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“Hoje foi inaugurada a primeira WC construída pelos cidadãos de Lisboa.” Foi assim que o colectivo Infraestrutura Pública resumiu parte da acção iniciada ontem, 23 de Janeiro, na Praça Paiva Couceiro, na Penha de França, o coração da vida pública da freguesia. A iniciativa começou aqui mas vai estender-se a outras zonas da cidade, segundo o grupo de activistas que, meses após ter levado para o mesmo local um conjunto de cadeiras com o intuito de exigir a reposição de mobiliário público que a Junta de Freguesia local havia retirado durante a pandemia (durante a acção Pelo Direito a Sentar), regressou ao mesmo espaço para reivindicar o direito a sanitários públicos gratuitos na cidade.
Na Paiva Couceiro, em particular, existe uma casa de banho pública, no entanto, o acesso ao equipamento é pago (são 10 cêntimos, apesar de na página da Junta se indiciar que é gratuito) e, pelo menos ontem, no dia da acção, a estrutura encontrava-se avariada. Para chamar a atenção sobre a falta de casas de banho públicas em Lisboa, o colectivo montou um sanitário portátil na praça e distribuiu panfletos acusando a Câmara Municipal de Lisboa e as várias juntas de freguesia da cidade de não considerarem os sanitários públicos gratuitos uma valência urbana essencial. Durante a tarde, houve cidadãos que pediram para utilizar (e usaram) o sanitário improvisado.
Cafés "fazem de serviço público"
Da mesma forma que, no final do ano passado, a Infraestrutura Pública defendia que o espaço que a cidade oferece para estar e sentar não deve ser exclusivamente dependente do sector privado (como cafés e esplanadas), a nova acção de protesto assenta no mesmo princípio. “Queremos casas de banho que não estejam associadas a espaços de consumo. As dos cafés, que não as trancam à chave, fazem de serviço público – o serviço que as juntas de freguesia, as responsáveis, não nos dá. A falha desta infraestrutura no nosso dia-a-dia é um problema de saúde, igualdade, circulação – fazem parte do direito ao espaço público”, lê-se na página de Instagram do grupo de cidadãos.
O colectivo alega, também, que algumas casas de banho da cidade, ainda que activas, “estão com más condições, com portas fechadas, com horários reduzidos”. E prossegue na crítica: “A cidade ter WC para os seus cidadãos não é menos importante do que ter recolha de lixo, iluminação na via pública, parques infantis, esgotos, chafarizes. Dar isto não é um luxo nem caridade mas uma necessidade e obrigação.”
Após a iniciativa Pelo Direito a Sentar, iniciada pelo mesmo grupo em Setembro do ano passado, a Junta de Freguesia da Penha de França acabou por voltar a instalar as mesas e cadeiras que havia retirado da Praça Paiva Couceiro durante a pandemia na sua totalidade, na sequência do protesto. O colectivo classificou o acontecimento como “uma vitória do povo”.