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A música que vale a pena existe para lá do tempo e distorce a nossa percepção da sua passagem. Há canções que parecem embalar-nos desde e para sempre; cantores que ninguém nos convence de que não estão connosco há décadas, mesmo quando a sua biografia e discografia dizem o contrário. Gisela João, que a 4 de Novembro vai ao Armazém Abel Pereira da Fonseca, é uma dessas cantoras.
Com uma voz que parece ter vivido muito mais do que os 39 anos que o registo civil contabiliza, é um nome consensual e ubíquo – apesar de só ter editado o álbum de estreia em nome próprio há dez anos. E é essa data redonda que vai assinalar nos históricos armazéns de Marvila, rodeada de fãs e amigos, dois dias antes do 6 de Novembro, quando faz uns igualmente rotundos 40 anos.
“Gisela quer voltar ao disco que a revelou ao mundo em 2013, quer voltar a entrar na casa da Mariquinhas, mas trocar a mobília toda de sítio, quer dançar viras e malhões”, lê-se no comunicado que anuncia este concerto único. Fica subentendido que a ideia é revisitar ao repertório do álbum homónimo que editou há uma década (e que a Time Out Lisboa considerou o melhor desse ano), só que com novos acompanhamentos – até porque ela nunca foi pessoa de dar-nos outra vez arroz.
Dificilmente fará algo tão radical como cobri-las com a roupagem electrónica do álbum AuRora, de 2021, nem como o “Hostel da Mariquinhas”, redecorado por Capicua, que ficou de fora desse disco. Mas não esperem que cante como em 2013. Ela já fez isso. E tem mais que fazer do que repetir-se.
8 Marvila. 4 Nov (Sáb). 21.00. 20€
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