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Se sempre que o homem sonha o mundo pula e avança, a exposição "Futuros de Lisboa" no Torreão Poente da Praça do Comércio tem grandes probabilidades de contribuir para um futuro melhor. Pelo menos imaginamos que sim.
Regressos ao passado, viagens ao futuro, a busca incessante por uma qualquer Pedra Filosofal. O tema futuro sempre ocupou o pensamento, a reflexão e o sonho, seja num filme de ficção científica, numa tese de doutoramento ou numa engenhoca que nos vira os dias do avesso. E agora, o futuro ocupa o presente de dois pisos do Torreão Poente da Praça do Comércio, um dos núcleos do Museu de Lisboa. Uma viagem com partida marcada para sexta-feira, 14. Sentámo-nos à mesa com Joana Sousa Monteiro, directora do Museu de Lisboa, e com Sofia Guedes Vaz, engenheira do ambiente e uma das três pessoas que comissariam a exposição, para falar sobre o tempo.
A exposição cumpre um dos objectivos desenhados para o Museu de Lisboa: a representação do contexto social, económico e mental da cidade, uma espécie de mapeamento dos lisboetas, entre o passado, o presente e o futuro. "Futuros de Lisboa" é uma exposição pensada por três comissários vindos de mundos diferentes, mas paralelos: João Seixas, geógrafo, Manuel Graça Dias, arquitecto, e Sofia Guedes Vaz, engenheira do ambiente. Três pensadores que convidaram ensaístas para contribuírem com as suas ideias (entre eles Afonso Cruz, Rui Tavares, Sobrinho Simões ou António Câmara) e ainda lançaram um desafio à população cujas ideias estarão também expostas em forma de imagens, frases ou contos. E é ao longo de dez salas, cada uma com um nome próprio, que se espelha o futuro. Ou melhor, os futuros. Entra-se com a sala "O futuro ao longo do tempo" e prossegue-se entre "O futuro do passado" ou "O futuro que já cá está". Ou, na última sala do primeiro piso, onde encontramos a sala "O futuro inevitável", aquela que fala sobre a economia circular. "Para nossa surpresa já há muitos produtos nacionais feitos com base na economia circular e são esses que vão estar expostos", explica Sofia Guedes Vaz, que no seu currículo tem um doutoramento em filosofia do ambiente. "Comecei como engenheira do ambiente e acabei como filósofa do ambiente. Não sei se sabem qual é a diferença. É que primeiro queria resolver todos os problemas ambientais do mundo e agora só penso neles", conta no meio de um sorriso. Uma piada que arranca com o seu stand up do projecto Cientistas de Pé.
Já Joana Sousa Monteiro não escondeu o entusiasmo nestes "Futuros de Lisboa". "Estamos a atingir um outro patamar, que estava na nossa wishlist há um tempo, de podermos reflectir sobre o presente. Não estamos a expor o futuro, não o conhecemos, mas de um modo prospectivo, tentamos olhar para um futuro distante", explica. À margem da ficha técnica chegaram outros futuros na sequência de um convite à participação lançado em Abril no site oficial da exposição (www.futurosdelisboa.museudelisboa.pt). "É uma maneira entre muitas de chegar às pessoas. Noutras exposições há comentários no livro de comentários em que se nota que as pessoas gostavam de participar. Este foi um modo de abrir à participação antes de inaugurar e não depois de estar tudo feito", defende a directora do museu que guarda parte de uma sala para outro tipo de participações mais orientadas: desde desenhos feitos por crianças do primeiro ciclo a um vídeo feito por estudantes de Jornalismo e Comunicação Social da Universidade Lusófona que fizeram entrevistas de rua sobre o que seria Lisboa daqui a 100 anos. Há ainda uma parceria com o Instituto Superior Técnico que dá a conhecer ao comum dos mortais investigações ou experiências que vão ter impacto na nossa vida. Ah! E um corredor com banda desenhada portuguesa ao longo do século XX, utópica e distópica.
No final da exposição vai ainda encontrar uma peça multidisciplinar que junta António Jorge Gonçalves (vídeo), Filipe Raposo (música) e Nuno Artur Silva (texto) e que faz uma espécie de síntese de tudo o que se viu até aí. Conte ainda com o que Joana Sousa Monteiro chamou de subtilezas da museografia: objectos do quotidiano, como uma bicicleta que se dobra, um tablet ou uma Bimby dentro de vitrines dos anos que foram construídas para o Museu Bordalo Pinheiro. "De um modo muito intuitivo as pessoas vão ver objectos de agora num contexto de antigamente. Vai sentir que tudo fica passado num instante".
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