a tutela legal imposta à cantora, depois de em 2008, à altura com 26 anos, ter sido internada num hospital psiquiátrico a mando do pai. Basta olhar para os últimos 30 anos para entender como a estrela da pop sempre foi um alvo fácil da opinião pública, alimentando polémicas sumarentas, que os tablóides nunca deixaram cair em esquecimento.
Sobre o documentário, o jornal britânico The Guardian escreve que é feita “uma reconstrução da carreira de Spears através de uma lente moderna, pós-#MeToo”, dando como exemplos acontecimentos que, sob esse prisma, actualmente seriam tidos como inapropriados. É o caso de uma das primeiras aparições de Britney na televisão, à altura com dez anos, no programa Star Search, de Ed McMahon. Depois de uma actuação “arrasadora”, o apresentador sexagenário diz a Britney que tem uns olhos bonitos e pergunta-lhe se quer ser sua namorada; ou das sucessivas polémicas sobre a virgindade da cantora e sobre a colocação de implantes mamários.
Além de entrevistas e depoimentos de pessoas próximas a Britney Spears, o filme explora também o movimento #FreeBritney, criado em 2009 por um grupo de fãs que desde então procura expor que a tutela legal implementada pelo progenitor nunca passou senão de um estratagema para controlar a filha e o seu dinheiro.
Desde que o documentário foi lançado, no início do mês, as redes sociais têm sido palco de reacções de várias celebridades: a actriz Valerie Bertinelli descreveu o filme como “um murro no estômago”, na rede social Twitter; Hayley William, vocalista dos Paramore, afirmou também na mesma rede social que “nenhum artista deveria ter de enfrentar a tortura literal que os media/sociedade/ultra-misóginos infligiram sobre ela”; e Courtney Love, por sua vez, pediu “desculpa” à cantora.
A batalha legal em curso contra o controlo da carreira e dos bens financeiros e imobiliários da artista tomou um novo rumo no Verão passado, quando o tribunal atribuiu um tutor independente temporário a Spears, depois de o pai em 2019 ter-se declarado inapto devido a problemas de saúde. A cantora deixou também claro que não quer mais o pai no papel de conservador dos seus bens e carreira, acrescentando que tem medo dele e que não falam há um longo período de tempo.
O novo documentário sobre a estrela da pop escrutina todas estas questões, examinando também como os media e a indústria da música contribuíram ou fecharam os olhos ao tratamento abusivo que Britney Spears sofreu desde tenra idade. O filme “apresenta, de forma abrangente, a misoginia às claras e sistémica que Spears (e que por extensão qualquer jovem mulher artista) enfrentou e enfrenta às mãos da indústria bem como fora dela”, conclui The Guardian.