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Morreu Manuel Alves, da dupla Alves/Gonçalves. Designer tinha 72 anos

O designer morreu esta terça-feira, na sequência de doença oncológica. O seu trabalho na área da moda foi desenvolvido ao lado de José Manuel Gonçalves. A dupla estreou-se em 1984.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Manuel Alves, nos bastidores do desfile no Portugal Fashion, 2021
© DRManuel Alves, nos bastidores do desfile no Portugal Fashion, 2021
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Morreu, esta terça-feira, o designer de moda Manuel Alves. Natural de Montalegre (Vila Real), tinha 72 anos e fez parte de uma das duplas mais proeminentes do panorama da moda português, Alves/Gonçalves. O criador estava internado no Hospital da Luz, em Lisboa, onde morreu na manhã desta terça-feira, vítima de cancro.

"É com profundo pesar que o atelier Alves Gonçalves partilha a informação da morte do designer de moda Manuel Alves, aos 72 anos, vítima de doença oncológica. No coração dos seus familiares, amigos, alunos e clientes fica a memória do seu espírito livre e da estética irrepreensível que o transformaram numa referência incontornável da Moda em Portugal", lê-se na nota de pesar emitida pelo atelier já na tarde desta terça-feira.

Alves/Gonçalves – ou simplesmente os Manéis – estrearam-se na criação de moda em 1984 (faz agora 40 anos), ano em que abriram duas lojas no Bairro Alto, dedicadas às criações de moda masculinas e femininas. Ao longo do tempo, apresentaram as suas criações, conhecidas pelo arrojo das silhuetas, mas também pela manipulação de tecidos e materiais, nas passerelles da ModaLisboa e, mais recentemente, do Portugal Fashion.

Durante 12 anos, entre 1991 e 2013, Manuel Alves foi professor convidado da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, onde leccionou a cadeira de Design de Moda.

Juntamente com José Manuel Gonçalves, companheiro de profissão e na esfera pessoal, desenhou fardas para a Vodafone e para a TAP. A dupla chegou mesmo a assinar figurinos para cinema, teatro e dança. Em 2019, criaram alguns dos visuais usados por Conan Osíris na Eurovisão, depois de terem vestido a apresentadora Filomena Cautela para a mesma cerimónia, em 2018.

Em Março de 2021, o casal levou a leilão uma colecção pessoal de mais de 280 peças de mobiliário, arte, cerâmica e luminária do século XX. Tesouros acumulados durante uma vida, licitados virtualmente através do Palácio do Correio Velho, em Lisboa, local onde apresentou a primeira colecção com a assinatura Alves/Gonçalves, em 1985.

As reacções do mundo da moda

Ao final da tarde, foi a ministra a Cultura, Dalila Rodrigues a emitir uma nota de pesar, recordando, entre outras notas biográficas, que "em 2010, o Museu do Design e da Moda (MUDE), em Lisboa, fez uma retrospectiva sobre o trabalho e carreira dos criadores."

Entre as primeiras reacções à morte de Manuel Alves, esta terça-feira, esteve a do designer Miguel Vieira, que destacou um talento "que soube sempre se reinventar". "Muitas gerações de alunos ganharam e tiveram o privilégio de ser formadas por ele", acrescentou ainda, numa publicação de Instagram.

Na mesma rede social, a designer Alexandra Moura recorda Manuel Alves com conceitos como elegância, contemporaneidade, rebeldia, futurismo e sofisticação. "Era uma delícia faltar às aulas e ir para a sua loja ouvi-lo! Estará sempre em mim a sua visão!", escreve.

Nas palavras tornadas públicas pelo Portugal Fashion, a quem coube organizar o último desfile da dupla, em Outubro de 2022: "A moda portuguesa fica mais pobre. E menos alegre, menos criativa e mais cinzenta [...] Ficam as memórias dos desfiles sempre cénicos, do trabalho perfeccionista e intemporal. Ficam as gargalhadas."

Sentimento partilhado pela ModaLisboa que, também no Instagram, partilhou: "A sua obra, ao lado de José Manuel Gonçalves, foi tecida por uma visão estética inabalável, a constante reinvenção da modernidade e a acutilante atenção ao detalhe. À marca Alves/Gonçalves, acrescenta-se o seu legado enquanto professor, que contribuiu largamente para o crescimento da Moda de Autor portuguesa e para a formação de vários talentos que hoje vemos florescer."

Artigo actualizado dia 14 de Maio, às 18.50, com referência à nota de pesar do Ministério da Cultura.

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