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Há festa brava na ZDB

Escrito por
Clara Silva
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Brave, a nova festa da ZDB, quer desafiar fronteiras de género, classe ou raça com uma noite de diversidade musical. Abrimos-lhe o apetite para a noite deste sábado.

“In an age of fear, it’s time to get brave.” O apelo está lançado no anúncio da programação da Galeria Zé dos Bois (ZDB) e a altura não podia ser melhor para a Brave se consolidar no Bairro Alto.

A curadoria é de Syma Tariq e a ideia é juntar “artistas que não têm medo de fronteiras”. “Porque já lá vivem”, explica. A jornalista anglo-paquistanesa de 33 anos já era conhecida da casa e da noite alfacinha. Depois de se mudar de Londres para Lisboa, em 2013, teve a ideia de trazer uma nova noite para a cidade e foi assim que surgiu o projecto Waterfalls, que durou até 2016.

É difícil rotulá-lo porque nunca se limitou a um só género. Pelo contrário. “Provavelmente [as noites] reflectiram a minha fome de aventuras musicais e sonoras de lugares inesperados.” De Trash Kit, a banda favorita de Thurston Moore, a “uma rapariga marroquina desconhecida que transformava folk árabe em techno”, houve espaço para tudo, sobretudo para mulheres.

“Nunca anunciámos a festa como feminista, mas era óbvio o que estávamos a fazer”, conta. “Definitivamente chateámos alguns gajos da cidade que diziam: ‘Mas porquê só chamar mulheres? Por que não só chamar bons DJs?’ Fomos pioneiros no tipo de diversidade que vemos hoje na vida nocturna de Lisboa.”

A luta continua e a festa também. Enquanto as noites Waterfalls estão adormecidas – “talvez haja uma rave algures na floresta…” –, a Brave está mais viva que nunca.

A primeira edição aconteceu em Junho, também na ZDB, e juntou Bonaventure, Maria Chavez e Caroline Lethô. “Apesar de Lisboa ser um sítio relativamente tolerante em comparação com o resto da Europa e com outros lugares, é bastante claro que se traçam linhas no que diz respeito ao género, à classe, a identidades raciais”, explica. “Há muita música e trabalho de som a serem feitos a um nível global que reflectem esses tempos alarmantes em que vivemos. A Brave quer apoiar e mostrar esse trabalho.”

Neste sábado, a artista trans Odete é uma das protagonistas da segunda edição da Brave, com a música que só a própria consegue descrever na perfeição: “Sons de fundo de um funeral gravados num smartphone em mashup com samples de edifícios a ruir, beats que atravessam a história da música queer.”

Habituée do Ohm e do Berghain, em Berlim, a DJ e artista sonora Mo Probs é outra das confirmações do line-up, com um “set de shaabi acid e ‘cunty’ club”. Tal como Manara, DJ e produtora londrina, ligada às editoras Night Slugs e Fade To Mind.

Por fim, é a própria fundadora da festa, aqui com o nome de DJ Taxila, a subir ao palco do Aquário, ao lado de Blastah B2B, jovem produtor da Pontinha.

Galeria ZDB, Rua da Barroca, 59. Sáb,22.00. 6€

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