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Há mais Prado em Lisboa, agora em versão Mercearia

Escrito por
Catarina Moura
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Quando Marta entrou pela primeira vez neste edifício junto à Sé, já sabia que queria ter apartamentos turísticos nos andares superiores e uma mercearia ao rés-do-chão. Esta arquitecta e os sócios entraram por ali a custo: portas e janelas estavam tapadas com tijolo e lá dentro estava um autêntico matagal onde antes tinha funcionado a Conserveira Lisbonense. A tal mercearia já está pronta a encher de produtos há cerca de um ano, mas só agora abriu com o nome Prado Mercearia, cheia de fornecedores portugueses, alguns do restaurante com o mesmo nome que fica na porta do lado.

Fotografia: Manuel Manso

Os apartamentos receberam o nome de Lisboans (numa referência à Conserveira) e o restaurante que em Dezembro aqui abriram com António Galapito a chefiar a cozinha chamou-se Prado (numa referência ao tal matagal). Na mercearia onde Carlos Duarte e Marta Soares atendem os fregueses vendem-se agora produtos dos fornecedores do restaurante – há os legumes e frutas entregues às terças, sextas e sábados pelo Hortelão do Oeste, Quinta do Poial ou Pomar do Principe, uma variedade considerável de enchidos de porco preto da salsicharia estremocense SEL, o café da Café da Fábrica - Coffee Roasters, e uma selecção de vinhos biológicos, naturais e biodinâmicos feita com a sommelier do Prado, Maria Rodriguez.

“Acabamos por fechar assim o circuito: as pessoas às vezes compram aqui alguma coisa que provaram no restaurante e gostaram muito, ou acabamos por abastecer os hóspedes que querem uma granola para o pequeno-almoço ou que viajaram com a sua cafeteira e querem café moído. Há muita gente a fazer isso”, ri-se Marta que, apesar da ligação directa ao alojamento turístico não quer ter uma mercearia para turistas. Conta que as pessoas que moram pela zona da Sé já precisavam de uma mercearia de bairro e esta parece estar um nível acima das que servem só para desenrascar aquele pacote de leite ou os ovos que faltam em casa. Também há aqui disso – o leite é Vigor e os ovos, de uma senhora com uma pequena produção em Sintra – mas há uma selecção de queijos jeitosa, a começar pelo de cabra de Adolfo Henriques, o melhor vinagre português premiado Moura Alves, os chocolates da Feitoria do Cacau, em Aveiro (ficaram em lista de espera até poderem ser fornecidos por esta pequena empresa), ou as conservas de atum albacora Azor Concha, feitas à mão.

Fotografia: Manuel Manso

Produtos gastronómicos convivem com outros mais quotidianos, como o chocolate Pantagruel, o grande frasco de rebuçados peitorais e de sombrinhas da Regina, os cereais e leguminosas a granel e os produtos processados pela própria mercearia ou em parceria com a cozinha do restaurante vizinho – para não desperdiçar frescos que estão a ficar tocados e provavelmente não vão ser vendidos. Podem comprar-se por isso pickles com o rótulo Prado, como os de manga e malagueta (4,50€), e o mesmo com compotas ou geleias como a de laranja e canela (3,50€). As receitas estão sempre a mudar com os frescos da época, explica Marta Soares ao balcão enquanto pesa um saquinho de granola feita também pela casa. Pegaram em aveia, flocos de côco, sementes de girassol, de chia, sésamo e linhaça, cajus e avelãs – tudo coisas que estão em grandes frascos de vidro nas prateleiras desta mercearia com clara inspiração nas antigas. Juntaram-lhe mel, torraram e vendem agora ao peso (200g, 3,50€).

Sandes do dia
Fotografia: Manuel Manso

Ao balcão também se come a sandes do dia, com os queijos e enchidos que estão abertos para prova, um pesto ou uns vegetais assados que se fizeram para aproveitar novamente os frescos (3,20€). A acompanhar, um copo de vinho fresco, ou uma das cervejas artesanais que também estão pelo frigorífico a postos para refrescar a tarde.

Tudo o que está aqui foi desenhado pelos três sócios — Marta, Isaac e Tânia — que trabalham em arquitectura e design e que só querem ter agora tempo para finalizar as etiquetas dos preços e outros pequenos pormenores. Foi o que ficou para o fim depois de um ano em stand by e pesquisa intensa por produtores de todo o tipo, especialmente para produtos que adoram, como a muxama (da Campos Santos) ou as estrelas de figos.

Rua das Pedras Negras, 37 (Sé). 91 774 6768. ter-sáb 9.00-20.00.

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