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Gabriel Granados, nascido em 1967, em Jerez de la Frontera, no sul de Espanha, é um pintor e ilustrador autodidacta, com um longo currículo como skipper de barcos e passeios pelo Atlântico. A maioria do seu trabalho, exposto desde sábado no hotel The Oitavos, em Cascais, remonta a 2007, um período boémio e hedonista à beira-mar. Até que durante uma viagem de carro pela Europa, uma paragem em Medjugorje, pequena cidade da Bósnia e Herzegovina, deu a Gabriel uma segunda vida e, pela primeira vez, a sensação de “paz total”.
“De repente, tomei consciência de que era verdade, de que Jesus estava vivo, ali. Imagina ter essa sensação? Foi uma autêntica revelação e a primeira coisa que fiz foi ir ao confessionário”, recorda, rindo-se. A epifania que aí aconteceu obrigou Gabriel a fazer-se a seguinte pergunta: como colocar o talento que lhe foi dado por Deus a Seu serviço e ao das outras pessoas?
“A arte que eu pintava antes era como eu era antes. Era uma arte que fluía sem direcção, de uma forma muito potente e através das sensações do mundo. Alimentava-me da cor, ou seja, entrava nuns estados anímicos, diferentes, como se tivesse tomado alguma coisa”, explica Gabriel. “Agora os meus quadros são meditados, com outra maturidade. Dedico-me mais ao que é a beleza, o ofício em si, e a uma sensação, que eu recupero quando os pinto, de paz. E emociono-me profundamente. Suponho que seja a evolução de toda a vida — e o interessante de tudo isto é que aconteceu um momento de cisão, estancamento, evolução e agora nascimento”, conclui.
Expressivas pinturas em acrílico sobre tela, com a predominância de cores garridas, e que nos remetem para o fauvismo e cubismo, é o que pode ver nesta exposição patente ao público até dia 20 de Novembro. Um caminho por prazeres terrenos mas que, após a cisão estética e temática resultante da sua viagem, acaba num retrato de Madre Teresa de Calcutá, como que uma pista em jeito de resposta para a pergunta acima.
The Oitavos. Rua de Oitavos (Cascais). Entrada livre.
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